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07 de Setembro de 2005 às 13:59

Talone tinha razão

A OPA da Gas Natural sobre a Endesa vem mostrar que qualquer decisão, de autoridades nacionais ou europeias, sobre movimentos de concentração só podem ser vistos à luz de um quadro futurístico.

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Que operadores actuais terão força para operar na escala ibérica daqui por 10 anos e quais destes terão capacidade para saltar além dos Pirinéus é a questão de fundo.

Era sob esta luz que o projecto Talone devia ter sido analisado. Quem entendeu coarctar a GDP à EDP deveria ter sobrevalorizado a questão do quadro concorrencial futuro e não tanto o actual. Neste momento, independentemente da evolução do caso Gas Natural e Endesa, só muito dificilmente a estratégia Talone poderá ser retomada.

Lamentável é também o facto de, agora, ser «politicamente correcto» os governos se omitirem de «interferir» nos negócios das grandes empresas. Pois de facto, mais ou menos às escondidas, a política decide os processos. E o caso da Gas Natural é nisso exemplar.

Como disse Rajoy, o sector público catalão pretende controlar toda a energia espanhola. De facto, Repsol e Gas Natural são tentáculos do mesmo cérebro mutualista autonómico, a La Caixa, servidos por um homem de enorme ambição, Salvador Gabarró, vice-presidente da La Caixa e, por esta via, presidente da Gas Natural e que ascendeu ao estrelado através da expansão internacional da Roca. Gabarró, que de político tem tudo, ainda em Maio passado descartava em absoluto qualquer fusão com uma companhia eléctrica.

O ponto que Rajoy vem sublinhar é que a expansão mutualista da La Caixa se tem feito através de processos não mutualistas, (de que é magro exemplo o facto de a La Caixa dominar 16% do BPI) cujo retorno se faz para um grupo fechado de accionistas obrigatoriamente catalães e fundamentalmente públicos. Razão política pela qual o governo popular de Aznar terá travado, primeiro, a fusão Gas Natural-Endesa em 2001 e depois a compra da Iberdrola em 2003.

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