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11 de Julho de 2000 às 12:19

José Martins Soares: «Começou Na Garagem»

É a primeira vez que escrevo neste espaço. Talvez por isso possa aproveitar para gastar algumas palavras para me apresentar. Sou português, nascido e criado em Portugal. Fiz a faculdade em Lisboa,...

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É a primeira vez que escrevo neste espaço. Talvez por isso possa aproveitar para gastar algumas palavras para me apresentar. Sou português, nascido e criado em Portugal. Fiz a faculdade em Lisboa, onde também comecei a trabalhar. Depois Madrid e agora Londres. Sempre fui analista de acções, ou seja, nunca tive um trabalho a sério. Há quatro anos que faço isto e, devo confessar, gosto muito.

Num destes fins-de-semana, dediquei-me a ler a tonelada de jornais que tinha comprado em Lisboa. Li uns artigos sobre umas empresas portuguesas de tecnologia e fiquei interessado. Vi o website de uma delas porque queria saber mais, e telefonei-lhes. Vai ser cotada em Bolsa um dia destes e é bem capaz de atingir um valor extraordinário. Fantástico!

O curioso é que me lembro de já ter ouvido falar deles há uns anos, até de conhecer algumas pessoas que lá trabalhavam. Era provavelmente ainda muito pequenina. Mas cresceu. E parece ter perspectivas muito boas para o futuro. É isto que no longo prazo determina o valor de um investimento e finalmente a sua cotação em Bolsa.

Com tudo isto, lembrei-me também dos livros que li de um senhor chamado Peter Lynch. Ele geriu aquele que foi o maior fundo de investimento americano – curiosamente chamado Magellan – ou Magalhaes, como o navegador português – conseguindo bater sistematicamente o mercado, apesar do tamanho gigantesco dos activos sob gestao. A empresa onde ele trabalhava, a Fidelity, é hoje ainda um dos maiores gestores de fundos do mundo.

O princípio básico que Peter Lynch advogava era: invista no que conhece.

No dia-a-dia todo nos deparamos com informação que é bem especial em muitos casos. Apesar de insuficiente para determinar uma decisão de investimento, é, na opinião deste senhor, um excelente ponto de partida para perceber se o negócio é atractivo.

Por exemplo, basta ver a loucura dos portugueses pelos telemóveis ou o sucesso da Cervejaria Portugália para entender que, em princípio, as coisas correm bem. Depois, só temos que fazer o trabalho de casa. Curioso como certos investidores dedicam mais tempo a escolher uma camisola que a aplicar a sua poupança.

A Internet pode ajudar imenso a fazer os deveres. Podemos ver relatórios e contas das empresas, comentários sobre o futuro crescimento do sector em causa ou mesmo até opiniões de tipos como eu. Depois de verificar a história, de fazer algumas contas para o futuro e de pesar bem os riscos, invista. Os dois exemplos que referi são bem conhecidos, mas há muitos mais por aí. Se calhar, o melhor investimento trata-se da empresa que o seu vizinho fundou depois de ter uma ideia genial. Comecou com meia dúzia de cobres. Como aquela música dos GNR “dedicada” à Microsoft: «Começou na garagem...»

José Martins Soares é analista no banco de investimento J.P.Morgan, onde faz parte da equipa que acompanha os sectores de Software & IT Services na Europa. Comentários/sugestões: jose_martins_soares@hotmail.com

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