Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Momentos que marcaram os Jogos Olímpicos

Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro houve momentos de choro e de alegria. Momentos para recordar. E novos heróis. Anti-heróis também houve. O nadador Ryan Lochte simulou um assalto. No final, são, no entanto, os momentos de glória que ficam dos jogos. O Rio de Janeiro recebeu as olimpíadas em 2016, debaixo de muitas dúvidas e protestos. No final, o Brasil e o mundo renderam-se aos Jogos, mas sobretudo aos atletas.

Reuters
26 de Agosto de 2016 às 12:00
  • 1
  • ...
Uma "selfie" para a história
Uma coreana do Sul e uma coreana do Norte tiraram a foto para a posteridade. Hong Un-jong e Lee Eun-ju são ginastas, respectivamente, da Coreia do Norte e da Coreia do Sul, esqueceram por uns instantes a política internacional. O espírito olímpico venceu. A BBC escreveu mesmo ser pouco provável que Hong Un-jong enfrente problemas quando regressar à Coreia do Norte, já que Pyongyang tem preferido a "diplomacia do desporto" desde a década de 1980 e até equacionou, em alguns anos, enviar uma delegação comum com os vizinhos do Sul. Nunca aconteceu. A "selfie" deste ano das ginastas fica, ainda assim, para a história. Tal como, pelo lado negativo, fica a atitude do egípcio Islam El Shehaby, que não cumprimentou o adversário. O episódio que nega o espírito olímpico. Foi derrotado pelo atleta israelita, Or Sasson, a quem não estendeu a mão no final da luta. Não apertou a mão nem o cumprimentou. Foi, também por isso, vaiado pelo público que assistia ao combate de judo na categoria de +100kg.


Britânico veloz nos 5.000 e 10.000
Nasceu em África, na Somália, mas tem cidadania britânica. Mohamed Farah, aos 33 anos, foi o mais rápido nos cinco e 10 mil metros (apesar do tropeção a meio da corrida), no Rio de Janeiro, tal como já tinha sido em Londres. O futebol era o seu desporto de eleição, mas foi o atletismo que o celebrizou. Nascido em Mogadíscio, tem um irmão gémeo. Mas os pais tiveram de fazer uma escolha de vida para tomar a decisão de enviar três dos seis filhos para o Reino Unido. Segundo o Daily Mail, Mo separou-se do gémeo aos oito anos. Voltaram a ver-se muitos anos depois. O irmão vive na Somália. Mo Farah no Reino Unido. E é pelas cores deste país que corre. Em Londres, a medalha dos 10 mil metros foi conquistada ao norte-americano Galen Rupp (que nesses jogos e nessa categoria foi prata, e que no Rio conquistou o bronze na maratona, considerado também um feito). A conquista do ouro em Londres foi comemorada com o gesto que se celebrizou como Mobot, um "M" sobre a cabeça e que, segundo o The Guardian, foi sugerido por um apresentador de televisão. Nada mais.


Das favelas para o ouro 
Rafaela Silva, 24 anos, ganhou o ouro na categoria em que Telma Monteiro conquistou o bronze. A judoca (categoria -57 kg) nasceu na Cidade de Deus, uma favela no Rio de Janeiro - que ficou mais conhecida a nível mundial com o filme de Fernando Meirelles com o mesmo nome -, onde começou a fazer judo num projecto social. Mas, segundo as várias biografias publicadas sobre a atleta, Rafaela Silva gostava mesmo era do futebol, que jogava nas ruas da favela. Contudo, os pais queriam uma saída para Rafaela e para a irmã, Raquel, também judoca. Foi assim que o judo começou na sua vida, tendo, aos oito anos, entrado no Instituto Reação, projecto do medalhista olímpico Flavio Canto, onde, segundo a biografia no seu "site", treina até hoje duas a três vezes por dia. A eliminação nos Jogos de Londres, de 2012, por utilização de uma técnica ilegal, valeu-lhe duras críticas e acusações racistas no Brasil. No tapete, em Londres, Rafaela Silva chorou como uma criança. "Rafaela precisou de uma hora para se recuperar", relatou, então, o jornal O Globo. Melhor superação não podia haver. Logo em 2013 calou as críticas brasileiras ao sagrar-se campeã do mundo, na sua terra-natal. E é também no Rio de Janeiro que esta militar - terceiro sargento na Marinha do Brasil e integrante do Centro de Educação Física Almirante Nunes (CEFAN), do Departamento Militar Desportivo - sobe ao lugar mais alto do pódio. Foi mesmo a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos do Rio.


