Opinião
Explique lá, dr. Costa
O arrastar do impasse na Caixa Geral de Depósitos atingiu o limite da decência.
Depois de ter aceite todas as condições do presidente que escolheu , de forma a garantir uma equipa qualificada e não correr mais riscos de gestão política no banco público, António Costa corre o risco de ver António Domingues bater com a porta. Seria demasiado vexatório. Seria mau para todos mas, a acontecer, já se percebeu: seria por o Governo faltar à palavra.
Quando aceitou retirar a nova administração da Caixa do espartilho aplicado aos gestores públicos, o Governo devia ter assumido isso mesmo: Domingues e a sua equipa ganhariam ao nível da melhor banca privada e estariam isentos do escrutínio público. Colados à esquerda radical, Costa e Centeno tiveram complexos e atamancaram uma solução. Assumiram a questão salarial e esconderam o resto. O Presidente da República cobriu a parada. E não fosse a denúncia de Marques Mendes, a coisa passava nos pingos do estio.
Descoberta a jogada, António Costa fez o que faz como ninguém: chutou para canto. Salvaguardadas as devidas diferenças, foi assim quando José Sócrates foi preso - "à Justiça o que é da Justiça, à política o que é da política" - e foi assim desta vez - "a questão é entre a Caixa e o Tribunal Constitucional". Temos um primeiro-ministro que adora agarrar-se à separação de poderes para separar problemas. Mas há uma pergunta a que António Costa deve dar resposta: afinal, é ou não é verdade que António Domingues lhe disse que a sua equipa não aceitaria declarar o património nos moldes exigidos aos gestores públicos? E é ou não é verdade que o Governo aceitou essa condição?
O país deve saber com clareza os contornos do negócio, como diz o socialista e republicano Jorge Coelho: de duas uma, ou o Governo assume que aceitou a condição do novo presidente da Caixa, ou este deve apresentar a sua declaração no Tribunal Constitucional.
O jogo rola em dribles de calcanhar. Quando diz estar a "cumprir escrupulosamente a lei", António Domingues entala o primeiro-ministro. No fundo, o que o gestor está a dizer é que a alteração legal feita pelo Governo isentou-o do estatuto do gestor público. Foi, aliás, esse, o único propósito da mexida na lei. Agora, falta ouvir a outra parte: foi assim ou não, dr. António Costa?
Mário Centeno já disse que sim: "Não foi lapso". O ministro das Finanças pode não ser político mas tem dificuldade em jogar com a verdade. As declarações do primeiro-ministro estão a jogar com a verdade. Independentemente do que o Constitucional vier a decidir, o país precisa de saber se o Governo acordou ou não com António Domingues que o seu escrutínio seria diferente.
Querer vergar o presidente da Caixa não é um bom começo de uma nova vida do banco público. A menos que Domingues esteja redondamente a mentir. Os contribuintes, que são os accionistas, merecem saber. Explique lá, dr. Costa.
Quando aceitou retirar a nova administração da Caixa do espartilho aplicado aos gestores públicos, o Governo devia ter assumido isso mesmo: Domingues e a sua equipa ganhariam ao nível da melhor banca privada e estariam isentos do escrutínio público. Colados à esquerda radical, Costa e Centeno tiveram complexos e atamancaram uma solução. Assumiram a questão salarial e esconderam o resto. O Presidente da República cobriu a parada. E não fosse a denúncia de Marques Mendes, a coisa passava nos pingos do estio.
O país deve saber com clareza os contornos do negócio, como diz o socialista e republicano Jorge Coelho: de duas uma, ou o Governo assume que aceitou a condição do novo presidente da Caixa, ou este deve apresentar a sua declaração no Tribunal Constitucional.
O jogo rola em dribles de calcanhar. Quando diz estar a "cumprir escrupulosamente a lei", António Domingues entala o primeiro-ministro. No fundo, o que o gestor está a dizer é que a alteração legal feita pelo Governo isentou-o do estatuto do gestor público. Foi, aliás, esse, o único propósito da mexida na lei. Agora, falta ouvir a outra parte: foi assim ou não, dr. António Costa?
Mário Centeno já disse que sim: "Não foi lapso". O ministro das Finanças pode não ser político mas tem dificuldade em jogar com a verdade. As declarações do primeiro-ministro estão a jogar com a verdade. Independentemente do que o Constitucional vier a decidir, o país precisa de saber se o Governo acordou ou não com António Domingues que o seu escrutínio seria diferente.
Querer vergar o presidente da Caixa não é um bom começo de uma nova vida do banco público. A menos que Domingues esteja redondamente a mentir. Os contribuintes, que são os accionistas, merecem saber. Explique lá, dr. Costa.
Mais artigos de Opinião
Chocados? Habituem-se!
26.10.2017
Costa, o jogador
19.10.2017
Seja proactiva, vá de férias
16.10.2017
Conversas em família
12.10.2017
O PSD de António Costa?
11.10.2017
Disciplina e tautau
05.10.2017