Opinião
Luz ao fundo do Túnel?
Nas próximas sessões, as atenções dos investidores irão voltar-se para a divulgação de certos indicadores chave. Estes poderão ajudar a dar consistência a alguns sinais de re-aceleração de crescimento nos Estados Unidos e à recuperação em Wall Street.
Nas próximas sessões, as atenções dos investidores irão voltar-se para a divulgação de certos indicadores chave. Estes poderão ajudar a dar consistência a alguns sinais de re-aceleração de crescimento nos Estados Unidos e à recuperação em Wall Street. Nas últimas semanas, sobressaíram alguns receios quanto a um abrandamento súbito da economia americana. Nomeadamente, as vendas a retalho em Março foram abaixo do esperado, a criação de emprego tinha desapontado e as encomendas de bens duradouros registaram uma contracção de 2.3%. Porém, os indicadores mais recentemente divulgados parecem ter dissipado esses receios, ao surpreenderem em alta. As vendas a retalho em Abril registaram um crescimento de 1.4%, a economia americana criou 274000 empregos e, sobretudo, os números do défice comercial em Março (55 biliões de USD, bastante abaixo do esperado) deixam em aberto uma revisão em alta dos números do PIB do primeiro trimestre (inicialmente estimado em 3.1%, taxa anualizada). Não admira por isso a reacção dos mercados: destaque aqui para o Nasdaq, a registar máximos em 1 mês e para o o EURUSD, a quebrar o mínimo de 1,2730 do início do ano.
Com algumas novas tendências no mercado a ganharem força, a questão que se coloca é saber que indicadores ou que factores poderão surpreender os investidores. Na zona euro, destacamos divulgação da produção industrial e da inflação, na próxima quinta feira. O consenso para a produção industrial é de uma contracção de 0.3% no mês de Março (em termos homólogos, crescimento de 0.1%). Na eurolândia, o sector transformador está próximo de uma recessão. Apesar da melhoria da Alemanha, a produção industrial em França e Itália contraiu no mês de Março. Estes dados acabam por ser consistentes com os valores abaixo do patamar de 50 para o PMI (sector transformador) da zona euro em Abril, ao que, por sua vez, não é estranha a subida do preços do petróleo e a apreciação do euro acumulada ao longo dos últimos meses. A inflação deverá ser de 2.1% em termos homólogos em Abril, acima do patamar de 2.0% do Banco Central Europeu - o que, curiosamente, acaba por ajudar um pouco os membros do Banco Central Europeu a justificar a manutenção das taxas directoras.Nos Estados Unidos, a produção industrial, a inflação e o Philly Fed merecem a nossa atenção. As expectativas para a produção industrial em Abril apontam para um crescimento de 0.2% e 79.5% para a utilização da capacidade produtiva. Entretanto, o consenso para o Philly Fed é de 17.1 em Abril contra 25.3 em Março. A divulgação destes dados assume um «timing» particularmente importante, na medida em que poderão anular por completo os receios que surgiram em Março, ou, pelo contrário, reavivá-los. Ressalvada a hipótese de mais surpresas, estamos mais inclinados para a primeira hipótese.