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23 de Novembro de 2019 às 15:31

Centeno: Rating até Bruxelas?

O argumento é simples: Portugal é uma economia beta a sul da Europa. A definição de economia beta por parte da Goldman Sachs é coincidente e reflexo das cinco fragilidades apontadas no relatório da Fitch

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Em vésperas de eleições legislativas Mário Centeno deixou um desejo claro: elevar o rating de Portugal para o nível A.

A expectativa interna e política era alta ontem em antecipação do anúncio da revisão da Fitch.


No entanto a Fitch optou por não elevar o rating de Portugal mantendo a atual classificação de BBB e a sua perspetiva ou Outlook em positivo.


Ao contrário da expectativa de Mário Centeno já o mercado financeiro antecipara esta desilusão.


A curva de taxas de referência para os cinco e dez anos em Portugal apresentam uma elevação da curva nos últimos dois meses:


Fonte: oBlue.pt

Também a Goldman Sachs recomendava esta semana, pela primeira vez em 4 anos, a escolha de dívida Italiana em deterioramento da dívida nacional nas suas 7 estratégias de investimento para 2020:


Fonte: Goldman Sachs Global View Point - Best Trade Ideas Across Assets 21 novembro 2019.

O argumento é simples: Portugal é uma economia beta a sul da Europa. A definição de economia beta por parte da Goldman Sachs é coincidente e reflexo das cinco fragilidades apontadas no relatório da Fitch que justificam a manutenção do atual nível de rating do pais:

  1. Economia demasiado vulnerável a choques externos e amplamente dependente do ciclo económico internacional;
  2. Baixo potencial de crescimento económico a médio-prazo, este que ainda se situa no caso de Portugal abaixo dos 2% para os próximos dois anos comparando com taxas de crescimento médias de 3% em outros países ou geografias com rating BBB;
  3. Elevado envidamento público (>300%) – também aqui António Horta Osório o frisou na passada quinta-feira quantificando o risco de um choque potencial no PIB nacional superior a 5-6% em ambiente de ciclo de subida de taxas;
  4. Fragilidades claras do sector financeiro nacional onde a banca nacional perpetua rácios de NPLs (non-performing loans) superiores aos seus pares comparáveis e mantendo-se muita incerteza em torno da reestruturação patrocinada pelo Fundo de Resolução ao Novo Banco bem como qual o desfecho para a Mutualista Montepio;
  5. Ausência do orçamento final para 2020 no primeiro ano de governação onde não se replica a geringonça.

Na reação, o gabinete de Mário Centeno reforça a ambição de alcançar o rating A.

Na sua visão para 2020, a Fitch apresenta um mapa de ratings francamente concentrados em classificações BBB ou inferiores:

A ambição de Centeno é justa e positiva para Portugal. No entanto esta ambição deverá ser reequilibrada com aquelas que são as reais missões de um Estado social:

  • Saúde e Educação;
  • Justiça e proteção social;
  • Igualdade e continuidade territoriais.

Aqui fica o desafio de Centeno para 2020: de Ronaldo das finanças a Estadista.

Talvez Bruxelas seja uma nova residência.

Catarina Castro é CEO da Blue e Economista

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