Atleta com mais medalhas
Michael Phelps voltou à competição para garantir no Rio de Janeiro que é o atleta mais medalhado de todos os tempos. Conquistou, este ano, cinco medalhas de ouro e uma de prata. O norte-americano ficou, assim, com um total de 28 medalhas, 23 de ouro. Depois dos Jogos de Londres, em 2012, Phelps retirou-se, rendeu-se à depressão, reabilitou-se e regressou às competições em 2014 - no mesmo ano em que foi detido, pela segunda vez (a primeira foi aos 19 anos), por conduzir em excesso de velocidade e sob o efeito de álcool - para conquistar o Brasil em 2016. Nascido em Baltimore, há 31 anos, o norte-americano partilhou atenções na piscina olímpica com o filho Boomer, nascido em Maio deste ano. Michael Phelps bateu todos os recordes, até um que tinha mais de dois mil anos. Ao vencer a 13.ª medalha de ouro em provas individuais, superou Leónidas de Rodes, da antiguidade, que tinha o recorde de 12 vitórias. Phelps falhou a 14.ª medalha individual nos 100 metros mariposa, ao ser derrotado pelo nadador de Singapura, Joseph Schooling, que confessou ser fã de Phelps e com quem tinha tirado uma fotografia em 2008, antes dos Jogos de Pequim. Agora, aos 21 anos, tem várias fotos com o seu ídolo, até no pódio onde subiu mais alto do que ele. Sem se saber, Pequim reuniu vários campeões. Foi nesses jogos que Phelps abraçou o campeão australiano Ian Thorpe, de quem se dizia fã. Agora, o herói é ele. Quem diria que aquele menino com défice de atenção, e que nos Jogos de Sydney (2000) ficou em quinto lugar nos 200 metros mariposa, chegaria aqui?


Foram batidos 73 recordes, menos do que os 109 de Londres 2012 e os 145 de Pequim 2008. 


Braçadas para a história
Uma surpreendida e entusiasmada nadadora acaba os 100 metros livres em primeiro lugar na piscina olímpica do Rio de Janeiro. É o normal. Mas nos jogos deste ano a situação era diferente. Simone Manuel fez história. E conquistou o coração dos americanos. Simplesmente Manuel na touca, a nadadora bateu o recorde olímpico nesta distância na natação feminina e conquistou o ouro ("ex aequo" com a canadiana Penny Oleksiak) que escapava, nesta categoria, aos Estados Unidos desde 1984. Mais do que isso, Simone Manuel foi a primeira nadadora negra a ganhar uma medalha na natação numa prova individual. E é isso que a torna histórica. A própria Simone Manuel sabe disso. "Penso que esta vitória ajuda a trazer esperança e mudança para alguns dos temas que hoje dominam o mundo, mas eu fui para a piscina, nadei o mais rapidamente que conseguia, e a minha cor apenas vem junto". E junto foi também a colega Lia Neal, com quem partilhou a medalha de prata na estafeta (4X100 metros) a quatro estilos, e com quem descomprime antes e depois das provas. "Ela é uma grande parte do meu sucesso", declarou Simone Manuel sobre Lia Neal. Mais um marco na história olímpica dos EUA. A estafeta dos 100 metros a quatro estilos teve, na equipa dos Estados Unidos, duas afro-americanas. E nestes Jogos foram duas as "Simone's" dos EUA que brilharam e ambas do Texas. Simone Manuel é de Sugar Land, na metrópole de Houston.


