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Bicicletas de Lisboa não compensam se demorar mais de meia hora até ao trabalho

Quem comprar passes mensais ou anuais para andar nas bicicletas de Lisboa terá de pagar, todos os meses, um valor que estará limitado a quatro ou oito euros pela primeira meia hora de viagem. Se demorar mais que isso, os valores disparam para 48 euros.

Gira
26 de Outubro de 2017 às 16:33
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O Gira, sistema de bicicletas partilhadas de Lisboa, que é gerido pela EMEL, foi lançado oficialmente no mês passado, na zona do Parque das Nações, depois de cerca de três meses de testes no mesmo local. Foi anunciado que os passes anuais custarão 25 euros e os mensais ficarão por 15 euros, e que o bilhete diário custará 10 euros, sendo por isso especialmente concebido para turistas, que terão de prestar uma caução de 300 euros quando levantarem a bicicleta.

 

Mas o preço do passe não será o único custo que os utilizadores do Gira que queiram pedalar pela cidade vão ter. Isto porque, a partir de 1 de Janeiro do próximo ano, vai começar a ser cobrado o primeiro período de utilização da bicicleta. No caso dos passes, esse primeiro período é de meia hora (30 minutos), e de uma hora no bilhete diário.

 

Até final do ano, esse primeiro período é gratuito. No início do próximo ano, começará a ser cobrada uma tarifa de 10 cêntimos por cada meia hora de utilização de uma bicicleta convencional e 20 cêntimos pelo mesmo período em bicicleta eléctrica. Este valor terá um tecto máximo: quando forem atingidas 40 viagens, o primeiro período de utilização passa a ser "gratuito".

 

O que significa que, se for de bicicleta todos os dias trabalhar (em regime de ida e volta), nunca pagará mais do que quatro euros de tarifa pelo primeiro período de utilização (ou oito euros, caso opte por fazer a viagem em bicicleta eléctrica). Se fizer uma utilização mista, o valor mensal oscilará entre estes dois montantes. Porém, só o primeiro período de utilização é que é gratuito após 40 viagens. As "tarifas dos períodos subsequentes" continuam a aplicar-se, lê-se nos Termos e Condições.

Isso significa que, se no seu trajecto entre casa e escola ou casa e emprego demorar mais de 30 minutos, e até uma hora, terá de pagar também a tarifa do segundo período de utilização, de um euro. E, pressupondo que utilizará a bicicleta o mês inteiro, pagará, por 22 dias, uma mensalidade de 48 euros: 44 euros da tarifa do segundo período (seja uma bicicleta convencional ou eléctrica) e quatro euros pelo primeiro período. Caso só utilize bicicleta eléctrica, o custo mensal é de 52 euros.

 

Ainda que estes valores sejam exagerados, tendo em conta que o passe mensal dos transportes públicos na cidade custa 36,20 euros por mês, o objectivo da EMEL é precisamente evitar que se pedale durante demasiado tempo. As tarifas "têm como objectivo promover a utilização do sistema para viagens pendulares (casa-trabalho ou casa-escola), tipicamente de curta duração, por oposição às viagens de lazer", lia-se no comunicado enviado no mês passado.

 
Gira é perfeito para quem vive no centro

O problema é que nem todas as pessoas moram a menos de meia hora de distância do seu posto de trabalho ou da escola. Há muitos factores que influenciam o tempo de viagem: a experiência e forma física do utilizador, o estado das vias, o estado do tempo e, muito importante em Lisboa, a orografia da cidade, com declives acentuados em algumas zonas. Já por isso, aliás, é que dois terços das 1.410 bicicletas disponibilizadas têm assistência eléctrica.

 

Assumindo uma velocidade média de 14 quilómetros por hora – que é, numa cidade congestionada como a capital portuguesa, uma estimativa muito optimista – seria possível percorrer sete quilómetros em meia hora, ainda antes de se iniciar a contagem do segundo período. Assumindo que é possível pedalar ininterruptamente, sem parar em semáforos, por exemplo, sairá mais beneficiado quem viver no centro da cidade, uma vez que consegue chegar a praticamente todo o concelho.

 

Já quem vive em Belém consegue, num espaço de meia hora, chegar até ao Terreiro do Paço. Morando no Parque das Nações, seria possível chegar até Alfama. Um residente no Lumiar, poderia, em teoria, chegar até à praça dos Restauradores – uma vez mais, supondo que se conseguiria pedalar de forma contínua e sem ter de ultrapassar declives.

 

É possível, claro, estacionar a bicicleta na doca antes do final da primeira meia hora e voltar a pegar nela para a meia hora seguinte. Dessa forma não se pagaria o segundo período, mas dois primeiros períodos – em vez de 1,10€, apenas 20 cêntimos. Mas para o fazer teria de aguardar 15 minutos entre a entrega e o novo levantamento.

Bonificações podem baixar preço da mensalidade

 

O tarifário contempla uma série de bonificações que podem abater ao preço da mensalidade a pagar pela bicicleta: são atribuídos 10 pontos por cada viagem. Quando um utilizador atingir os 500 pontos, eles podem ser convertidos em um euro. Ou seja, só ao fim de 50 viagens. Será também premiada a deslocação de bicicletas para zonas mais concorridas. Se a viagem se iniciar numa estação com mais de 70% das docas (onde as bicicletas são estacionadas) ocupadas, serão atribuídos 100 pontos; sempre que a viagem terminar numa estação em que menos de 30% das docas estão ocupadas, serão igualmente atribuídos 100 pontos ao utilizador.

 

No fim de contas, os valores mensais até poderão ficar abaixo dos 48 euros referidos, mas apenas ligeiramente. O sistema Gira será especialmente útil para quem vive no centro da cidade e se quer deslocar para o centro. Para quem vive nas periferias poderá compensar mais comprar uma bicicleta.

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