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07 de Outubro de 2019 às 14:27

Portugal: X-Factor

Portugal foi a eleições este Domingo e a vitória do atual partido em governo – PS - aconteceu sem surpresas e sem maioria absoluta.

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O fenómeno da bipolarização politica que se verificou no arranque deste período eleitoral na Região Autónoma da Madeira repete-se com a concentração do voto eleitoral nos dois maiores partidos – PS e PSD – com mais de 60%.

No entanto alguns apontamentos de diferenças face ao esperado e face à recente evolução do contexto politico nacional e regional:


- CDS com o prior resultado da noite e com a saída honrosa da sua líder partidária


- Dois independentes conquistam assento parlamentar pela primeira vez na história politica nacional: Iniciativa Liberal e PAN

No entanto, o resultado da noite eleitoral não muda nem a liderança dos destinos do país nem o contexto dos próximos quatro anos que para quem formar governo terá uma responsabilidade de peso provavelmente histórica.

Quem o diz e bem é o próprio Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa.

Também Rui Rio o disse na noite de ontem colocando-se à disposição do pais e do seu partido para participar, talvez não para liderar.

Porque é tão relevante o contexto dos próximos quatro anos?

  1. Economia global encontra-se no inicio de um período de desaceleração económica e com enormes desafios;
  2. O nível de endividamento das maiores economias mundiais encontra-se em níveis máximos;
  3. As politicas monetárias acomodatícias com programas expansionistas a todos os níveis praticados pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Reserva Federal Norte Americana (FED) apenas conseguem ir sustentando o que talvez não seja sustentável..
  4. Demographics – uma Geração Z pela frente cujo modelo de crescimento económico e liderança politica são totalmente novos e desconhecidos. São a primeira geração de nativos digitais com uma forma de olhar e criar o futuro e o mundo muito diferente do passado.

 

O que poderá significar este enquadramento para Portugal?

  1. Reformas urgentes no aparelho estado;
  2. Credibilidade garantida face ao seus atuais credores e agencias de rating do país;
  3. Relançamento do crescimento económico real;

Aqui surge provavelmente aquele que foi o X-Factor destas legislativas – Centeno.

Portugal e os investidores internacionais estarão centrados no que Centeno desta vez terá que entregar. Uma subida do rating do país para nível igual a Espanha – A – este foi o ultimo desejo partilhado por Mario Centeno em vésperas de eleições.

O desafio para os próximos quatro anos é significativamente diferente e patamar de sucesso mais alto.

Centeno entrega a Centeno um Portugal com níveis de taxa de juros em mínimos históricos e recebe de Centeno um Portugal com crescimento abaixo de Espanha e com nível de endividamento ainda próximo dos 120%.

O equilíbrio governativo será possivelmente mais fácil para Centeno, o X-Factor de António Costa, junto dos independentes.

O desafio é suficientemente decisivo e bem descrito no apelo ao voto feito por Marcelo Rebelo de Sousa.

(...) O reconhecimento duma posição politica corresponde ao inegável direito de cada uma das pessoas e ao imperativo da sociedade que elas formam , Francisco Sá Carneiro – 26-11-1973, (Capitulo II – Intervenções politicas – Entrevista ao ‘’Jornal da Republica’’).




Economista e CEO da Blue

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