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Virgolino Faneca esteve na Universidade de Verão do Alforreca e do Agulha

Virgolino Faneca escreve a José Sardinha sobre a relevância de ter tido um Alforreca e um Agulha durante as férias para aumentar a sua cultura geral, assim como o perfil abdominal. É ler para perceber.

26 de Agosto de 2016 às 17:00
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Serve a presente para te informar que as minhas férias decorreram na normalidade, tendo por companhia o Alforreca e o Agulha, dois amigos que são uma autêntica enciclopédia do social. Foi por eles que descobri que um tal Bruno Cabrerizo, que namora uma tal Kelly Bailey, é um trintão brasileiro ex-jogador de futebol pouco habilitado que se transformou em actor e que a miúda de 18 anos é actriz e se conheceram numa novela criando a sua própria novela.

Quando lhes perguntei, mas, afinal, porque é que eles são figuras públicas, o Alforreca e o Agulha correram para a água, queixando-se do tórrido calor, e eu fiquei a cismar que eles não sabiam a resposta. Idiossincrasias minhas, porque sou desconfiado por natureza e um namoro entre um trintão e uma adolescente é uma coisa de alto coturno literário. Basta lembrar Almeida Garrett, que nos idos do século XIX casou com um miúda de 14 anos e depois, como esta o traiu, se amancebou com outra de 17 anos.

Quando o Alforreca e o Agulha regressaram do banho, para aí uma hora depois, porque a água parece ser o habitat natural deles, lembrei-lhes precisamente o caso de Garrett para fazer a ponte com o Cabrerizo, tendo sido brindado com um uníssono, ó Faneca isso é conversa de cota, não tem interesse nenhum, vamos mas é jogar Uno. E fui.

Derrotado pela insensibilidade do Alforreca e do Agulha e também no jogo, enfiei-me na minha concha meditativa, alimentando pensamentos profundos sobre a geringonça e o desassossego teatral da Catarina Martins, a Caixa Geral de Depósitos e o ziguezagueante comportamento governamental, e o encontro entre o Renzi, a Merkel e o Hollande para salvar a Europa, realizado num porta-aviões, que como se sabe é o primeiro barco a ir ao fundo no jogo da batalha naval. Estes devaneios cognitivos conduziram-me a lado nenhum, mas ainda assim insisti, porque por esta altura o Alforreca e o Agulha já me estavam a bombardear com as férias secretas da Cristina Ferreira em Ibiza, profusamente documentadas com fotografias altamente profissionais. E quando os confrontei com o facto de essas notícias serem incompatíveis com o significado etimológico da palavra segredo (coisa que não deve ser sabida por outrem), ainda tiveram o descaramento de comparar a situação à de Paulo Portas, que já não sendo líder do CDS/PP ainda parece que o é.

Vão mas é tomar banho e desamparem-me a toalha, vociferei. O Alforreca e o Agulha lá foram, não por serem obedientes, mas porque o mar estava mesmo a pedi-las, deixando-me de novo à procura de uma resposta convincente para justificar o facto de o Governo estar há quase um ano sem conseguir nomear um substituto de Carlos Tavares para a bolsa, que devia ser uma mulher, e agora querer impor quotas por sexo nas empresas cotadas, que é como quem diz, em casa de ferreiro espeto de pau.

O que vale é que o Alforreca e o Agulha me salvaram deste afogamento intelectual com as curvas exibidas por Cuca Roseta numa praia em Lagos, confirmadas pelas imagens consultadas através de um telemóvel. Nessa altura já nem me dei ao trabalho de perguntar, afinal, quem é Cuca Roseta.

Como vês, Sardinha, quem tem um Alforreca e um Agulha nas férias tem tudo. Até tempo para aumentar a sua cultura geral, assim como o seu perfil abdominal.

Sem mais, com um abraço assadinho deste que te estima,

Virgolino Faneca

Quem é Virgolino FanecaVirgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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