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20 de Dezembro de 2006 às 13:59

Good news

Querem animação? Olhem para a bolsa. Seja por que ângulo olharem, a visão é sempre revigorante. Tão revigorante que há quem comece a ficar preocupado. Na frente institucional, as novidades abundam, quer dentro quer fora de portas.

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Ontem os accionistas da plataforma paneuropeia Euronext aprovaram a fusão com a Bolsa de Nova Iorque (NYSE). Hoje aguarda-se a deliberação dos seus pares norte-americanos. Para trás ficam os percalços que inviabilizaram a criação de uma grande bolsa à escala europeia, liderada pela Deutshe Börse. Mas como não vale a pena chorar sobre o leite derramado, valorize-se o potencial do negócio do ano entre as entidades gestoras, e o impacto positivo que poderá ter para os investidores, com a previsão de descida das taxas até 15% nos próximos três anos.

Novidades também a nível nacional. A Euronext de Lisboa anuncia hoje uma pequena revolução nas regras que presidem à constituição do índice PSI-20, reduzindo o peso das três maiores cotadas (EDP, PT e BCP), com o objectivo assumido de distribuir as atenções dos investidores, sobretudo internacionais, sobre outros títulos do mercado e assim contribuir para aumentar a liquidez dos restantes títulos.

Mas o que marca verdadeiramente a análise é a valorização registada pelo mercado. O PSI-20 chegava ontem aos 29,2%. Melhor do que isto só mesmo Madrid, que já vai nos 32%, uma perfomance para que contribuiu a vaga de OPA espanholas. Ou então alguns mercados emergentes, como o Peru, com uma valorização de 150%... Nas praças europeias, os principais índices estão sistematicamente acima dos 10% no desempenho anual e, do outro lado do Atlântico, o Dow Jones já ultrapassa os 15% e o Nasdaq está em 9,7%.

O sentimento "bullish" está de tal forma estabelecido que até as boas notícias podem ser lidas com apreensão. A unanimidade dos analistas na previsão da subida das bolsas norte-americanas, num inquérito realizado pela Bloomberg, foi também interpretado como um sinal de alerta, pois da última vez que foi alcançada a mesma unanimidade, em 2000, no ano seguinte aconteceu exactamente o contrário.

Manda a prudência desconfiar dos excessos de optimismo, sobretudo porque estes podem contagiar os investidores particulares e menos preparados para reagir às conjunturas adversas. Já faz parte do jargão de bolsa que, quando todos dizem compra, chegou a altura de vender.

Apesar da prudência, no que à praça portuguesa diz respeito, e ao contrário de Madrid que já está a bater máximos históricos, ainda estamos longe do pico registado a meio do ano 2000.

E, além dos bons resultados das empresas em 2006, o mercado continua influenciado pelas operações de concentração que ficarão resolvidas nos primeiros meses de 2007. O resto são os factores condicionantes do costume, como o andamento da inflação e o seu impacto nas taxas de juro, como ontem ficou bem evidente em Wall Street.

Nesta fotografia colorida há detalhes de outras realidades mais sombrias que se intrometem. Abel Mateus lidera a única autoridade da concorrência europeia que ainda não se pronunciou sobre a fusão entre a NYSE e a Euronext.

Vale o que vale mas há coisas que não mudam mesmo.

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