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O “filme” dos Óscares de 2016

Holofotes ligados, segurança apertada, polémicas, estrelas, câmara, acção! Está tudo a postos para a 88.ª edição dos Óscares. As semanas que antecederam a cerimónia davam um filme, mas é este domingo que tudo se decide: quem levará para casa a estatueta dourada de quase quatro quilos?

'Argo' e 'Vida de Pi' foram os grandes vencedores da última edição dos Óscares
Reuters
Inês F. Alves inesalves@negocios.pt 28 de Fevereiro de 2016 às 10:00

É Chris Rock quem vai fazer as honras na 88.ª edição dos Óscares. Uma noite de "glamour", onde se celebra o melhor do cinema, mas que este ano esteve envolta em várias polémicas. Do boicote proposto pela mulher de Will Smith, ao extravagante saco de prendas que fez a Academia perder as estribeiras, e, claro, a pergunta que não quer calar e que já deu origem, até, a jogos: É desta DiCaprio?

O Dolby Theatre, no coração de Hollywood, recebe este domingo o mais importante evento anual de cinema, e a segurança é apertada depois dos atentados de Paris e de San Bernardino.

Escrevia o Deadline Hollywood a 23 de Fevereiro que o local estará a ser guardado por centenas de oficiais, membros da equipa de intervenção SWAT, funcionários de uma empresa de segurança privada e cães-polícia. Além disso, estarão instalados detectores de metais, equipamento de vigilância sofisticado, e todas as viaturas a entrar no recinto serão revistadas.

A polícia de Los Angeles vai trabalhar em conjunto com a empresa de segurança contratada para o evento. "Haverá uma presença muito visível de oficiais, e os pontos de revista serão montados", disse Horace Frank, comandante do departamento anti-terrorismo e operações especiais da polícia de Los Angeles, salientado também a extensa rede de câmaras de vigilância montadas no recinto.

O oficial reconheceu que, "do ponto de vista mediático, este evento é maior que os Globos de Ouro ou os Grammys", existem não só "mais pessoas a ver", como "mais pessoas a comparecer no evento". "Queremos certamente tomar todas as medidas apropriadas e razoáveis para garantir um ambiente seguro para todos os que vierem ao evento ou assistirem", disse.

E são muitas as estrelas esperadas, não fosse este o maior evento cinematográfico do ano. Além dos nomeados – entre os quais Matt Damon, Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Cate Blanchett, Jennifer Lawrence, Kate Winslet, entre muitos outros – é extensa a lista de convidados para actuar na cerimónia ou para apresentar os vencedores deste ano. Morgan Freeman, Julianne Moore, Whoopi Goldberg, Lady Gaga, Pharrell Williams, Sam Smith e o vice-presidente norte-americano Joe Biden são apenas alguns dos ilustres cuja presença já está confirmada.

#OscarsSoWhite ou #OsOscaresSaoTaoBrancos

Mas este ano falar de quem vai, é quase tão importante como falar de quem não vai. Em causa está o boicote promovido por Jada Pinkett Smith, esposa do actor Will Smith. A polémica estalou logo após o anúncio dos nomeados para os Óscares deste ano, entre os quais não há qualquer actor ou realizador negro, um tema caro para muitos que consideram que a indústria cinematográfica não é plural o suficiente.

Numa série de publicações na rede social Twitter, a actriz deixou críticas à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelos Óscares. "Nos Óscares… as pessoas de cor são sempre bem-vindas para entregar prémios… até entreter. Mas raramente são reconhecidas pelos seus méritos artísticos. Devem as pessoas de cor deixar de participar, de todo, na cerimónia? As pessoas podem apenas tratar-nos da forma que nós permitimos. Com muito respeito misturado com um profundo desapontamento", escreveu a 16 de Janeiro.


Dois dias antes, o próprio Wall Street Journal escrevia que filmes como "Straight Outta Compton", bem recebido pela crítica e com actores afro-americanos, e "Creed", realizado por Ryan Coogler e com Michael B. Jordan no principal papel, tiveram "de se contentar com nomeações menores [para os Óscares]". As nomeações deixaram de fora também Idris Elba, que chamou à atenção pelo seu desempenho em "Beasts of No Nation", "Will Smit", que impressionou em "Concussion", e Benicio Del Toro, aclamado pelo papel em "Sicario".

A indignação materializou-se nas redes sociais, dando origem à hashtag #OscarsSoWhite (Os Óscares são tão brancos, em tradução livre).

Cheryl Boone Isaacs, presidente da Academia, reagiu à polémica através de um comunicado, citado pelo Hollywood Reporter. A responsável começou por "reconhecer o trabalho extraordinário" dos nomeados deste ano, mas assumiu que a questão da diversidade "é uma discussão difícil, mas importante, e que é tempo para grandes mudanças". Cheryl Boone Isaacs salientou o trabalho que tem vindo a ser feito pela organização, e comprometeu-se a continuar a trabalhar no sentido de garantir maior diversidade nos prémios.

