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Raul Vaz raulvaz@negocios.pt 11 de Outubro de 2017 às 23:00

O PSD de António Costa? 

Pedro Santana Lopes ou Rui Rio? Venha o diabo e escolha. E como o diabo escolheu outras paragens, resta dar espaço ao guru da Marmeleira.

Sim, foi José Pacheco Pereira quem travou uma candidatura de Paulo Rangel à liderança do PSD. Dizendo na sua eterna quadratura do círculo que esta seria a mais negra campanha vista em Portugal. Rangel recuou, fez mal. Ele era, indiscutivelmente, o melhor líder para um tempo diferente.

 

Claro que a brigada do vínculo entre o combate de esquerda ao salazarismo e a direita inconformada desse tempo sustenta uma ideia e um comportamento de soberba. O que liga Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira é um anacronismo. Com ressentimentos pessoais em que se detesta o outro. E o outro é sempre demasiado liberal, demasiado inculto, demasiado qualquer coisa que ambos não são capazes de assumir como um simples gosto pela vida.

Paulo Rangel e Pedro Santana Lopes serem como são!? Vade retro, Satanás! O homem habita em Rui Rio, esse exemplo de virtudes que deve ser seguido como único instrumento político capaz para que o país se reforme, cresça, e se reencontre nesse caldo bafiento em que o bolchevique Pacheco Pereira regressa às catacumbas do parlamento e cultiva o controlo da informação. Rui Rio, líder do respeitinho, deposita inteira e incondicional confiança no seu guarda de espaldas. Manuela Ferreira Leite voltará a encontrar uma conspiração da inteligência artificial contra a verticalidade da vida.

 

Falta Nuno Morais Sarmento, o conspirador de elevado QI. Ele sabe que não pode ser ele (é uma pena que assim pense) e, nessa reserva intransponível, vai-se divertindo de forma séria. Houve um tempo de José Manuel Durão Barroso, há agora Rui Rio. E contra Santana Lopes vale tudo: até a adesão ao maior sindicato de votos em Lisboa que lhe deu uma vitória nas últimas eleições partidárias.

 

O partido, esse, pode ficar entregue, numa viagem em busca de uma identidade abdicada à partida, ao destino de ser poder. Nem sequer poder dominante, executivo, mas sim de comparsa menor de António Costa num governo de bloco central. É pouco. Para o PSD e para o país.

 

Não que o PSD precise de um Passos 2.0, de oposição férrea, irredutível e autista face ao rumo da geringonça. Mas precisaria de se posicionar ideologicamente, de afirmar os seus valores e as suas prioridades, pela positiva. Não pela negação do que existe, como Passos, nem pela envergonhada adesão ao que existe, como poderá suceder com Rio ou Santana, que vêem no bloco central um plano B não totalmente desagradável.

 

Uma verdadeira oposição, protagonizada pelo PSD, tem de começar por ser um incómodo para o Governo, algo que já não é há muito tempo. Sem o poder dos votos no parlamento, que não tem e não terá nesta legislatura, terá de incomodar pelas propostas, pelas ideias, por aquilo que de mais importante tem a política.

 

Há tempo, ainda, mesmo que mais ninguém venha a terreiro. Tanto Rio como Santana têm margem para fazer o seu caminho, inspirar o partido e ousar (e nisso Assunção Cristas é um exemplo). Caso contrário, António Costa vai assistir de camarote a esta disputa interna no PSD, com a consciência de que, de uma forma ou de outra, ganhará sempre. 

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