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28 de Março de 2005 às 13:59

O Fantasma da Inflação

A divulgação de vários indicadores vai dominar as atenções na semana. Estes vão permitir ajudar a determinar qual a magnitude de novas subidas de taxas pela Reserva Federal (Fed) ou se é elevada a probabilidade do BCE surpreender com uma alteração de taxa

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Na última reunião, foi anunciada uma subida do «fed funds rate» em 25 pontos base. No comunicado desta reunião, a Fed alertou para a emergência de pressões inflacionárias a curto prazo. Ou seja, deixou em aberto a possibilidade de novas subidas. O ritmo e a magnitude de novas subidas de taxas irá depender dos dados da inflação e de outras estatísticas económicas.

Por exemplo, se os números dos empregos criados em Março surpreenderem em alta - as expectativas apontam para a criação de 220.000 empregos - e se simultaneamente a taxa de desemprego recuar, a maior estreiteza no mercado de trabalho poderá aumentar as pressões ao nível dos preços do consumidor. A confiança dos consumidores para Março, as ordens de empresas (Fevereiro), o Chicago PMI (Março) e o ISM do sector transformador são outros indicadores que merecem destaque nas próximas sessões.

Na Zona Euro, existem alguns riscos quanto à estabilidade do nível geral de preços a médio prazo. As regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento foram flexibilizadas, o que em termos práticos significa maior discrição por parte dos diferentes governos centrais em termos de política fiscal. O crescimento do agregado monetário M3 também permanece robusto, o que faz aumentar os receios do BCE quanto às pressões inflacionárias. Estes dados sobre os agregados monetários tem sido alvo de vários alertas por parte de vários responsáveis do BCE. Esta vigilância não deverá diminuir a curto prazo - na próxima quarta feira antecipa-se uma aceleração do crescimento do agregado M3 para 6,7% em Fevereiro contra 6,6% em Janeiro (bastante acima da taxa de referência de 4,5% que o BCE considera consistente com a estabilidade do nível geral de preços).

No entanto, os riscos em termos de desaceleração em termos de crescimento estão a aumentar. O que reduz a probabilidade do BCE surpreender a curto prazo com uma subida de taxas. O declínio do índice empresarial Ifo na Alemanha em Março reforçou estes receios e antecipa-se no dia 1 de Abril um declínio do PMI sector transformador da Zona Euro para 51,7 (março) contra 51,9 no mês anterior. Existem também poucas pressões de momento ao nível da inflação - o dado preliminar da inflação na Zona Euro vai ser divulgado quinta-feira e deverá fixar-se em 2,0% contra 2,1% em Fevereiro.

Esta incerteza em relação à política monetária da Zona Euro e nos EUA deverá continuar a travar as tentativas de recuperação dos mercados accionistas. Note-se que a inflação não é uma palavra desejada pelos mercados.

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