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Meta do Governo para crescimento do PIB muito difícil de alcançar

Os analistas contactados pela agência Lusa consideram que a estimativa anual de crescimento económico do Governo para 2016 será muito difícil de alcançar, caso se confirmem as suas previsões para o primeiro trimestre.

Bruno Simão/Negócios
12 de Maio de 2016 às 07:54
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De acordo com um conjunto de analistas contactados pela Lusa, a economia portuguesa deverá ter crescido, no primeiro trimestre, entre 0,1% e 0,5% em cadeia e entre 0,8% e 1,3% em termos homólogos, sobretudo devido à queda nas exportações.

 

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na sexta-feira a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais e, caso confirme um crescimento dentro destes intervalos, mesmo no melhor cenário, faz com que a estimativa anual de crescimento económico do Governo, de 1,8%, seja "pouco provável" e "muito difícil" de cumprir, admitiram os analistas à Lusa.

 

O departamento de Estudos do Montepio, que entre os contactados é o mais optimista, diz que um crescimento de 0,5% em cadeia no primeiro trimestre -- e nos restantes -- "não permitiria chegar à previsão do Governo".

 

O economista-chefe do banco, Rui Serra, diz que um crescimento em cadeia de 0,5% é compatível com um crescimento anual de 1,7% - a estimativa do banco e que fica abaixo da do Governo -, mas que "se por acaso o primeiro trimestre for mais" fraco, o Montepio "terá de rever em baixa a previsão para o conjunto do ano".

 

Também o departamento de estudos económicos e financeiros do BPI, que estima um crescimento económico de 1,3% em termos homólogos e entre 0,3% e 0,4% em cadeia, considera a previsão oficial do Governo, inscrita no Orçamento do Estado e reiterada no Programa de Estabilidade, "um pouco optimista".

 

"Se se concretizar a desaceleração que estamos à espera, ainda será mais difícil alcançar esse crescimento" de 1,8% previsto pelo executivo, disse à Lusa a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho. O banco tem uma previsão para o ano de 1,6%, que já é abaixo da do Governo, e que "mesmo assim tem riscos de poder ser mais baixa".

 

Também o Grupo de Análise Económica do ISEG, que prevê um crescimento em cadeia de 0,3% e homólogo de 1,1%, afirma que será "muito menos provável" que o Governo possa atingir a sua meta.

 

"Significaria que teríamos de ter trimestres com crescimentos claramente superiores a 1,8% [em termos homólogos], fica um resultado bastante mais difícil de atingir", afirmou o professor António da Ascensão Costa.

 

O grupo do ISEG estima que a economia cresça 1,6% no conjunto do ano, uma previsão que já foi revista em baixa, devido também à estimativa "abaixo da média" para o primeiro trimestre.

 

Por sua vez, o Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica, que tem a estimativa mais pessimista para o primeiro trimestre -- de um crescimento em cadeia de 0,1% e homólogo de 0,8% - afirma que a estimativa do Governo "é optimista, mas não irrealista".

 

"Ela é possível. Mas talvez fosse mais prudente ao Governo escolher uma previsão mais próxima do que fazem as instituições oficiais. Seria mais prudente, mas não significa que seja impossível", disse à Lusa, João Borges da Assunção, o coordenador do NECEP, que tem uma estimativa de crescimento anual de 1,3%.

 

O Governo prevê um crescimento económico de 1,8% este ano, estimativa que inscreveu no Orçamento do Estado para 2016 e que manteve com a apresentação do Programa de Estabilidade. Esta meta tem sido considerada optimista, ficando abaixo das estimativas das principais instituições financeiras internacionais e nacionais: a Comissão Europeia e o Banco de Portugal antecipam que o PIB português cresça 1,5%, enquanto o Fundo Monetário Internacional prevê que avance 1,4%.

 

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