Viagens, plásticas, marijuana e um brinquedo sexual

E quando o tema é "polémica", esta foi a mais grave, mas não a única nesta edição dos prémios do cinema. Os luxuosos e extravagantes sacos de prendas – ou prémios de consolação para os nomeados – voltaram a estar na ribalta e pelos piores motivos.

No passado dia 16 de Fevereiro, a Academia processou a Lash Fary, também conhecida como Distinctive Assets, que monta o saco de prendas não oficial para os nomeados. Sob o slogan "Todos ganham nos Óscares", o saco de prendas tem este ano ofertas no valor de 200 mil dólares (cerca de 181 mil euros), escreve o Examiner. A prenda inclui um ano de aluguer de um Audi A4, uma viagem a Israel no valor de 55 mil dólares (cerca de 45 mil euros), um pacote de cirurgias plásticas, um vaporizador de marijuana, e até um brinquedo sexual.

Os presentes mais inusitados fizeram a Academia avançar para tribunal contra a empresa, isto depois de esta ter abordado a Distinctive Assets sobre o tema no ano passado e ter tornado claro que a sua iniciativa não tinha qualquer filiação com a Academia.

"O uso continuado da marca registada da Academia pela Distinctive Assets não apenas transgride os requisitos da marca da Academia, como também afecta o carácter distintivo da famosa marca registada da Academia e denigre a sua boa-vontade", pode ler-se no processo. A queixa cita ainda "a natureza pouco saudável dos presentes contidos no saco".

Escreve a Variety que em 2006 a Academia entrou em negociações com o Fisco e acordou pagar os impostos relativos aos sacos de prendas oficiais oferecidos até então, tendo descontinuado a prática a partir daí. Outras empresas ocuparam o espaço deixado pela Academia, incluindo a Distinctive Assets.

Ainda no âmbito da polémica em torno dos presentes não oficiais da Distinctive Assets está a viagem a Israel, com duas organizações sedeadas nos EUA - US Campaign to End the Israeli Occupation eJewish Voice for Peace - a apelar aos nomeados para que não a realizem. Em causa está o conflito israelo-palestiniano. As organizações consideram que estas ofertas se tratam de "uma estratégia de marca de Israel para desviar as atenções de quase 50 anos de ocupação ilegal do território palestiniano".

DiCaprio, o eterno nomeado

DiCaprio venceu na categoria de Melhor Actor Principal dos Bafta e nos Globos de Ouro deste ano.
DiCaprio venceu na categoria de Melhor Actor Principal dos Bafta e nos Globos de Ouro deste ano. Reuters

Fora as polémicas, há uma expectativa especial quanto aos Óscares deste ano, nomeadamente sobre o vencedor da categoria de Melhor Actor Principal. Leonardo DiCaprio é um dos nomeados, sendo esta a quinta nomeação enquanto actor para os prémios da Academia (conta com uma outra nomeação em 2013 pelo filme "O lobo de Wall Street", do qual foi produtor). Será que é desta? Uns mais crentes, outros menos. O certo é que as redes sociais se encheram de publicações sobre o tema.

DiCaprio está nomeado pelo papel desempenhado no filme "The Revenant" (O Renascido), filme que conta com 12 nomeações este ano para várias categorias, entre as quais, a de Melhor Filme e Melhor Realizador.

O actor concorre com Bryan Cranston (Trumbo), Matt Damon (Perdido em Marte), Michael Fassbender (Steve Jobs) e Eddie Redmayne (A Rapariga Dinamarquesa). Enquanto se aguarda pelo anúncio da decisão da Academia há tempo para jogar o "Leo’s red Carpet Rampage", um jogo online onde o actor persegue o Óscar pela passadeira vermelha. Se preferir pode sempre ver como foi o seu ano em filmes ou tentar prever os vencedores no Desafio Oficial dos Óscares.

A cerimónia marcada para este domingo, 28 de Fevereiro, começa a ser transmitida às 17:14 em Los Angeles, ou seja, à 01:14 de 29 de Fevereiro em Portugal continental. Esta será transmitida pela ABC.

A estatueta
O tio Óscar
No final da noite, o que realmente interessa é quem vai sair com uma estatueta dourada nas mãos. O cavaleiro que segura uma espada de pé sobre uma bobine pesa quase quatro quilos e tem 33 centímetros de altura.
Até hoje foram entregues 2.947 estatuetas. Emil Jannings foi o primeiro galardoado, tendo recebido a distinção de Melhor Actor pelo papel nos filmes The Last Command" e "The Way of All Flesh", em 1929.
Desenhados por Cedric Gibbons, director de arte da Metro-Goldwyn-Mayer, os galardões são produzidos pela Polich Tallix, sendo que a empresa leva cerca de três meses a produzir 50 estatuetas.
Oficialmente denominado Prémio de Mérito da Academia, é conhecido sobretudo pelo seu "nickname": Óscar, uma denominação oficialmente adoptada pela Academia só em 1939, mas pela qual já era amplamente conhecido desde 1934. Reza a história que tudo começou quando Margaret Herrick, bibliotecária da Academia e mais tarde directora executiva da instituição, disse que a estatueta lhe fazia lembrar o tio Óscar. E o nome pegou.
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