Opinião
Lições da Venezuela
A farsa política prossegue em Caracas. Nicolas Maduro, o sucessor de Chavez que foi em tempos visitado pelo seu mentor encarnado num passarinho, já foi longe demais.
O escândalo está à vista de todos, e só lhe resta a última via dos tiranos: a eterna fuga para a frente.
Visto deste lado do Atlântico, há duas preocupações. A primeira é com a vasta comunidade portuguesa e luso-descendente na Venezuela, que está naturalmente a passar mal. A segunda é com a forma como Portugal, institucionalmente, se está a portar nesta matéria.
Estas duas vertentes estão ligadas, porque é a preocupação sobre as "garantias de segurança e de bem-estar da comunidade portuguesa e luso-descendente" que tem servido de justificação para a tibieza da posição do Governo português. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, vangloriava-se de gostar de "malhar na direita", mas todos nos lembramos do genuíno prazer que lhe dava malhar na "extrema-esquerda", que ele sempre contrapunha à "esquerda democrática", no seu entender corporizada no seu PS.
Lentamente, passo a passo, o Governo vai assumindo a condenação do regime cada vez mais ditatorial de Maduro, arriscando a ira do seu grande defensor em Portugal, o parceiro parlamentar PCP.
Este, através de um oportuno comunicado divulgado ontem, condena o "ataque ao povo venezuelano, à soberania nacional, à democracia" e fala de "uma clara violação do direito internacional". As palavras são duras e certeiras. O problema é que são aplicadas aos protestos populares de quem luta contra um golpe anti-democrático, ao mesmo tempo que se salienta que "a elevada participação nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (mais de oito milhões de votantes, 41% dos cidadãos eleitores), num País em que o voto não é obrigatório, constitui uma importantíssima mensagem colectiva de defesa da Paz, da democracia e da soberania da República Bolivariana da Venezuela". Eloquente.
De salientar ainda afirmação de que "é ao povo Venezuelano que cabe decidir do seu próprio futuro e da forma de organização do Estado venezuelano". Democracia? Sim, se...
Fica a lição, para quem ainda precisava dela. Com a experiência da geringonça, há quem insista em ver uma modernização e uma abertura do PCP. Há quem considere mesmo que não há grande diferença entre ter um Governo apoiado pelo PCP ou um Governo que o PCP integra.
Não é preciso argumentar nada. Basta ler as palavras do próprio partido.
Visto deste lado do Atlântico, há duas preocupações. A primeira é com a vasta comunidade portuguesa e luso-descendente na Venezuela, que está naturalmente a passar mal. A segunda é com a forma como Portugal, institucionalmente, se está a portar nesta matéria.
Lentamente, passo a passo, o Governo vai assumindo a condenação do regime cada vez mais ditatorial de Maduro, arriscando a ira do seu grande defensor em Portugal, o parceiro parlamentar PCP.
Este, através de um oportuno comunicado divulgado ontem, condena o "ataque ao povo venezuelano, à soberania nacional, à democracia" e fala de "uma clara violação do direito internacional". As palavras são duras e certeiras. O problema é que são aplicadas aos protestos populares de quem luta contra um golpe anti-democrático, ao mesmo tempo que se salienta que "a elevada participação nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (mais de oito milhões de votantes, 41% dos cidadãos eleitores), num País em que o voto não é obrigatório, constitui uma importantíssima mensagem colectiva de defesa da Paz, da democracia e da soberania da República Bolivariana da Venezuela". Eloquente.
De salientar ainda afirmação de que "é ao povo Venezuelano que cabe decidir do seu próprio futuro e da forma de organização do Estado venezuelano". Democracia? Sim, se...
Fica a lição, para quem ainda precisava dela. Com a experiência da geringonça, há quem insista em ver uma modernização e uma abertura do PCP. Há quem considere mesmo que não há grande diferença entre ter um Governo apoiado pelo PCP ou um Governo que o PCP integra.
Não é preciso argumentar nada. Basta ler as palavras do próprio partido.
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