O mais medalhado do brasil
O país-anfitrião ficou em 13.º no "ranking" com 19 medalhas: sete de ouro, seis de prata e outras seis de bronze. Com heróis para todos os gostos. Mas a "torcida" vibrou mesmo com o ouro no futebol, conseguido pela concretização do pénalti de Neymar. A história destes Jogos para o Brasil é muito mais do que futebol. Maicon Siqueira, ex-pedreiro e ex-empregado de mesa, venceu inesperadamente no taekwondo. Thiago Braz também conquistou ouro, surpreendentemente, no salto à vara. E, na ginástica artística, Diego Hypólito conquistou a prata no exercício de solo. Mas foi o canoísta Isaquias Queiroz que garantiu um outro pódio, ao tornar-se no brasileiro com mais medalhas na mesma edição: foram duas de prata e uma de bronze, garantindo assim a escolha para porta-estandarte do Brasil na cerimónia de encerramento. De Ubaitaba, uma cidade de 20 mil habitantes, cujo nome significa "terra das canoas" no idioma indígena tupi, Isaquias, de 22 anos, contou, recentemente, os dois acidentes que teve na infância: a queimadura no fogão aos quatro anos e a queda de um muro que o fez perder um rim. "Traquinagem", comentou no programa de Jô Soares, a quem confessou ter feito uma aposta com o seu treinador: "Se eu ganhasse três medalhas, ficaria de férias até Janeiro".


Uma ajuda para memória futura
Nikki Hamblin, da Nova Zelândia, e Abbey d'Agostino, dos Estados Unidos da América, tropeçaram durante a prova de qualificação dos cinco mil metros. Caíram. Ajudaram-se. Levantaram-se. Choraram. "Vamos. Temos de acabar", gritou Abbley d'Agostino para Hamblin, que depois ajudaria a norte-americana, lesionada, a continuar. Não desistiram. Demoraram a concluir a prova. Mas o Comité Olímpico Internacional acabou por conceder a medalha Pierre de Coubertin à neo-zelandesa que passou a meta antes de Agostino, por quem esperou para o abraço final.A medalha Pierre de Coubertin já foi concedida por 17 vezes e, em nome do criador dos Jogos Olímpicos modernos, é atribuída a feitos heróicos, que honrem o espírito olímpico e o desportivismo. Tal como o gesto de Nikki Hamblin, que ajudou Abbley d'Agostino a levantar-se e a terminar a prova.


Vencer o cancro para ir aos olímpicos
Vencedor em dois campos. Santiago Lange chegou ao Rio de Janeiro para disputar os Jogos Olímpicos e ganhou na modalidade de vela Nacra 17. Fazendo equipa com Cecilia Carranza Saroli, a dupla garantiu o ouro para a Argentina nessa prova. O país teve três medalhas de ouro (vela, hóquei em campo e judo) e uma de prata, a de Juan Martín del Potro no ténis, tendo perdido a final parao britânico Andy Murray (que venceu os Jogos pela segunda vez consecutiva). Foi del Potro que eliminou o português João Sousa. O argentino não tem tido vida fácil na modalidade. Em 2009, depois de vencer o US Open, teve de ser operado ao pulso direito, obrigando-o a uma paragem de nove meses; em 2014, teve de ser submetido a uma cirurgia ao pulso esquerdo, e foi novamente intervencionado no ano seguinte mas a tempo de ir ao Rio de Janeiro conquistar a prata. Recuperação heróica foi também a que teve o velejador Santiago Lange, de 54 anos, e que participou pela sexta vez nuns Jogos. Em Abril de 2015, foi-lhe diagnosticado cancro, tendo sido operado, em Setembro, em Barcelona para lhe ser retirado metade do pulmão esquerdo. Em Dezembro, qualificou-se para as olimpíadas, onde acabou por ser o atleta medalhado mais velho. Os filhos, que competiam na vela classe 49er, assistiram à vitória.


