Opinião
O Dilema do BCE
Na próxima semana, as atenções voltam-se para os resultados da Intel e para a reunião do BCE. Na Zona Euro, os sinais de abrandamento apontam para uma manutenção das taxas de referência, enquanto nos EUA os resultados da Intel poderão dar mais indicações
A Intel vai apresentar resultados no dia 11, depois do fecho do mercado. Outros resultados que vão dominar as atenções são os da Apple Computer e os da Sun Microsystems.
Na Zona Euro, a Carrefour vai fazer uma actualização quanto às vendas do quarto trimestre. Em termos de indicadores, destaque para a divulgação das vendas a retalho nos EUA, uma estatística que poderá ajudar a avaliar a robustez do consumo interno.
Na sexta-feira, seguem-se a produção industrial, o índice de preços do produtor de Dezembro, e o índice de sentimento dos consumidores da Universidade de Michigan de Janeiro.
Na Alemanha, a divulgação do indicador dos mercados financeiros ZEW e os números do PIB relativos a 2004 dominam atenções.
Finalmente, e como referimos, outros acontecimentos de relevo são a reunião do BCE e do Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra. Não se antecipa alteração de taxas pelo BCE ou pelo Banco de Inglaterra. Mas aguarda-se, em qualquer caso, com bastante expectativa a conferência de imprensa que se vai seguir à decisão do BCE, quanto a nós em posição particularmente «pouco confortável» quando se constata que a apreciação do euro contra o dólar corresponde, na prática, a um aperto da política monetária, e vamos assistindo à divulgação de estatísticas que confirmam alguma desaceleração do crescimento (ou mesmo estagnação) da Zona Euro. Com efeito, o crescimento do PIB em França no terceiro trimestre foi revisto em baixa para zero; as vendas a retalho na Zona Euro foram «flat» em Novembro contra Outubro, e o desemprego manteve-se nos 8,9%, confirmando receios de debilidade no consumo.
Assim, não é surpreendente que um número crescente de vozes - e algumas «com peso» nos mercados - tenha vindo a questionar a «passividade» do BCE , ao «validar implicitamente» esta política monetária restritiva perante este cenário de grande diferencial de taxas de crescimento entre os EUA e a União Europeia.
Por outro lado, e conhecendo-se o perfil «conservador» do BCE, o mercado «lê» que em Frankfurt se considera não haver muito (qualquer?) espaço para uma descida das taxas de referência do euro, quando estas se encontram a níveis historicamente baixos. Pelo contrário, algumas das previsões para 2005 têm vindo a antecipar uma subida das taxas de juro. Assim que o crescimento a permita ou quando os deficits públicos a exigirem?