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Catroga: "O Sporting faz-me lembrar um bocado a economia portuguesa"

O ex-ministro das Finanças teme que a recuperação da economia não seja tão sustentada “quanto desejaria”.

10 de Dezembro de 2013 às 17:43
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Eduardo Catroga esteve na conferência anual da ASFAC (Associação de Instituições de Crédito Especializado) para perspectivar o ambiente económico do próximo ano. O professor começou por comparar os sinais de recuperação da economia com o clube que, este ano, lidera a Liga Portuguesa de Futebol.

 

"O Sporting faz-me lembrar um bocado a economia portuguesa", ironizou. “Depois de ter tido um grande AVC, de ter estado nos cuidados intensivos, passou para o recobro e depois para alguma recuperação”, acrescentou o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva.

 

Catroga teme que a retoma da economia portuguesa, nos últimos meses, “ainda não seja tão sustentada quanto desejaria”. Para o antigo ministro, estamos a fazer três tipos de ajustamento: ajustamento das contas públicas, das contas externas e do modelo de crescimento.

 

“Temos feito progressos no ajustamento das contas externas, temos feito alguns progressos no reforço da capacidade competitiva de das nossas empresas e as empresas têm feito um bom progresso no domínio das exportações”, realçou Eduardo Catroga que referiu também “alguns sinais de recuperação do investimento”.

 

“Mas o processo de ajustamento que está mais atrasado é o das contas públicas, temos que caminhar para uma despesa pública total entre 70 e 73 mil milhões de euros, porque atingimos 89 mil milhões de euros em 2010”, avançou.

 

O objectivo do orçamento rectificativo de 2013 é de alcançar um total de 81 mil milhões de euros este ano e 78 mil milhões de euros, em 2014. “Como já o FMI disse, ainda temos 3 a 5 mil milhões de euros para reduzir além do objectivo de 2014”, adiantou.

 

Ora, “toda e qualquer contracção política orçamental restritiva, nas actuais condições, tem um efeito recessivo sobre a economia e esse efeito de queda da procura interna,  por via da contracção orçamental, só poderá ser compensado pelo aumento da procura externa líquida e aí é a grande duvida”.

 

Para Eduardo Catroga, o perfil “saudável” da retoma, e que deveria ser seguido, tem o primeiro motor nas exportações, a seguir no investimento e só depois no consumo.

 

“Ainda não vejo condições para a retoma do investimento privado, empresarial, nacional e estrangeiro e, portanto, receio que ainda infelizmente não tenhamos condições para que a economia dê o salto para caminhar para o nível que considero de retoma sustentada adequado”, ou seja, para um crescimento médio anual de 2%/3% ao ano, explicou Eduardo Catroga.

 

O antigo ministro sublinhou, contudo, que “a economia não é uma ciência certa e todas as previsões são falíveis”. “Deus queira que haja aqui um milagre e que efectivamente o ano de 2014 seja um crescimento de 0,8%”, como projectado pelo Governo, FMI e UE, concluiu. 

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