Os olhos postos na menina-prodígio
Já se antecipavam grandes feitos para a ginasta norte-americana. Simone Biles saiu do Rio de Janeiro com quatro medalhas de ouro (por equipas, na geral individual, no salto e no solo) e uma de bronze (trave). Tem 19 anos. E foram os seus primeiros Jogos Olímpicos. A nota perfeita, a de 10 pontos, conseguida em 1976 em Montreal (Canadá) pela romena Nadia Comaneci, já não é possível (o sistema de pontuação foi revisto entretanto), mas a comparação com a melhor de todos os tempos é inevitável. A norte-americana de 1,45 metros e 47 quilos, nascida em Columbus, Ohio mas criada perto de Houston, no Texas, brilha na ginástica artística. Criada, tal como a irmã Adria, pelos avós, que as adoptaram - os pais não tinham condições devido à dependência do álcool e à droga -, tornava-se difícil aos agora pais cuidar de todos (já tinham dois filhos). Refugiou--se na ginástica, na qual se iniciou aos seis anos, tendo, desde os oito, Aimee Boorman como treinadora, uma segunda mãe, segundo a própria Biles. Boorman nunca tinha treinado uma ginasta de elite, segundo a NBC. Os pais (que na realidade são os avós) sempre a ensinaram a ser humilde. Mesmo ganhando campeonatos, chegava a casa e recebia o aviso: "somos a tua família, não os teus fãs. Não terás tratamento especial aqui", contou à Time, dizendo que a mãe sempre lhe deu um único conselho: "Sê a Simone". Um ensinamento recebido. "Não sou o próximo Usain Bolt, nem Michael Phelps. Sou a primeira Simone Biles". Também pela declaração, a sua presença no Rio ficou marcada.


Mais rápido que a própria sombra?
O gesto de atirador já é uma marca registada de Usain Bolt. O jamaicano garantiu, no Rio de Janeiro, três medalhas de ouro, as mesmas que já tinha conquistado em Pequim (2008) e em Londres (2012). Um triplete em três Jogos consecutivos nunca antes conseguido. E em velocidades - 100 e 200 metros - que não são habitualmente sinónimo de longevidade. Aos 29 anos, voltou a correr abaixo dos 10 segundos os 100 metros, superando o norte-americano Justin Gatlin, que esteve suspenso depois de ter acusado positivo num teste de controlo de "doping" em 2006, após ter conquistado o ouro em Atenas (em 2004, quando Francis Obikwelu conquistou prata para Portugal). Gatlin foi vaiado durante os Jogos do Rio, pelo mesmo público que vibrou com Bolt, enchendo o estádio quando o jamaicano fazia as provas. Ele retribuía com sorrisos, danças e boa disposição. O atleta, que fez 30 anos mesmo no dia do encerramento dos Jogos Olímpicos, é o mais bem pago no atletismo. Tal como muitos outros desportistas, iniciou-se em modalidades como futebol ou críquete, mas foi a velocidade que o tornou o melhor do mundo. Em 2014, as lesões marcaram a sua época desportiva, voltando em grande no ano seguinte. Mas, em Setembro de 2015, tomou uma decisão: iria começar a preparar os Jogos do Rio 2016. Uma lesão quase o afastou do Brasil, mas, por decisão do Comité Olímpico da Jamaica, foi um dos atletas a integrar a comitiva. Foi e venceu. Por três vezes. Mas já deixou o aviso: "Estes serão os meus últimos Jogos Olímpicos".


Com as 45 conquistadas no Rio, os Estados Unidos da América ficaram com mais de mil medalhas de ouro. 


"Torcida" brasileira fez chorar francês e festejou ouro no salto à vara
O lugar cimeiro do pódio estava predestinado. Mas o destino trocou as voltas. O francês Renaud Lavillenie era dado como favorito no salto à vara e lutou pelo ouro até ao fim. Mas foi superado, no final, pelo brasileiro Thiago Braz, que nunca tinha saltado tanto. O francês acabou em lágrimas. E assobiado. Tudo começou durante a prova. O público brasileiro assobiou os opositores de Thiago Braz, num desporto em que os atletas estão habituados a pedirem (e receberem) palmas antes de saltarem. No Brasil receberam assobios. O francês não gostou do comportamento da "torcida" e criticou-os - "não estamos no futebol", comparando-se a Jesse Owens que, em 1936, nos jogos da então nazi Berlim, conquistou quatro medalhas de ouro, para ser ignorado por Hitler. A comparação valeu-lhe mais vaias quando subiu ao pódio. O lugar mais alto estava destinado a Thiago Braz, que bateu o recorde olímpico, acima dos seis metros. Militar de carreira, Thiago foi criado pelos avós, depois de os pais o terem abandonado.


