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INE revê em alta crescimento da economia para 0,9%
O Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou esta quarta-feira uma ligeira revisão em alta do crescimento homólogo do PIB de 0,8% para 0,9%. Ainda assim, é apenas metade daquilo que o Governo espera para a totalidade do ano (1,8%). Em cadeia, observa-se uma revisão idêntica, de 0,2% para 0,3%.
"O Produto Interno Bruto (PIB) registou, em termos homólogos, um aumento de 0,9% em volume no 2º trimestre de 2016 (taxa idêntica à observada no trimestre anterior)", escrevem os técnicos do INE. "O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu, passando de 1,7 pontos percentuais no trimestre precedente para 0,6 pontos, reflectindo sobretudo o crescimento menos intenso do consumo privado e a redução mais expressiva do Investimento."
No que diz respeito à procura externa líquida – exportações subtraídas das importações – o seu contributo foi de 0,2 pontos (tinha sido -0,7 no primeiro trimestre), o que traduz uma desaceleração mais forte das importações do que das exportações. Ou seja, a vertente externa ainda deu uma ajuda, mas o arrefecimento do consumo das famílias e a queda do investimento impediram um crescimento mais robusto da economia portuguesa.
Segundo os dados do INE, o consumo das famílias cresceu apenas 1,7% face ao mesmo trimestre de 2015, o que é a variação mais baixa desde o quarto trimestre de 2013. Este valor reflecte um variação mais modesta da compra de bens duradouros, como automóveis, que passou de 12,7% para 8,2%, entre o primeiro e o segundo trimestre. Além disso, a maior categoria do consumo privado, bens correntes não alimentares e serviços, avançou apenas 1% (também o mais baixo em quase três anos).
Quanto ao investimento, o INE já tinha assinalado que a quebra entre Abril e Junho tinha sido mais expressiva do que no arranque do ano. De facto, a formação bruta de capital fixo afundou 3,1%, depois de ter caído 1,7% no trimestre anterior. É difícil isolar uma só causa: o equipamento de transporte, que nos últimos três anos tem registado quase sempre variações de dois dígitos, cresceu apenas 4,9%, enquanto a construção – rubrica mais importante do investimento – caiu mais (passou -3,9% para -4,9%). As outras máquinas e equipamento também recuaram mais (-2,6% vs. 4,2%). O investimento em propriedade intelectual foi o único a dar uma ajuda, mas ainda está em terreno negativo (-3,9% vs. -0,7%).
Na relação com o exterior, as exportações de bens e serviços aumentaram 1,5%, depois de terem crescido 3,1% no trimestre anterior. As exportações de serviços – onde está o turismo – caiu 0,9%, enquanto a venda de bens ao exterior avançou 2,3%. As importações travaram ainda mais a fundo, de uma variação de 4,6% para 0,9% entre o primeiro e o segundo trimestre. A compra de serviços caiu 1,5%, enquanto as importações de bens cresceram 1,2%.
"Comparativamente com o 1º trimestre de 2016, as exportações totais aumentaram 1,3% em volume (variação em cadeia de 0,1% no 1º trimestre), enquanto as importações aumentaram 1,1% (1,0% no trimestre anterior)", refere o INE.