Opinião
"Grécias há muitas, seu palerma"
Na terça-feira, estava a tentar explicar aos meus dois filhos (estavam em casa porque a escola estava fechada) que não era feriado, e não foi fácil - ajuda-me, Relvas! - pensei eu.
Na terça-feira, estava a tentar explicar aos meus dois filhos (estavam em casa porque a escola estava fechada) que não era feriado, e não foi fácil - ajuda-me, Relvas! - pensei eu.
Disse-lhes que nós, este ano, não festejamos o Carnaval porque a nossa religião - o merkelismo - não o permite. Os miúdos bem queriam ir atirar papelinhos (feitos com o acordo) e estalinhos à troika, mas não o permiti. Ficámos em casa. Os miúdos vestidos de Peter Pan e Sininho, eu de capitão Gancho. Relembrei-lhes as palavras do primeiro-ministro: "recordam-se o caricato que foi na altura: a troika estar em Lisboa a trabalhar, para saber como devia fechar o acordo de ajuda a Portugal, estando o país fechado para férias devido a umas pontes?". A Fada Sininho chamou-me atenção para o facto de estar tudo fechado na nossa rua. E era verdade. Que vergonha! Não podia ser. Era preciso fazer qualquer coisa. O muçulmano da troika já devia estar mal disposto com aquela coisa da cachaça não ser água não. E a importância da aparência?! É que parecia mesmo feriado! Foi este drama que me levou a procurar uma solução.
Enquanto a troika está cá, os lisboetas deviam juntar-se e fazer como na Canção de Lisboa. Devíamos juntar-nos todos e tentar enganar as tias ricas que nos enviam a mesada. La Féria (que se diz ser o tipo do regime ) podia encenar a grande farsa. Uma Opereta de Lisboa para a gente do norte da Europa ver.
A sinopse - Vasco Leitão (Pedro Passos Coelho/Portugal), boémio, cábula e crivado de dívidas, vive da mesada das três tias ricas, a quem já mandou dizer um ror de vezes que está a fazer tudo o que elas querem. A tia troika, que vive na cinzenta Europa do Norte, e ignora a realidade do país, está de visita à capital a fim de conhecer, e confirmar, a austeridade e recessão que promoveram ao sobrinho. As três tias esperam encontrar um povo mergulhado no trabalho e no desespero e não um bando de gente que prefere os arraiais, folgar e ser audaz conquistador das raparigas.
Ou seja, para começar, precisamos urgentemente de figurantes com roupa de trabalho para a zona onde a troika está reunida. Que pena não nos podermos pôr todos a preto e branco. É preciso dizer às pessoas da troika que aquilo que vêem na televisão não são cabeçudos a desfilar, são desempregados com elefantíase. Se eles estranharem a falta de trânsito, dizemos que as pessoas faleceram por causa da crise. E terminamos, a levá-los ao Jardim Zoológico de Lisboa para uma visita guiada. Porém, antes, temos de recolher os bichos e enfiar gente nas jaulas. Pode ser uma cena épica.
A tia troika, admirada, pergunta: "Was ist das, meinem sobrinho?! Porque é que não há animais neste zoo?! E porque estão pessoas nas jaulas?!". Responde o nosso primeiro: "Não temos animais porque tivemos de os comer. Até os abutres foram devorados, ricas tias. E o que vêem nas jaulas, não são umas pessoas vulgares. São de uma raça em vias de extinção, chamada - classe média - são os últimos que restam. E é melhor irmos andando, que eles não conseguem procriar com as ricas tias a olharem.
Aldeia da Roupa Cinzenta
1. Governo espanhol considera um "suicídio" a meta de redução do défice orçamental deste ano e vai pedir a Bruxelas que seja fixada uma nova - vou morar para Olivença.
2. UGT sentiu compreensão da troika perante efeitos da austeridade - houve cafuné no João Proença.
3. Dívida dos particulares é maior que o PIB e que o rendimento disponível; 75% crédito à habitação - preciso que me perdoem a despensa.
