Opinião
O Valor Sustentável
Regresso do meu habitual Seminário no IESF, subordinado ao tema "Como integrar a Sustentabilidade na Gestão Estratégica das empresas". Aproveitei a oportunidade para mostrar o Relatório de Sustentabilidade que a Secil elaborou, e bem, demonstrando assim,
Fi-lo, porque, em Portugal, infelizmente, são ainda uma minoria as organizações (dos sectores público e privado) que o fazem. E porque me parece indispensável incentivar este tipo de prática de boa governação nos cursos de Mestrado e MBA.
De facto, e tal como constata o Global Institute for Social Innovation, "We need leaders who have a common framework for understanding the role of each sector, public, private, and social, in balancing the twin goals of sustainability and growth to drive positive social change". Quer isto dizer que se aos gestores sempre competiu maximizar o retorno para os accionistas, passam agora a ter de consegui-lo num contexto mais amplo, com a intensificação da percepção (pela sociedade, mercado e stakeholders) de que as organizações têm de nortear também as suas actividades de forma responsável na envolvente social e ambiental, e demonstrá-lo publicamente, por exemplo, em Relatório de Sustentabilidade. A nossa experiência revela, aliás, que utilizando adequadas ferramentas de gestão para a Sustentabilidade, as organizações podem, de facto, acrescentar Valor ao investimento, com o mínimo impacte/risco social e ambiental possível. Este benefício é tão mais relevante quanto está, crescentemente, em questão a própria "ética dos negócios". Nem é de estranhar o actual reavivar do conceito de Responsabilidade Social das Empresas/RSE, e de boa governação, segundo padrões de ética, nomeadamente de transparência, justiça, diálogo, comunicação, mais coadunação com a realização pessoal e familiar dos RH.
O Valor Sustentável
Se o pressuposto básico da RSE é a legitimidade, então parece lógico estimular o desenvolvimento de (novas) competências nas organizações, que incentivem a partilha de valores e uma cultura comum de cidadania, para fazer face às crescentes expectativas sociais que pressionam as empresas para significativas mudanças implícitas no "contrato social" entre negócios e sociedade. Estas mudanças são um requisito do processo de Desenvolvimento Sustentável, e, como este assenta no equilíbrio entre objectivos económicos, sociais e ambientais, facilmente se entende que a RSE integre, não só os (indispensáveis) objectivos de rendibilidade, mas também de salvaguarda do ambiente e de bem-estar social, independentemente do lugar onde são exercidas as actividades da organização.
O Valor Sustentável passa, pois, a conceito central da Gestão Socialmente Responsável, cabendo à organização adoptar normas ambientais e sociais para complementar os seus objectivos financeiros. Torna-se pois crucial compreender esta realidade em tempo útil e saber levá-la, adequadamente, à prática, tanto mais que estará cada vez mais em causa demonstrar, publicamente, que os impactes/riscos económicos, sociais e ambientais são geridos de modo a maximizar os benefícios, mas, também, a minimizar os efeitos colaterais de toda a actividade da organização.
É, precisamente, esta atitude de responsabilização perante os stakeholders que os Relatórios de Sustentabilidade permitem apreciar através da utilização de Indicadores já globalmente aceites. Sublinhe-se que a questão da conversão dos parâmetros da Sustentabilidade em Indicadores quantificáveis de performance social, económica e ambiental, ficou resolvida com o amplo consenso global conseguido nas "Sustainability Reporting Guidelines", elaboradas pela Global Reporting Initiative/GRI. Há pois que esperar um comportamento exemplar dos Departamentos de Estado e não só das empresas.