Opinião
Joaquim Hortinha: Publicidade
Este artigo é interactivo. Para disfrutar integralmente do mesmo deve estar ligado à Internet e utilizar os links que são sugeridos. Só assim será possível ver os exemplos e conhecer os diferentes formatos de publicidade «online»» aqui apresentados.
O
«banner» no contexto da publicidade «online»
O
banner pode ser considerado o pai da publicidade «online». De facto,
este foi um dos primeiros formatos publicitários a vingar na Internet e hoje em
dia quase não há «site» que não tenha os seus espaços reservados para ele.
Como qualquer produto maduro, o «banner» começa a dar mostras de cansaço,
que podem ser comprovadas pela sucessiva redução do CTR («click through rate»)
- o mesmo é dizer da percentagem de pessoas que visualizando o «banner» fazem
click no mesmo.
Assim,
de CTR médios que chegavam a atingir 5%, ou mais, em 1998, em campanhas de 2 ou
3 semanas, passámos actualmente para valores sistematicamente abaixo de 1%.
A
agravar esta situação, a imprensa e as empresas de «market research» têm
penalizado a publicidade «online» e em particular este formato, com notícias
e estudos como o realizado pela Netimperative (www.netimperative.com),
que revelou que no Reino Unido 58% das empresas afirmaram não ir recorrer a
este tipo de publicidade em 2002.
Quais as reacções à sucessiva queda do CTR?
Preocupados com a redução sucessiva do CTR e a consequente menor atractividade deste formato para os anunciantes, «publishers», agências de publicidade e centrais de meios foram adiantando algumas soluções para minimizar o problema.
Entre
estas estão colocar vários «banners» associados à mesma campanha, trocar os
«banners» no mínimo uma vez por semana, utilizar outros formatos de «banner»,
como os «skyscrapers» ou os botões, e melhorar a criatividade no sentido de
incentivar o click. Por outro lado, as empresas de fornecimento de soluções de
«adserving», como a Double Click (www.doubleclick.com) introduziram
funcionalidades para segmentação do «target», que teoricamente deveriam
melhorar o CTR. Algumas das mais conhecidas são o «Frequency Cap» e o «Targeting».
Se a primeira ainda tem vindo a produzir algum efeito, no caso da segunda a
utilização tem sido praticamente nula, pois na sua maioria os «sites» não
possuem a informação necessária sobre os utilizadores, que serve de base à
segmentação.
No
entanto, estas pequenas alterações tiveram efeitos reduzidos e temporários,
pelo que como a necessidade aguça o engenho, rompeu-se com o tradicionalismo do
«banner» e avançou-se para novos formatos. São alguns destes novos formatos
que serão abordados neste artigo, ao nível da sua caracterização, impacto
actual e perspectivas futuras.
Que
novos formatos publicitários surgiram e quais os seus resultados práticos?
Graças
à utilização de tecnologias do tipo Rich Media, em que se incluem, Flash (www.macromedia.com), Enliven
(www.enliven.com) e Eyeblaster (www.eyeblaster.com),
foi possível evoluir para, entre outros, mais cinco formatos de publicidade «online»:
1.«Floating
Ads» – anúncios que surgem sobre o conteúdo normal da página web,
flutuando livremente sobre esta, normalmente num «layer» em Flash. Estes podem
ser simples, não interagindo com quaisquer outras unidades da página (exemplo
em http://sponsorships.doubleclick.net/floating/airfrance/default.htm),
ou interagir com outra peça criativa existente na página, normalmente outro anúncio,
que é em geral estático, indo quase sempre terminar neste o seu percurso sobre
a página web (exemplo em http://www.intermidia.com.br/festival/cat_03/03.htm).
Podem também ser expansíveis, ou seja aumentar as suas dimensões, quando o
utilizador faz um click ou passa o mouse sobre eles (exemplo em http://sponsorships.doubleclick.net/floating/dodgeheritage/default.htm);
2.Silhuetas
– anúncios que surgem sobre as «webpages» sobre a forma de um layer flash,
em tudo semelhantes aos pop-ups recortados, descritos no ponto 3.1, mas sem as
funcionalidades destes, nomeadamente a possibilidade de os fechar em qualquer
altura (exemplo em http://sponsorships.doubleclick.net/floating/dodgeheritage/default.htm);
Fig: Exemplo de silhueta em anúncio do Turismo Australiano.
