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Opinião
05 de Abril de 2007 às 13:59

Um desafio às PME

Tendo apreciado, com cuidado, a versão 3 das Directrizes da GRI para elaboração do Relatório de Sustentabilidade das organizações, confesso que, independentemente da relevância deste excelente (e complexo) guia para a Sustentabilidade a nível mundial, sen

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Se, para as grandes empresas, nomeadamente transnacionais, a elaboração deste Relatório não constitui, certamente, qualquer problema, dada a competência dos seus recursos humanos nesta nova temática, e a disponibilidade de abundantes recursos financeiros, nomeadamente para recorrer a consultoria de qualidade, já para as PME, tão abundantes em Portugal, revelar-se-á de difícil execução. Isto porque a informação requerida é muito vasta e as ferramentas de gestão para a Sustentabilidade são pouco familiares a estas empresas, bem como a provável falta de competências específicas.

Claro que aprender a transformar estes constrangimentos em custo de oportunidade me parece um imperativo a mais ou menos curto prazo, porque, embora de carácter "voluntário", não podemos esquecer que as grandes empresas, no âmbito dos seus próprios Relatórios de Sustentabilidade, passam, por exemplo, a exigir aos seus fornecedores, predominantemente PME, a demonstração de um comportamento Socialmente Responsável e publicamente demonstrável. Caso contrário, têm sempre a possibilidade, e usá-la-ão cada vez mais, de mudar de fornecedores.

Esta tendência, liderada pelas transnacionais, veio para ficar, e implica, em nosso entendimento, que as nossas PME terão de consciencializar-se, e quanto antes melhor, da necessidade de investir na melhoria da sua tripla performance económica, ambiental e social, e estar preparadas para este novo tipo de reporting.

Um incentivo será visitarem o "site" info@globalreporting.org , onde encontrarão toda a informação sobre as "Sustainability Reporting Guidelines". Por exemplo, o relator deve explicitar a visão estratégica da empresa em relação à Sustentabilidade a curto, médio, e longo prazo, e os seus os principais impactes na Sustentabilidade da organização e dos "stakeholders", bem como os impactes das tendências, riscos e oportunidades nas perspectivas de longo prazo e na performance financeira da empresa. Todos os fluxos devem ser quantificados, sendo proposto um vasto conjunto de 79 Indicadores de performance (Centrais e Adicionais) repartidos pelas áreas económica, ambiental e social, cada uma das quais integrando vários aspectos.

Na área Económica, os aspectos referidos são performance, presença no mercado e impactes económicos indirectos. Na área Ambiental, temos os materiais, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos, bens e serviços, conformidade, transporte, investimentos e gastos. Na área Social, há ainda várias categorias, como sejam práticas e trabalho decente, integrando como aspectos o emprego, saúde e segurança, educação e formação, diversidade e igualdade de oportunidades; categoria Direitos Humanos: investimento em acordos e prospecção, não discriminação, liberdade de associação e contratos colectivos, trabalho infantil, trabalho forçado e compulsivo, práticas de segurança, direitos dos povos locais; categoria Sociedade: comunidade, corrupção, política pública, comportamento anticorrupção, conformidade; categoria responsabilidade do produto, abrangendo os aspectos: saúde e segurança dos clientes, rotulagem de bens e serviços, comunicação de "marketing", privacidade do cliente, conformidade.

Estes itens dão bem a ideia do que está em jogo, nomeadamente para o sistema económico e PME, embora seja claro que não é de esperar que todas as organizações tenham de reportar, voluntariamente, no seu Relatório de Sustentabilidade, o conjunto dos Indicadores e todos os aspectos que a GRI propõe, dada a especificidade própria a cada organização.

Queremos acreditar que o Governo, consciente dos riscos e oportunidades implicados nesta nova maneira de estar nos negócios, não deixará de dinamizar, pelo menos junto das nossas PME, iniciativas coerentes que potenciem a sua capacidade de sobreviver em tal situação.

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