Opinião
E agora, Catalunha? Bem, na verdade ninguém sabe
A situação na Catalunha, que já era complicada, vai ficando pior com o passar do tempo.
Depois da declaração de independência, protagonizada por Carles Puigdemont, Rajoy respondeu como esperado, com o artigo 155 da Constituição, na prática assumindo controlo directo sobre o governo da região. E agora?
No Guardian, o espanhol Miguel-Anxo Murado dá eco às dúvidas. "Para ter soberania são precisas, pelo menos, duas coisas: reconhecimento internacional e controlo sobre o território", dois factores que estão longe de estarem garantidos, sobretudo o primeiro, até porque o segundo depende do nível de intervenção que Madrid quiser ter. Espera-se sobretudo alguma aparência, ainda que precária, de normalidade, até às eleições regionais convocadas por Rajoy. "Esta votação crucial acontecerá a 21 de Dezembro, na véspera do dia da Lotaria de Natal, em Espanha. É uma data bem escolhida, porque isto será uma jogada de sorte", sintetiza o escritor e jornalista.
No La Vanguardia, de Barcelona, a voz é de Màrius Carol, que tem sido há muito crítico deste processo de independência. "Levaram o país ao limite, declararam a secessão sem ter o mandato seja de quem for e não dispunham sequer das ferramentas para o fazer. E não têm vergonha na cara", afirma, contundente. E conclui: "as pessoas podem ter sonhos e efabulações. Mas os políticos não os podem transformar em pesadelos".
No madrileno El Mundo, a narrativa é conhecida. Javier Redondo foca os perigos do nacionalismo, que mascara o étnico de político. E atira: "a delicadeza e a transcendência do momento é que pela primeira vez o Estado submete à prova a vontade de sacrifício daqueles que, durante décadas, manejaram os explosivos".