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FMI: Juros baixos não são da responsabilidade do Governo

Cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que a descida dos juros da República Portuguesa se deve à conjuntura internacional e não a factores internos.

Bloomberg
18 de Maio de 2015 às 16:34
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A descida dos juros tem sido um argumento usado pelo Governo - e rebatido pela oposição – para mostrar que tem feito um bom trabalho e que este caminho deve ser mantido. No entanto, o FMI considerada que as acções do Governo e o restante contexto interno tem pouca influência na evolução dos spreads da dívida pública portuguesa.

 

"A descida dos spreads do seu pico em Janeiro de 2012 foi determinada principalmente por factores globais e pan-europeus, uma perspectiva apoiada por várias abordagens aos dados", pode ler-se num dos anexos do artigo IV sobre Portugal, do Fundo Monetário Internacional.

 

Esta análise faz parte de um pequeno estudo apresentado pelo Fundo no seu relatório sobre a economia portuguesa. Nele, os técnicos do FMI explicam que Portugal beneficiou de um contexto internacional favorável nos anos que antecederam a crise, o que mascarou as dificuldades internas dos País. A explosão da crise financeira de 2008 trouxe uma degradação das condições de financiamento que seria agravada com a crise da Zona Euro. Esta segunda vaga negativa já seria impulsionada pelo impacto de factores internos.

 

"Factores globais compensaram o aumento das pressões específicas de cada país nos spreads [da dívida pública] no período anterior à crise, escondendo a acumulação de desequilíbrios. A turbulência financeira mundial provocou um pico dos spreads em 2009, mas um desempenho económico negativo levou à subida dos spreads ao longo da crise da dívida europeia", acrescenta o FMI.

 

Essa é a fase da degradação dos spreads. E quando eles recuperam? O FMI diz que, mais uma vez, o que Portugal faz pouco efeito teve nos mercados. "A recente redução dos spreads foi motivada por factores globais. Factores locais melhoraram desde o final de 2011, liderados pelos progressos no saldo externo, mas são apenas responsáveis por 14% da descida dos spreads", estimam os técnicos de Washington. "A melhoria dos factores globais explica 65% da descida."

 

Outras métricas citadas pelo FMI atribuem 80% e até 90% da responsabilidade pela descida dos spreads portugueses a esses factores externos. 

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