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Atentado na Suécia? Estocolmo quer explicações de Trump

No sábado, Donald Trump referiu-se a um alegado incidente de segurança envolvendo refugiados na Suécia que não terá existido. Agora, Estocolmo quer explicações formais da presidência norte-americana.

Reuters
19 de Fevereiro de 2017 às 17:59
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A embaixada sueca nos Estados Unidos quer saber o que quis Donald Trump dizer este sábado quando, durante um comício na Flórida, sugeriu que tenha existido um incidente de segurança na Suécia no dia anterior, quando não há até ao momento notícia de que tenha havido algum acontecimento do género.

"Colocámos hoje [domingo] a questão ao Departamento de Estado. Estamos a tentar clarificar," disse à Reuters a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco, Catarina Axelsson.

O pedido de esclarecimentos chega horas depois de o presidente norte-americano se ter dirigido a apoiantes referindo-se à necessidade de manter a segurança nos Estados Unidos e exemplificando com a ocorrência de ataques terroristas em países europeus, como a Alemanha, e afirmando que tal também tinha acontecido nas últimas horas na Suécia.

"Vejam o que está a acontecer na Alemanha. Vejam o que aconteceu ontem à noite na Suécia. (...) Na Suécia. Alguém acreditaria nisto? Suécia. Eles receberam-nos [refugiados] em grande número. Estão a ter problemas como nunca pensaram ser possível," apontou.

As declarações de Trump deixaram os suecos estupefactos, já que não existe notícia de que tenha havido recentemente incidentes que possam ser relacionados com refugiados no país. Nas redes sociais, o espanto repetia-se, com os utilizadores a criarem uma hashtag específica, #LastNightInSweden (#OntemàNoitenaSuécia), para ridicularizarem a situação.

O antigo primeiro-ministro sueco, Carl Bildt, chegou mesmo a questionar: "O que terá estado Donald Trump a fumar".


Na mesma rede social, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Margot Wallstrom, deixou uma publicação, intitulada "Face a determinadas circunstâncias", que, segundo a Reuters, parece dirigida ao presidente dos EUA. Isto porque reproduz parte de um discurso que fez recentemente no parlamento sobre o tema da "pós-verdade", em que pedia para que se respeitassem os factos, a ciência e os meios de comunicação social para que a democracia e a cooperação construtiva entre estados possa funcionar.


As declarações de Trump surgem poucos dias depois de uma responsável da Casa Branca, Kellyanne Conway, se ter referido a um atentado que nunca existiu, em Bowling Green, para justificar as medidas de segurança para impedir a entrada de imigrantes no país.

Neste caso, dois iraquianos que viviam naquela cidade do Kentucky tinham entrado como refugiados nos EUA em 2009. Foram detidos em 2011 e condenados dois anos depois a penas de prisão que oscilaram entre os 40 anos e pena perpétua, sob a acusação de tentarem obter armamento para a al Qaeda no Iraque.


Embora se tratasse de terroristas que nunca deviam ter entrado no país, não planeavam um ataque em solo americano nem mataram ninguém naquela cidade do Kentucky, facto que Conway veio mais tarde a reconhecer.

De acordo com a Lusa, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, falou também por três vezes numa semana no atentado de Atlanta (no Estado da Geórgia), antes de se lembrar que o mesmo tinha na verdade acontecido em Orlando, na Flórida.

E há quase duas semanas o próprio presidente referiu-se às ameaças terroristas para acusar os média de, deliberadamente, não quererem dar a conhecer os ataques ao público. A Casa Branca viria a divulgar uma lista de ataques que Trump disse não terem merecido a devida cobertura jornalística. São 78, no período compreendido entre Setembro de 2014 e Dezembro de 2016, sendo que 13 deles ocorreram em solo dos EUA e cerca de três dezenas tiveram a Europa como palco.

Incidentes largamente reportados na Europa (sobretudo os ocorridos no Velho Continente), mas que a administração Trump sustenta que não tiveram igual eco junto da imprensa norte-americana.
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