Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Decapitações no Fisco e cobardia VIP

Paulo Núncio é mais um membro deste Governo a evidenciar uma extraordinária dificuldade em assumir as suas responsabilidades políticas. Quando se trata de facturar sucessos, quer o palco todo para si – faz as vezes de secretário de Estado, de director-geral e até de chefe de finanças de bairro. Quando é preciso dar a cara pelos fracassos não sabe, não conhece, não foi informado, foi até enganado.

 

Paulo Núncio é mais um membro deste Governo a evidenciar uma extraordinária dificuldade em assumir as suas responsabilidades políticas. Quando se trata de facturar sucessos, quer o palco todo para si – faz as vezes de secretário de Estado, de director-geral e até de chefe de finanças de bairro. Quando é preciso dar a cara pelos fracassos não sabe, não conhece, não foi informado, foi até enganado.

 

A polémica "lista VIP" já fez duas baixas nas cúpulas da Autoridade Tributária e Aduaneira. Atingiu dois altos quadros, com carreiras sólidas e provas dadas, que, embora com estilos de gestão mais ou menos controversos, são activos valiosos. Numa altura em que o Fisco se encontra descapitalizado, com o abandono precoce de muitos dos seus antigos dirigentes para a reforma antecipada ou para o sector privado, onde são mais que bem-acolhidos, as demissões de Antonio Brigas Afonso e de José Maria Pires são especialmente preocupantes. 

 

Paulo Núncio sabe-o bem, mas, por qualquer razão inexplicada considera que os seis meses que lhe restam até às eleições são mais preciosos do que a carreira de dois funcionários e mais importantes do que a estabilidade na gestão de um dos importantes organismos da Administração Pública. 

 

Brigas Afonso e José Maria Pires são decapitados para amainar uma polémica que não teria chegado a ganhar lastro se, de início, tivesse havido uma política de comunicação transparente por parte do ministério da Finanças. O que fazem e como fazem para garantir o sigilo fiscal de todos os cidadãos? Se não há lista, filtro, mecanismo ou pacote, chamem-lhe o que quiserem, e não se refugiem na semântica, como se justificam tantos processos disciplinares relacionados com o alegado acesso indevido ao cadastro de figuras públicas? São perguntas simples, que requeriam respostas directas, mas que receberam sucessivas reacções esquivas. 

 

Num País onde se é mais lesto a demitir do que a prestar esclarecimentos cabais, se alguém tem de ser sacrificado não são os bons técnicos. São os maus políticos. 

Ver comentários
Saber mais Impostos sigilo fiscal Pedro Passos Coelho Tecnoforma lista VIP
Mais artigos de Opinião
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio