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Constança Peneda 02 de Novembro de 2006 às 13:59

Vontade política: uma forma de energia renovável?

Fui ver o filme "An inconvenient truth" e, de um modo geral, gostei. Estamos perante uma acção de sensibilização com muito interesse, sobretudo para um público como o nosso, ...

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Estamos perante uma acção de sensibilização com muito interesse, sobretudo para um público como o nosso, também ainda muito pouco informado/formado na ampla temática que é a Sustentabilidade do Desenvolvimento. De facto, o que está em jogo é "apenas" a salvaguarda de uma das mais relevantes funções, senão a mais relevante, do sistema ecológico global, ou seja, a regulação do clima no Planeta, condicionante da nossa sobrevivência, a prazo.

Mesmo que se esteja ainda desconhecedor da problemática da Sustentabilidade, quem não será tocado pela objectividade dos factos apresentados por Al Gore e pelo seu contributo para uma maior consciencialização, neste caso, dos portugueses?

Sabemos bem que não tem havido (eu pelo menos desconheço) quaisquer programas de sensibilização dos cidadãos em geral para este tema, o que não favorece o grau, já de si baixo, de cidadania, nem o seu potencial contributo para mudar de paradigma. Cada um dos que entendem esta mudança como imperativo ético, e não se fiquem apenas pela retórica, não deixarão de querer contribuir, à sua maneira, tal como Al Gore, para mudar atitudes e comportamentos, e fazer progredir a consciência da necessidade de um processo de Desenvolvimento que visa, simultaneamente, o equilíbrio entre objectivos de crescimento económico, de salvaguarda do ambiente e de justiça social.

Não é isso que se está a ver no País. Perante evidências de que os impactes ambientais, económicos e sociais, associados à degradação da Natureza, colocam à sociedade actual (e futura) enormes custos, desafios e riscos, será imoral ignorá-los e não divulgar amplamente estas informações ao tecido económico e social, para o poder envolver na identificação e implementação de soluções minimizadoras/compensadoras.

Sabemos, por experiência própria, que as empresas promotoras de sustentabilidade são aquelas cuja estratégia é, precisamente, operacionalizada de forma a explorar, simultaneamente, o potencial dos factores económicos, ecológicos e sociais na criação de Valor e que adoptam normas ambientais e sociais para complementar os seus (indispensáveis) objectivos de lucratividade. Aliás, e como li com agrado numa das revistas da ACEGE, "a empresa tem de nortear as suas actividades de forma responsável para com o seu enquadramento social e ambiental, de forma a fomentar a sua sustentabilidade a prazo, correlacionada com a sustentabilidade da sociedade onde actua".

De facto, o que está em causa é um bem comum, aliás, finito. Por conseguinte, todos nós deveríamos adquirir competências para o utilizar por vias sustentáveis, exigindo-se uma atitude exemplar por parte da governação. Temos vindo a propor (aliás, em vão) que, definitivamente, seja dado cumprimento à Resolução 57/254 das Nações Unidas que instituiu a "Década da Educação para a Sustentabilidade (2005/ 2015)" com o objectivo de integrar, progressivamente, o Desenvolvimento Sustentável a todos os níveis do sistema de ensino. Vemos toda esta problemática enquadrada num contexto de Ética, de escolhas morais e dos valores que lhes estão subjacentes, de direitos e deveres, de distinção entre o que é certo e errado. Sendo errado degradar as funções que a Natureza oferece, nomeadamente, de regulação climática, então a sua manutenção é um dever, e, para isso, é indispensável vontade política. Al Gore encara-a, como uma forma de energia renovável...

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