Um mergulho para o ouro
Ficará para sempre como um dos momentos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. O "mergulho" de Shaunae Miller, das Bahamas, para o ouro nos 400 metros. A dúvida só se desfez com recurso às imagens fotográficas ("photo finishing"). A atleta das Bahamas tinha mesmo superado a meta em primeiro lugar por 0,07 segundos, batendo a norte-americana Allyson Felix, que em Londres tinha conquistado o ouro nos 200 metros e que tinha conseguido o melhor tempo das qualificações. Nascida nas Bahamas, tornou-se atleta profissional em 2013, com um acordo com a Universidade da Georgia, dos Estados Unidos, e um contrato com a Adidas. O "mergulho" é legal e, por isso, Shaunae Miller não percebeu a controvérsia pelo seu acto. "Já aconteceu tantas vezes", declarou à ABC News, onde garantiu que não foi intencional. Explicou que correu muito nos primeiros metros e, quando faltavam 40 metros, as pernas pesavam demasiado para aguentar, e só pensava em passar a meta. "Tenho de avançar". Foi o que pensou. E avançou para o ouro aos 22 anos.


A equipa dos refugiados
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ficarão, para sempre, marcados pela equipa de refugiados composta por 10 atletas, em três desportos. Sem medalhas, saiu, no entanto, do Rio com uma missão histórica. E aplaudida por todos. A história de Yusra Mardini, nadadora síria que vive em Berlim, correu mundo. Nasceu em Damasco há 18 anos e pratica natação desde os três anos, o que lhe permitiu salvar vidas. Na fuga à guerra na Síria, em pleno mar Egeu, a embarcação onde ia estava em risco de se afundar. Mardini e mais três pessoas nadaram, puxando o barco, até terra firme. O percurso durou três horas, tantas quanto aquelas que teve de nadar. Teve de passar por vários países na Europa até chegar, em Setembro, à Alemanha. Em Agosto, foi um símbolo no Rio de Janeiro. Foi a primeira da equipa de refugiados a competir. E foi aplaudida. Tal como muitos outros. Foi também o caso de Rami Anis, de 25 anos, que nos Jogos do Rio estabeleceu uma nova marca pessoal nos 100 metros livres. Os aplausos fizeram-se ouvir, na mesma piscina, onde no dia anterior os assobios receberam a medalha de prata nos 100 metros bruços, conquistada pela russa Yulia Efimova. O público não gostou que a nadadora fosse autorizada a competir, depois de dois testes de "doping" positivos. Nem o público nem os outros atletas. A norte-americana Lilly King, que ganhou o ouro, disse várias vezes que a russa não deveria ser autorizada a nadar e não a cumprimentou no final.


Um recorde de 17 anos
O sul-africano Wayde van Niekerk ficou, nestes Jogos, associado a um novo recorde mundial. Mas não foi um recorde qualquer. Este, o dos 400 metros, não era ultrapassado há 17 anos e ainda era contabilizado para Michael Johnson, considerado um dos maiores atletas de todos os tempos, tendo sido o primeiro a vencer os 200 e 400 metros nos mesmos Jogos, o que aconteceu em 1996. O recorde mundial desse mítico atleta, nos 400 metros, estabelecido nos mundiais de Sevilha em 1999, foi agora batido pelo sul-africano por 0,15 segundos. Correu os 400 metros em 43,03 segundos. Será que conseguirá, um dia, fazer essa distância em menos de 43 segundos? A pergunta é deixada pelo próprio Michael Johnson, que assistiu à prova no estádio do Rio de Janeiro. Wayde van Niekerk, de 24 anos, nem era o favorito... Michael Johnson deixou de constar em qualquer lista de recordes, depois de ter visto Bolt a ultrapassá-lo nos 200 metros em 2009. Não era favorito, mas já tinha sido o escolhido para porta-bandeira da África do Sul na cerimónia de abertura. Uma equipa que não deixa de ser polémica. Entre os atletas, a segunda medalha de ouro da África do Sul: Caster Semenya, nos 800 metros femininos. A polémica Caster Semenya, cuja inclusão na equipa feminina continua a ser questionada. Sofre de hiperandrogenismo feminino, o que provoca um aumento dos níveis de testosterona não comum às mulheres.


