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30 de Maio de 2006 às 13:59

Mundial de Futebol coloca de novo esperançosas bandeiras nas janelas

Como dizia Jack Welch, o país precisa de um espírito empreendedor, precisa que os jovens formados pelas Universidades tenham espírito de empreendedorismo para iniciar os seus próprios negócios e as suas próprias empresas, tal como acontece, por exemplo, c

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A exemplo da festa que envolveu o país de norte a sul há dois anos atrás, à medida que se aproxima o início do Mundial de Futebol aumenta o número de bandeiras portuguesas nas janelas e automóveis e cresce a euforia nos órgãos de comunicação e nas conversas um pouco por todo o lado.

Na nossa memória colectiva ainda está bem presente a onda de entusiasmo que varreu o país de lés a lés durante o Euro. Em 2004, enquanto Portugal se empolgava em torno de dois objectivos – a organização do Euro e a desejada conquista da competição por parte da Selecção portuguesa, um conjunto de «especialistas» de futebol discutia obcecadamente as opções da convocatória do seleccionador Scolari.

Felizmente (para o sucesso do evento) a população não lhes deu ouvidos e preferiu atender aos apelos do seleccionador.

O público que habitualmente não vai ao futebol, nomeadamente as mulheres e a população mais idosa, entusiasmou-se e conferiu ao país um colorido ambiente unanimemente elogiado por todos aqueles que nos visitaram.

Ao contrário dos bons resultados da nossa Selecção, desde a entrada para a União Europeia que Portugal não tem um objectivo claro que mobilize os portugueses fora da área desportiva. A maioria dos líderes e comentadores políticos tem andado entretida com discussões de situações menores, desde os casos judiciários da Universidade Moderna e da Casa Pia até às recentes medidas governamentais sobre o fecho das Maternidades – embora considere um escândalo nacional o Governo português favorecer o nascimento de filhos de portugueses em Espanha – enquanto nos vamos atrasando em relação ao crescimento da média europeia, sem vislumbrarmos um objectivo claro e muito menos uma estratégia para o alcançar.

Numa recente visita a Portugal, Jack Welch, ex-CEO da General Electric, afirmava convictamente que Portugal devia ter vergonha da sua performance internacional e que devia ser gerido como uma equipa de futebol: o futuro não depende do director financeiro mas do treinador que pode liderar a equipa.

Na verdade, Portugal tem vindo a ser «gerido» pelos ministros das Finanças e, porventura, na ausência de um projecto claro e mobilizador, tem sido este um mal menor.

Mas, tal como dizia Jack Welch, o país precisa de um espírito empreendedor, precisa que os jovens formados pelas Universidades tenham espírito de empreendedorismo para iniciar os seus próprios negócios e as suas próprias empresas, tal como acontece, por exemplo, com 20% a 25% dos recém formados norte-americanos, sustenta este gestor.

Por muito que nos custe ouvir este desapiedado discurso, a verdade é existe, neste campo, um longo caminho a percorrer, que não passa apenas pela Universidade, mas pela criação e consolidação de valores morais e sociais que estimulem esta aposta por parte da juventude.

Esses valores têm de passar inevitavelmente por uma maior responsabilização dos jovens por parte dos pais, já que muitos chegam ao final dos seus cursos num ambiente de hiper-protecção, sem nunca terem feito qualquer trabalho e com uma atitude de total expectativa passiva relativamente ao seu futuro.

No panorama universitário português, considero que a ISCTE Business School se distingue pela positiva na alteração das atitudes dos seus jovens alunos, embora ainda estejamos longe dos 20%...

Na licenciatura de Marketing temos pelo menos 20% dos alunos que, a partir do 2ºano, têm trabalhos regulares de part-time durante as aulas ou nas férias. Com essa experiência, conseguem ser simultaneamente, os mais interventivos nas aulas, demonstrando à vontade e experiência, sendo também os que têm normalmente melhores classificações. Também não é de estranhar que sejam os mais procurados pelas empresas, à saída, e que estejam já nas funções mais interessantes de empresas nacionais e internacionais.

Num recente fim-de-semana de acção com actuais alunos – e onde estiveram também licenciados do ano anterior com experiências profissionais diversificadas – uma ex-aluna explicou claramente aos mais jovens que tinha feito um plano de marketing pessoal, numa cadeira do último ano, onde definiu como objectivo criar a sua empresa num espaço de 5 anos, quais as competências e em que tipo de empresa deveria trabalhar a fim de as adquirir: 10 meses passados, o objectivo mantém-se e as competências estão a ser adquiridas numa empresa com as características definidas.

Não estou convencido que este comportamento seja representativo de 20% a 25% dos recém formados, tal como nos Estados Unidos, mas também já não é um acto isolado!

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