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Na terra dos negócios do futebol

Um dos maiores enigmas da temporada tem que ver com as transmissões de jogos da I Liga em sinal aberto. Ou melhor, com a gestão dos direitos de transmissão. Irá alguém, à última hora, em nome do "interesse nacional", obrigar a RTP a abrir os cordões à bolsa?

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O futebol e os negócios deixaram de ser realidades paralelas. Tudo está ligado como se estivéssemos a recuperar esse portento dos "reality-shows", o "Acorrentados". Jogadores, treinadores, empresários, dirigentes, donos, televisões, publicidade e mesmo Bolsas de Valores são irmãos de sangue neste jogo global.

Um dos maiores enigmas da temporada tem que ver com as transmissões de jogos da I Liga. Ou melhor, com a gestão dos direitos de transmissão, algo que levou o Sr. Joaquim Oliveira a ser considerado, pelo seu irmão, o "FMI do futebol". Até agora tudo corria bem. Mas de repente surgiu um pauzinho na engrenagem.

Nenhum dos canais generalistas quer pagar a pequena fortuna para transmitir um jogo por semana em sinal aberto. Pode parecer uma birra, mas não é. O Sr. Oliveira tem a SporTV e isso seria a forma de os portugueses, para verem os jogos, irem a correr assinar o canal de cabo. Contra isso há o problema menor de Portugal estar em crise e de nem todos terem dinheiro para pagar o privilégio de ver os jogos do FC Porto, do Benfica e do Sporting. Mas há um problema maior: o dinheiro que os canais generalistas, à vez, iam pagando ao Sr. Oliveira servia como um fundo muito lucrativo e constante para a sua empresa.

Depois, há um problema acrescido: um dos negócios do Sr. Oliveira é a publicidade estática. Cuja

Para quem tem, no mínimo, meia dúzia de extremos, a fixação na contratação do Sr.
Salvio parece um absurdo. O seu custo é inexplicável.
relação com a exposição num canal de sinal aberto é óbvia. Sem RTP, SIC ou TVI, o negócio também fica mais escasso. O drama da Olivedesportos é grande, mas o maior é para a generalidade dos clubes. Grande parte dos mais pequenos vivem sobretudo do dinheiro que o Sr. Oliveira vai distribuindo por eles em direitos de transmissão, muitas delas futuras. Sem receitas, o Sr. Oliveira vai pagar menos. Isto para já não falar do fantasma do Benfica que continua à espera de poder garantir um negócio melhor do que o da Olivedesportos.

Que se irá passar? Irá alguém, à última hora, em nome do "interesse nacional", obrigar a RTP a abrir os cordões à bolsa?

Enquanto os portugueses assistem a esta telenovela futebolística, o Benfica dá uma pequena fortuna pelo Sr. Salvio. Para quem tem, no mínimo, meia dúzia de extremos, a fixação parece um absurdo.

Mas não é para nos espantarmos. Entre o Benfica e o Atlético de Madrid há negócios fascinantes: o Sr. Simão Sabrosa foi para lá e, mais tarde, o Sr. Reyes veio para Lisboa. Mas nenhum negócio foi mais fabuloso, entre Benfica e Atlético de Madrid como o do guarda-redes que fez os encarnados perderem um campeonato, devido às razões inexplicáveis que levaram o Sr. Jesus a colocá-lo na baliza até ao quase suicídio dos adeptos: o Sr. Roberto. Comprado por 8,5 milhões de euros e depois vendido ao Saragoça com um magnífico lucro de 100 mil euros ficou na história como o exemplo dos negócios perfeitos e mágicos entre os dois clubes. O do Sr. Salvio é apenas mais um dessa maravilhosa irmandade.

fsobral@negocios.pt
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