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Opinião
14 de Junho de 2005 às 13:59

Queremos mais, muito mais.

O coro de elogios de que tem sido alvo este Governo é sintomático do estado a que chegou o País. Não é preciso fazer muito para se destacar dos demais. Basta fazer alguma coisa.

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José Sócrates, nos menos de 100 dias que leva de governação apresentou soluções que nenhum dos três anteriores governos teve a ousadia de apresentar. Para isso escudou-se na actual situação orçamental e na necessidade de consolidar as contas públicas nacionais. Mas não será esse o problema que o primeiro-ministro resolve com as medidas anunciadas. O Governo limitou-se a aumentar impostos e a introduzir alguma justiça social no sistema de aposentação existente, mas o problema da sustentabilidade das contas públicas continua lá. Praticamente intocável.

É verdade que não hoje razão para que dois trabalhadores que descontam o mesmo para a segurança social e que pagam os mesmos impostos, tenham um esquema de reforma diferente. Mas também é verdade que há muito se sabe o actual regime geral da segurança social – para onde agora convergem os funcionários públicos – precisa de medidas bem mais agressivas para assegurar a sua sustentabilidade. E aí, até ao momento, nada.

E também aqui as soluções são conhecidas. Ou o Governo opta por penalizar os portugueses, quer seja com a subida da idade legal da reforma ou retirando-lhes alguns dos benefícios actuais, ou consegue introduzir soluções que levem esses mesmos portugueses a interiorizarem que o Estado não pode ser o único garante das pensões que aspiramos vir a receber.

O Governo deu um passo em frente com as medidas anunciadas, mas marcou passo ao não aproveitar os protestos que se seguem para, de uma vez, contribuir para a sustentabilidade das finanças públicas no futuro.

A sondagem que hoje publicamos (pág. 42) mostra que os portugueses sabem que é preciso mais, muito mais.

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