Medalhado não volta à etiópia
Feyisa Lilesa conquistou a medalha de prata na maratona masculina, quando chegou em segundo lugar, atrás do queniano Eliud Kipchoge. Mas Lilesa é quem marca um dos momentos destes Jogos Olímpicos. Ao atravessar a meta, cruzou os braços acima da cabeça. Podia significar aprisionado aquele gesto que simboliza, segundo o El Pais, o povo oromo, da Etiópia, que diz estar a ser perseguido pelo governo local. Cruzou os braços (em forma de "X") e, ao mesmo tempo, declarou que tinha medo das retaliações no regresso a casa. Por isso, ponderava ficar noutro país. Há notícias, avançadas pela AFP, que dão conta de que o atleta não regressou ao país com o resto da comitiva. O governo etíope garantiu que não haveria consequências para Lilesa pelo gesto. O seu agente, Federico Rosa, declarou à AFP, citado pelo The Guardian, que não acredita que o atleta regresse à Etiópia. O próprio declarou ter medo de ser morto ou preso. A Etiópia é composta por várias etnias. Uma delas, os oromos, é a maior (e que se estende pela Etiópia, Quénia e Somália), mas quem governa é a minoria tigré. O pódio da maratona, que acontece habitualmente na cerimónia de encerramento dos Jogos, foi, assim, seguido de perto. Mas o hino que ecoou foi o do Quénia. A ladear o campeão olímpico Eliud Kipchoge estava o etíope Lilesa e, para surpresa de muitos, o norte-americano Galen Rupp. Afinal, os americanos também conseguem chegar aos pódios nas maratonas.


O primeiro ouro das fiji
Pela primeira vez nuns Jogos Olímpicos, as Fiji conquistaram uma medalha de ouro. O arquipélago já esteve presente em 12 Jogos de Verão e três de Inverno, tendo entrado nos Jogos pela primeira vez em 1956. No Rio, conquistou o lugar cimeiro do pódio no rugby de 7. Na final, bateram a Grã-Bretanha, o país sensação dos Jogos, ao conquistar 67 medalhas, 27 de ouro, ultrapassando, neste metal, a China. Mas não conseguiu essa medalha em rugby de 7, que se tornou modalidade olímpica no Rio de Janeiro, depois de ter havido torneio de rugby de 15 de 1900 a 1924. O feito foi tal que o próprio primeiro-ministro das ilhas Fiji estava a assistir. E, no final, declarou: "Fizemos o mundo olhar para nós". Não sendo caso único, a equipa de rugby de 7 das Fiji foi notada ainda pelo facto dos seus jogadores dividirem o tempo entre a modalidade e outras profissões, como cortador de cana ou carregador de malas numa unidade hoteleira. Aliás, neste jogos, foram vários os textos a dar conta de algumas das profissões dos atletas que disputaram as várias modalidades. Há de tudo, de médicos a analistas financeiros, mas também padres.

Na pele de Super Mario (do jogo da Nintendo), o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe apareceu na cerimónia de encerramento do Rio para convidar  o mundo a ir aos próximos jogos, em Tóquio, em 2020.
Na pele de Super Mario (do jogo da Nintendo), o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe apareceu na cerimónia de encerramento do Rio para convidar o mundo a ir aos próximos jogos, em Tóquio, em 2020. Kevin Lamarque/Reuters


Ver comentários
Saber mais Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio