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Economia portuguesa arrefece e cresce 0,8% no arranque do ano

A economia portuguesa cresceu apenas 0,8% nos primeiros três meses deste ano, reflectindo um abrandamento já antecipado pelos analistas. A culpa, segundo o INE, é de uma forte desaceleração do investimento, assim como das exportações.

Miguel Baltazar
13 de Maio de 2016 às 09:33
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Segundo os dados publicados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o produto interno bruto (PIB) português registou uma variação de 0,8% no primeiro trimestre de 2016 em comparação com o mesmo trimestre de 2015. Se a análise for feita em cadeia, o PIB praticamente estagnou face aos três últimos meses do ano passado, avançando 0,1%.

Os técnicos do INE explicam que "a procura externa líquida registou um contributo mais negativo para a variação homóloga do PIB que no trimestre anterior, reflectindo a desaceleração das Exportações de Bens e Serviços". "A procura interna manteve um contributo positivo, próximo do verificado no trimestre anterior, observando-se um crescimento mais intenso do consumo privado, enquanto o investimento desacelerou significativamente, reflectindo a redução da Formação Bruta de Capital Fixo", pode ler-se no destaque.

Isto é, na vertente externa, as exportações arrefeceram e, internamente, o investimento (formação bruta de capital fixo) até terá caído em comparação com o mesmo trimestre de 2015. Este crescimento de 0,8% fica abaixo dos 1,3% do trimestre anterior. 

Quando a comparação é feita com os três meses anteriores - Outubro a Dezembro de 2015 - o PIB avança apenas 0,1%, devido também à contracção das exportações. Depois de no trimestre anterior ter crescido 0,2%, a economia está mais próxima da estagnação.

Estes resultados não são propriamente uma novidade, mas confirmam as expectativas mais pessimistas para este trimestre. Os economistas das universidades e bancos antecipavam variações homólogas entre os 0,8% e os 1,3% e, em cadeia, entre os 0,1% e os 0,3%. Em ambos os casos, acabou por ficar no valor mais baixo. 

Recorde-se que o Executivo de António Costa espera um crescimento anual de 1,8%. Uma meta que, para ser atingida, exige uma forte aceleração nos restantes três trimestres. O valor divulgado hoje pelo INE fica até abaixo em 0,1 pontos percentuais da previsão trimestral da Comissão Europeia, que aponta para 1,5% para a totalidade do ano.

Verificar se a economia está a acompanhar a previsão feita pelo Governo é importante, não só porque traduz uma actividade menos dinâmica com previsivelmente menos criação de emprego, mas também porque será decisivo para o cumprimento da meta de défice inscrita no Orçamento do Estado (calculado em percentagem do PIB).  

João Borges de Assunção, coordenador do NECEP (Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa) da Universidade Católica, apresentou a previsão mais pessimista. Esta segunda-feira, em declarações ao Negócios, antecipava que a economia deveria crescer 0,8% no primeiro trimestre, o que "adensa as dúvidas sobre a sustentabilidade e o ritmo da recuperação em curso". Ainda assim, admitia que a previsão do Governo ainda podia ser concretizada.

"Embora as estimativas pareçam ser globalmente fracas são consistentes com a continuação da recuperação da economia portuguesa", sublinha Borges de Assunção. Ou seja, "consideramos que pode ser apenas um compasso de espera e que se manifesta no adiamento de algumas actividades discricionárias como por exemplo o investimento".

Esta é apenas a previsão flash do PIB, não sendo ainda possível quantificar o impacto de cada uma das rubricas. A 31 de Maio serão publicados os resultados definitivos.

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