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19 de Abril de 2012 às 11:20

Show me the money!

Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico, com os negócios de base a liderarem a incidência de novas startups. O capital é fundamental para que estas empresas possam crescer

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Ao longo do último ano tenho conhecido dezenas de empresas jovens com propostas de valor inovadoras, modelos de negócio vencedores, e promotores com capacidade, ambição e drive para as fazer triunfar. No entanto, na sua grande maioria, falta-lhes um ingrediente crítico para que possam começar a sua caminhada triunfante: dinheiro!

É certo que o dinheiro por si só não faz milagres, e que muitas destas empresas até poderão crescer de forma mais contida, financiando o crescimento com o cash flow gerado pela operação.
No entanto, este caminho também as poderá levar rapidamente à insignificância.

Vivemos num mundo cada vez mais tecnológico, com os negócios de base web e móvel a liderar a incidência de novas startups. Isto são tipicamente negócios que precisam de escala para crescer, e de minimizar o time-to-market para criar barreiras à entrada de novos concorrentes. Se não o fizerem, arriscam-se a que um concorrente com maior músculo financeiro o faça, relegando-as para uma segunda liga. O capital é, portanto, fundamental para dotar estas empresas das capacidades necessárias para crescer.

Numa altura em que os bancos estão a limitar o acesso ao crédito, e em que as famílias estão a ver cair as suas poupanças e o rendimento disponível (limitando o acesso aos 3F's - Friends, Fools & Family), a captação de capital ocupa o lugar cimeiro das preocupações (e muitas vezes do esforço) da maior parte dos promotores de startups deste país. Uma parte significativa dos promotores com quem falo não sabe onde há capital disponível, e os que sabem, não têm ideia do que precisam para o captar.

Em 2009, o COMPETE lançou no mercado um incentivo único no qual participa do capital de 53 veículos de business angels (41 milhões e euros) e de 13 fundos de capital de risco (148 milhões de euros) num total de 189 milhões de euros, para financiar o desenvolvimento de empresas jovens e de elevado potencial. A página web do COMPETE tem toda esta informação.

Adicionalmente, o QREN lança de forma periódica concursos de apoio ao crescimento de startups e PME, com linhas de financiamento bonificado (por vezes até a fundo perdido), para o investimento produtivo nas empresas.

Com este tipo de incentivos no mercado, seria de acreditar que o investimento em startups fosse relativamente líquido, e que os projectos verdadeiramente promissores não tivessem grande dificuldade em captar o capital que necessitam para crescer. Mas o dinamismo do mercado nacional de startups (principalmente de base tecnológica), como o testemunhamos hoje em dia, é um fenómeno relativamente recente que leva a que as estruturas de apoio também só agora se estejam a profissionalizar.

Se para os incentivos de QREN, já existe um conjunto de estruturas profissionais (é só procurar na internet), os investidores têm ainda um longo caminho a percorrer no sentido de ganhar a confiança necessária para investir em pequenos negócios e ter a capacidade de os ajudar efectivamente a crescer (o chamado Smart Money).

Cabe, nesta fase, aos empreendedores fazer um esforço acrescido para dar aos investidores a confiança que eles precisam para financiar o desenvolvimento das suas empresas. Para tal é fundamental ter claros os seguintes elementos no que diz respeito ao seu negócio:
• Evidência de uma proposta de valor diferenciada que responda a uma necessidade concreta do mercado (i.e. o negócio já gera receitas);
• Universo de clientes alvo bem identificado e com dimensão suficiente para o crescimento do negócio;
• Potencial de geração de economias de escala e de internacionalização do produto ou serviço;
• Plano de crescimento do negócio claramente definido com evidência do destino dos fundos a investir;
• Equipa com experiência relevante no mercado em causa e conhecimento necessário para implementar o plano de crescimento;
• Indicação do potencial de retorno e de formas para a realização desse retorno (distribuição de dividendos ou realização do exit do investimento).



francisco@leap.pt
Managing Director da Leap
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