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Lisboetas já compraram 5.000 passes anuais para andar nas bicicletas partilhadas
Desde o lançamento do projecto, e numa altura em que está ainda em fase de testes e de instalação em várias zonas da cidade, o serviço Gira já convenceu cinco mil ciclistas e as bicicletas já fazem, em média, quatro viagens cada.
Desde Setembro de 2017, data do lançamento, o serviço de bicicletas partilhadas de Lisboa, a Gira, já convenceu cerca de cinco mil pessoas, que adquiriram passes anuais, muito embora as bicicletas estejam ainda a ser instaladas em vários pontos da cidade. Além disso, em média cada bicicleta já faz, pelo menos, quatro viagens por dia.
O balanço foi feito esta terça-feira pelo Presidente da Câmara de Lisboa na sessão de lançamento do Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas. Fernando Medina, que falava da importância de adaptar os transportes e mobilidade na cidade às novas necessidades derivadas do problema das alterações climáticas, deu o exemplo do cruzamento da Avenida Duque de Ávila com a Avenida da República, uma das zonas mais movimentadas da cidade: Há um ano circulavam por ali 170 bicicletas em hora de ponta, hoje em dia são 480, metade das quais são do novo sistema de bicicletas partilhadas.
"A melhor prova de que está a mudar a utilização da bicicleta como meio de mobilidade é ver de manhã que as pessoas estão vestidas a andar de bicicleta como vão trabalhar e que este começa a ser um meio de mobilidade efectiva", acrescentou Fernando Medina.
O serviço de bicicletas partilhadas, promovido pela EMEL, conta actualmente com 400 veículos, a funcionar a partir de 40 estações. Dentro de algumas semanas, explica fonte oficial do município, a ideia é "alargar a rede, duplicando sensivelmente o número de estações e bicicletas de Telheiras até à Praça do Município".
O objectivo do projecto é chegar às 1.410 bicicletas (940 assistidas electricamente e 470 convencionais) em 140 estações: 92 no Planalto Central da cidade; 27 na Baixa e Frente Ribeirinha; 15 no Parque das Nações; e 6 no Eixo Central (que abrange as avenidas Fontes Pereira de Melo e da Liberdade).
Recentemente, outros estão também a entrar no mercado, seja também com bicicletas, seja com motos e carros partilhados. Fernando Medina garante que todos são bem-vindos e que "quanto mais sistemas de partilha existirem na cidade, melhor", porque "o futuro vai ser este".
"As alterações climáticas são um desafio do presente. Não são um elemento mais ou menos no domínio da ficção, mas uma realidade do presente" e, face ao "aumento da probabilidade da ocorrência de fenómenos climáticos extremos, temos duas escolhas: ou sofrer ou enfrentar o problema. É uma escolha política dos cidadãos, dos partidos políticos, das instituições", sublinhou Medina.
Lisboa, lembrou o autarca, enfrenta um problema preocupante por causa da predominância do uso do transporte individual em relação aos transportes públicos, apresentando uma das piores posições nas "grandes áreas urbanas desenvolvidas". Temos "50% das necessidades satisfeitas por transporte individual, quando em Paris são 15 a 17%", exemplificou. Hoje em dia, "o transporte individual não é um privilégio dos mais abastados, mas uma necessidade das classes médias baixas que não encontram nos transportes públicos alternativas".
O Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas, que agora foi lançado, vai debruçar-se sobre o tema da mobilidade, mas também sobre muitos outros em relação aos quais a Área Metropolitana de Lisboa apresenta vulnerabilidades, nomeadamente ondulação forte, causadora de galgamentos costeiros com consequências em habitações, equipamentos e infra-estruturas viárias; precipitação excessiva em períodos muito concentrados, provocando cheias e inundações; ventos fortes; e ondas de calor.
O Plano está inscrito no Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial da Área Metropolitana de Lisboa e com ele se pretende desenvolver uma estratégia que minimize os impactos das alterações climáticas na região, preparando a economia para as inevitáveis mudanças de contexto.