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Os mercados emergentes continuam a constituir uma boa oportunidade de investimento a longo prazo

Os últimos tempos têm sido difíceis para os mercados de acções a nível mundial, tanto nas economias desenvolvidas como nas emergentes, mas continuam a existir oportunidades de investimento.

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Os últimos tempos têm sido difíceis para os mercados de acções a nível mundial, tanto nas economias desenvolvidas como nas emergentes, mas continuam a existir oportunidades de investimento. Há mesmo boas razões para crer que, a longo prazo, as principais perspectivas das economias emergentes e o seu potencial para superar os mercados dos países desenvolvidos continuem elevados.

Esta convicção assenta nas perspectivas de crescimento mais elevadas e no aumento do investimento nos mercados emergentes por parte dos investidores dos países desenvolvidos e na crescente prosperidade global dos países emergentes.

Embora seja verdade que as acções dos mercados emergentes têm mostrado fraco desempenho este ano, dada a incerteza que paira sobre os mercados e a preocupação que tem reinado entre os investidores, alguns pontos percentuais de desempenho inferior, comparativamente às acções dos mercados desenvolvidos, não terão porventura grande significado. Uma das características das acções dos mercados emergentes é a sua volatilidade, traduzida por alterações quase diárias da confiança e dos preços das acções na sequência de notícias (como a previsão de incumprimento da Grécia) que se referem sobretudo aos mercados desenvolvidos.

O regresso a uma certa tendência a longo prazo
No entanto, numa altura em que muitos olhares estão fixos em acontecimentos de curtíssimo prazo, vale a pena investigar o que poderá passar-se a muito longo prazo. Aparentemente, estaremos a assistir a um mero movimento de regresso a uma certa tendência, a um mundo que se mostra muito mais equilibrado em termos comerciais e produtivos. Se recapitularmos a situação vivida há alguns séculos, por exemplo, verificaremos que os mercados que hoje se dizem emergentes constituíam na altura as economias globais dominantes. Por isso mesmo, a tendência de crescimento económico dos mercados emergentes confirma um fenómeno a muito longo prazo, e as questões que afectam diariamente os mercados - por exemplo, saber se a inflação na China atingiu um pico, se, no Brasil, o real está sobrevalorizado ou se o banco central da Turquia se comporta abaixo da média - são questões de curto prazo que não deverão afectar o panorama geral de um mundo mais equilibrado.

Embora este movimento de regresso seja interessante, o que importa aos investidores, contudo, é conhecer o volume de lucros das empresas e saber se estão positivamente avaliadas.

Como as acções dos mercados emergentes caíram, mas os lucros das empresas e os valores dos activos subiram, as empresas desses mercados parecem estar, nesta altura, positivamente avaliadas. Obviamente, é preciso ter sempre presente que se correm riscos - por exemplo, as acções não são transaccionadas a preços tão baixos quando reina um clima geral de confiança e optimismo. Há muitas opiniões contraditórias sobre a conveniência de investir em acções na actual conjuntura. Tem-se vindo a assistir a um movimento de abandono dos pequenos investidores em relação aos mercados emergentes, mas os fluxos institucionais têm-se mantido positivos, e nos Estados Unidos muitos fundos de pensões importantes têm aumentado a sua participação nos mercados emergentes

Os lucros das empresas são fulcrais para o próximo ano
Embora as avaliações possam ser positivas, o ponto fundamental que irá determinar se as acções dos mercados emergentes vão ter um bom desempenho ao longo dos próximos 12 meses é, em última análise, o rumo que irão seguir os lucros das empresas. É óbvio que o valor das acções nos mercados emergentes segue de perto a evolução operada nos mercados desenvolvidos. Por isso mesmo, quando se pretende obter uma visão mais precisa sobre o potencial de uma empresa, um dos principais factores a considerar são os lucros que a mesma irá gerar.

Há uma série de resultados que vão de encontro às expectativas dos investidores. Estamos a prever um cenário base, de acordo com o qual os lucros dos mercados emergentes poderão registar um crescimento da ordem de 10-12% em 2012. Alguns investidores mostram-se mais optimistas (entendem que o crescimento poderá tocar a fasquia dos 25%), outros nem por isso, e de acordo com o pior cenário - verificado em crises anteriores - os lucros poderiam sofrer quebras de 20-30%.

A verdade é que não estamos a prever que possa surgir uma crise nos mercados emergentes em 2012 (na pior das hipóteses, as previsões sobre os lucros serão revistas em baixa), fundamentalmente porque estes países estão muito mais fortes do que em crises anteriores. Comparativamente aos mercados desenvolvidos, os mercados emergentes apresentam menores níveis de endividamento e, por conseguinte, possuem grandes reservas de capital para aplicar. Não é que esses países se comportem de melhor forma no que toca ao endividamento. A questão é que sofreram uma crise de dívida mais recentemente, cujo impacto continua a afectar o comportamento do governo e dos consumidores até hoje.

Por conseguinte, as reservas dos mercados emergentes podem, nesta altura, ser utilizadas para aumentar a despesa pública, a fim de manter o crescimento económico durante a conjuntura difícil - uma opção cada vez mais remota no caso dos governos dos países desenvolvidos, a braços com a escassez de capitais.

Onde é que encontramos o valor
Entre as economias BRIC, a da Índia é a que está gerar maiores preocupações, pois apresenta limitações orçamentais e parece estar um pouco cara. A China, por outro lado, é frequentemente muito cara, mas nesta altura oferece um valor justo, que poderá ser atractivo para as acções chinesas. O Brasil e a Rússia, por seu lado, oferecem o melhor valor entre as economias BRIC.

Curiosamente, conduzimos há pouco tempo um inquérito em que perguntávamos aos investidores profissionais quais os mercados emergentes que, na sua opinião, iriam apresentar melhor desempenho nos próximos 12 meses. O Brasil ocupava o primeiro lugar da lista, logo seguido pela Rússia e pela Índia, à frente da China. O que é surpreendente neste inquérito é o facto de, nos últimos cinco a dez anos, ter havido mais clientes optimistas em relação à China do que a respeito de qualquer outro país. Agora, a China tornou-se um pária do mercado.

No entanto, há muito tempo que não estávamos tão expostos à China como nesta altura, e as oportunidades continuam a surgir, sobretudo em relação a empresas de alta qualidade com sólidos balanços, as quais tiram partido de um desenvolvimento infra-estrutural sustentável.

Em termos gerais, apesar de o investimento em mercados emergentes suscitar ainda fortes reservas, continuamos muito optimistas e cremos que esses mercados vão surpreender pela positiva nos próximos 6-12 meses. A sua forte política orçamental, aliada à continuidade dos lucros das empresas, bem como as avaliações positivas e o aumento do crescimento interno e do consumo contribuem, a longo prazo, para a consolidação dos mercados emergentes, apesar da incerteza que continua a pairar sobre os mercados mundiais.






*Director de vendas da JPMorgan AM


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