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Berardo: "Estou a pensar seriamente em emigrar, até pedi residência noutro país"

Joe Berardo e Francisco José Viegas têm estado em disputa acesa por causa da Colecção Berardo. A troca de palavras tem sido intensa. Hoje, em entrevista ao "Público", Berardo garante que não tem os quadros dados como garantias em empréstimos e diz que não vende a colecção. Mas volta a atirar-se ao secretário de Estado da Cultura

27 de Março de 2012 às 10:15
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Joe Berardo vem hoje, em entrevista ao "Público", contrariar as declarações de Francisco José Viegas, que na semana passada esteve no Parlamento, onde garantiu não dever nada a Joe Berardo e sugeriu que o Museu Berardo tinha de deixar de ser de entrada gratuita. Reiterou, aos deputados, que o Estado não vai exercer o direito de compra da Colecção, nem agora nem em 2016 quando termina o acordo.

No entanto, o investidor, dono da Colecção que está exposta no Centro Cultural de Belém, tem visão diferente: o Estado deve-lhe 500 mil euros. E a Colecção é para ser de acesso a todos.

"Não é verdade que eu queira vender, não é verdade que ele [Francisco José Viegas, pelo Estado] não está a dever dinheiro. Tenho uma carta da ex-ministra [Gabriela Canavilhas] em que diz que antes do fim do segundo semestre [2011] seriam entregues 500 mil euros em falta. Portanto, Viegas não me deve dinheiro, a Secretaria de Estado da Cultura deve", garantiu Berardo ao jornal. Berardo garante que ainda não reuniu com Francisco José Viegas. "Eu sei que ele é um homem muito ocupado [risos]".

E as críticas a Francisco José Viegas continuam. "Outra coisa que ele disse no Parlamento foi que já chegava de promover o nome Berardo à custa do Estado (...). Eu não preciso de ajuda! Quando voltei foi para ajudar Portugal, não o contrário. Talvez queiram chamar ao museu Francisco José Viegas, Pedro Passos Coelho, em vez de Berardo? Há uma lei, se a querem mudar, que se sentem [comigo], olhos nos olhos". E continua: "o PSD nunca foi um partido de apoio à Cultura". Mas berardo garante que "para mim a cultura não é um negócio, nunca foi".

E garante que não tem qualquer obra hipotecada nem dada como garantia, mas questiona: "o que é que tem a ver com ele? (...) É a mesma coisa que eu tenha uma fábrica, aluga-lha a si, mas tenho-a como bond. E então? Não tem nada a ver".

Por isso, diz estar fora de questão vender a colecção. "Mais valia dar-me um tiro. Esta colecção é para melhorar a cultura portuguesa". "Eu tenho mais de 40 mil peças em diferentes colecções só em Portugal, nunca vendi uma, nem das caixas de fósforos".

Mas garante que tem ofertas para a Colecção. "Tenho tido valores fenomenais. Mas eu não quero vender". O acordo com o Estado vigora até 2016. "Seis meses antes vamos decidir". E acrescenta: "Ele [Viegas] disse que nem agora nem em 2016 o Governo vai exercer o direito [de compra]. Pensa que vai haver uma revolução e ficar no pode até 2016?! Espero que não fique, senão a Cultura vai acabar". "Não é este Governo que vai decidir. Até pode ser que nessa altura Portugal já se chame 'província de Espanha'". Mal impressionado com a situação nacional, Berardo diz mesmo que "estou a pensar seriamente em emigrar, até pedi residência noutro país. Mas a minha colecção fica cá". Não diz qual foi o país.

Berardo diz querer manter a colecção em Portugal, porque neste país é única. "Eu empresto a colecção , vocês emprestam as paredes", por isso, "se querem cobrar renda pelo prédio, então pagam aluguer pela colecção".
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