Opinião
Sufrágio e referendo vão marcar a semana
As eleições em Portugal, o referendo sobre a nova constituição europeia em Espanha, alguns indicadores económicos e a indefinição quanto à magnitude de novas subidas de taxas de juro pela Reserva Federal deverão dominar os mercados na semana.
Esta segunda-feira, Portugal deverá ser notícia, com os investidores a reagirem aos resultados das eleições do fim de semana. Alguns títulos (por exemplo, a EDP) poderão mostrar alguma debilidade numa eventual vitória do PS, sobretudo se o novo governo decidir assumir uma postura mais intervencionista na esfera privada. No entanto, a possibilidade de uma maioria poderá assegurar uma maior estabilidade no governo, com benefícios evidentes em termos de investimento e crescimento económico. Espanha também deverá dominar as atenções – ontem os espanhóis referendaram uma nova constituição para os 25 países da União Europeia. Esta votação é determinante para se definir uma nova estrutura de decisão na União Europeia e ajudar a promover uma política externa comum.
Nos mercados accionistas, continua a notar-se alguma incerteza em relação à magnitude de novas subidas de taxas de juro pelo Federal Open Market Committe. O depoimento de Alan Greenspan perante o Senado na última semana não foi suficiente para dissipar estas dúvidas – algo que tem penalizado os mercados accionistas desde o início do ano (o S&P 500 e o Nasdaq acumulam perdas). E é pouco provável que esta questão fique resolvida nos próximos dias apesar da divulgação dos dados da inflação (este indicador vai ser divulgado na próxima quarta feira – a expectativa para o índice de preços do consumidor em Janeiro é de 0,2% contra uma contracção de 0,1% em Dezembro).
Na Zona Euro, existe alguma expectativa em torno dos números do Ifo (o consenso é de uma subida para 96,75 contra 96,40 em Janeiro; vai ser divulgado na quarta-feira). Este índice de sentimento empresarial poderá ajudar a anular um pouco o impacto dos números desapontadores do PIB do quarto trimestre da principal economia da Zona Euro (registou uma contracção de 0,2% contra expectativas de um crescimento de 0,1%). Nos mercados cambiais deverá notar-se alguma indefinição quanto à evolução do euro contra dólar. Os que acreditam no euro justificam a sua posição nos desequilíbrios da balança comercial e orçamental (défices gémeos). Os que consideram mais provável uma apreciação do dólar baseiam-se na melhor performance em termos de crescimento da economia americana e na possibilidade de novas subidas das taxas directoras do Fed. Em relação a USD/JPY, existe algum risco de deslize adicional do iene.
Os números do PIB do quarto trimestre desapontaram. (a economia japonesa registou uma contracção de 0.1% no trimestre ou -0.5% em termos anualizados).