4. Fernando Lima: "Muitos dos melhores em Portugal são maçons" - também têm uma Academia? Atenção que - melhores pais de família - já está ocupado pelo Benfica.
5. Cavaco foge aos protestos na Escola António Arroio. Para Cavaco, o avô cantigas é música de intervenção.
6. "Ordem dos Designers pode nascer em 2012 " - mentira. Já houve. Era o Frágil.
Disse-lhes que nós, este ano, não festejamos o Carnaval porque a nossa religião - o merkelismo - não o permite. Os miúdos bem queriam ir atirar papelinhos (feitos com o acordo) e estalinhos à troika, mas não o permiti. Ficámos em casa. Os miúdos vestidos de Peter Pan e Sininho, eu de capitão Gancho. Relembrei-lhes as palavras do primeiro-ministro: "recordam-se o caricato que foi na altura: a troika estar em Lisboa a trabalhar, para saber como devia fechar o acordo de ajuda a Portugal, estando o país fechado para férias devido a umas pontes?". A Fada Sininho chamou-me atenção para o facto de estar tudo fechado na nossa rua. E era verdade. Que vergonha! Não podia ser. Era preciso fazer qualquer coisa. O muçulmano da troika já devia estar mal disposto com aquela coisa da cachaça não ser água não. E a importância da aparência?! É que parecia mesmo feriado! Foi este drama que me levou a procurar uma solução.
A sinopse - Vasco Leitão (Pedro Passos Coelho/Portugal), boémio, cábula e crivado de dívidas, vive da mesada das três tias ricas, a quem já mandou dizer um ror de vezes que está a fazer tudo o que elas querem. A tia troika, que vive na cinzenta Europa do Norte, e ignora a realidade do país, está de visita à capital a fim de conhecer, e confirmar, a austeridade e recessão que promoveram ao sobrinho. As três tias esperam encontrar um povo mergulhado no trabalho e no desespero e não um bando de gente que prefere os arraiais, folgar e ser audaz conquistador das raparigas.
Ou seja, para começar, precisamos urgentemente de figurantes com roupa de trabalho para a zona onde a troika está reunida. Que pena não nos podermos pôr todos a preto e branco. É preciso dizer às pessoas da troika que aquilo que vêem na televisão não são cabeçudos a desfilar, são desempregados com elefantíase. Se eles estranharem a falta de trânsito, dizemos que as pessoas faleceram por causa da crise. E terminamos, a levá-los ao Jardim Zoológico de Lisboa para uma visita guiada. Porém, antes, temos de recolher os bichos e enfiar gente nas jaulas. Pode ser uma cena épica.
A tia troika, admirada, pergunta: "Was ist das, meinem sobrinho?! Porque é que não há animais neste zoo?! E porque estão pessoas nas jaulas?!". Responde o nosso primeiro: "Não temos animais porque tivemos de os comer. Até os abutres foram devorados, ricas tias. E o que vêem nas jaulas, não são umas pessoas vulgares. São de uma raça em vias de extinção, chamada - classe média - são os últimos que restam. E é melhor irmos andando, que eles não conseguem procriar com as ricas tias a olharem.
Aldeia da Roupa Cinzenta
1. Governo espanhol considera um "suicídio" a meta de redução do défice orçamental deste ano e vai pedir a Bruxelas que seja fixada uma nova - vou morar para Olivença.
2. UGT sentiu compreensão da troika perante efeitos da austeridade - houve cafuné no João Proença.
3. Dívida dos particulares é maior que o PIB e que o rendimento disponível; 75% crédito à habitação - preciso que me perdoem a despensa.
4. Fernando Lima: "Muitos dos melhores em Portugal são maçons" - também têm uma Academia? Atenção que - melhores pais de família - já está ocupado pelo Benfica.
5. Cavaco foge aos protestos na Escola António Arroio. Para Cavaco, o avô cantigas é música de intervenção.
6. "Ordem dos Designers pode nascer em 2012 " - mentira. Já houve. Era o Frágil.
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