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24 de Janeiro de 2005 às 13:59

Trocar empurrões por choques

Estão apresentados os programas eleitorais dos dois maiores partidos portugueses. Da leitura dos dois documentos ressaltam duas ideias comuns.

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A primeira, é que a anunciada «hora da verdade» ainda não parece ter chegado nem ao Largo do Rato nem à Lapa. A segunda deriva da primeira: tanto o PS como o PSD prometeram «choques», mas oferecem apenas pequenos «empurrões».

Os programas eleitorais mostram que tanto José Sócrates como Pedro Santana Lopes sabem qual é o caminho. Aumentar a idade legal da reforma, reduzir o peso do Estado na economia, diminuir o número de funcionários públicos, modernizar a administração pública, acabar com a discriminação positiva que estes funcionários gozam em termos de pensões, simplificar o sistema fiscal, desburocratizar, aumentar a concorrência nos mercados, etc, etc...

Tudo em nome do crescimento económico. De uma forma ou de outra, ambos os programas tocam nas questões que todos sabem há muito tempo serem essenciais. As diferenças entre PS e PSD nem são tantas quanto alguns poderiam pensar à partida. Posto isto fica, no entanto, uma questão: porque não se consegue ir mais além?

Porque não diz o PS, por exemplo, que vai aumentar a idade legal da reforma dos funcionários públicos para a praticada no regime geral da segurança social? Porque razão não diz o PSD que é preciso acabar com a realização de políticas sociais através dos impostos? Porque razão só defendem ambos os partidos princípios gerais em relação a estas matérias e não concretizam as medidas que pretendem aplicar se vierem a ser governo?

A resposta é simples mas levanta uma preocupação: se estes partidos têm medo de dizer a verdade ao eleitorado, terão depois, enquanto governos, capacidade para enfrentar quem os elegeu?

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