Fonte: www.doubleclick.net
3.Pop-up
– anúncio que surge numa janela separada sobre o conteúdo da webpage. Pode
surgir sobre as quatro formas a seguir descritas:
3.1.Pop-up
regular, no caso em que a janela toma um dos formatos rectangulares padronizados
pelo IAB (www.iab.net);
3.2.Pop-up
recortado, no caso em que a janela toma a forma do produto anunciado (exemplo em
http://sponsorships.doubleclick.net/alamo/popupsmash.html);
3.3.Pop-up
agitado, no caso em que a janela apresenta efeitos semelhantes a uma agitação
(exemplo em http://sponsorships.doubleclick.net/popups/bacardi/default.htm);
3.4.Pop-up
Microsite, no caso em que o pop-up é mais do que um simples anúncio,
apresentando conteúdos relevantes, como pequenos passatempos ou informações
(exemplo em http://www.sampleserver.com/britishairways/microsite/index.htm);
Fig: Exemplo de Pop-up Microsite
da British Airways
Fonte:
www.doubleclick.net
3.5.«Intersticial»
– anúncio que aparece numa nova janela entre duas páginas de conteúdos. Por
vezes também é chamado de anúncio de transição ou intermercial (exemplo em http://www.eyeblaster.com/demo/nbcinterstitial);
4.Cursores
– anúncio que surge ligado ao cursor, acompanhando este. Trata-se uma situação
um pouco incómoda para o utilizador, pelo que se recomenda a sua utilização
apenas com a funcionalidade «frequency cap», de modo a reduzir ao minímo o número
de vezes que o utilizador é submetido ao mesmo (exemplo em http://sponsorships.doubleclick.net/cursors/absolut/fixedcursor.htm);
5.«Wallpaper
ads» ou «backgrounds» – situação em que o anúncio surge como «wallpaper»
(fundo) do site (exemplo em http://sponsorships.doubleclick.net/cursors/absolut/fixedcursor.htm).
Qual
tem sido a evolução, em termos de utilização, dos novos formatos?
Segundo
a Creative Partner e a Mediacontacts, duas das principais Agências de Meios
Internet em Portugal, e a hi-media e a Mediabanner, duas das principais «e-networks»,
no ano de 2001, sobretudo no último trimestre verificou-se um forte incremento
na utilização deste tipo de formato, sendo que em média, 10 a 15 % das
campanhas envolveram outros formatos que não o «banner». Mais afirmam, que no
presente ano, essa tendência tem vindo a manter-se e essa percentagem situa-se
actualmente em torno dos 20%.
Que
Perspectivas futuras para a publicidade «online»?
Dada
a queda da eficácia do «banner», os anunciantes irão certamente passar a
decidir-se progressivamente por formatos diferentes, sendo que para além do
crescimento das dimensões dos anúncios, utilizando formatos como os «skyscrapers»
e os «pop-ups», haverá um aumento da importância do rich media, surgindo anúncios
mais animados, com som, imagem e interactividade, devido à utilização de
tecnologias como flash e enliven. Estas e outras tecnologias permitiram o
nascimento de formatos como os descritos neste artigo. Os objectivos destes
novos formatos são claros, chamar a atenção do internauta, sem ser demasiado
intrusivo e sempre que possível, ser divertido.
Por
outro lado verificar-se-à uma cada vez maior integração do anúncio no conteúdo,
utilizando tecnologias como o Eyeblaster (www.eyeblaster.com).
Esta tendência é em tudo semelhante ao que irá acontecer na Televisão
Interactiva, onde as múltiplas funcionalidades permitirão ao cliente evitar a
publicidade entre os programas. A solução está no «product placement», mas
mais intensivo que o actualmente utilizado no cinema e nas telenovelas.
Haverá
uma cada vez maior tendência para funcionalidades simples e de implementação
automática, como o caso dos Adwords disponibilizados por alguns motores de
busca, como o Google (www.google.com).
Em
termos de normalização, o Internet Advertising Bureau (www.iab.net), procurará
cada vez assumir-se como o normalizador desta indústria, procurando que todos («publishers»,
agências, «webdesigners» e clientes) falem a mesma língua.
Agradecimentos:
Jorge Laranjinha – CreativePartner (www.creativepartner.pt), José Frade –
Mediacontacts (www.mediacontacts.com), Benedita Simas - Hi-Media
(www.hi-media.com), Nuno Virgilio – Mediabanner» (www.mediabanner.pt)
e Joana Chambel – Cidade BCP (www.cidadebcp.pt)
GLOSSÁRIO
Adserver
– Aplicação responsável pela apresentação dos anúncios num site. Permite
a gestão do conjunto e a obtenção de estatísticas diversas
Adwords – Publicidade em motores de busca, em que o anúncio é
apresentado de acordo com as keywords escolhidas pelo anunciante, constando de
um link da empresa anunciante, devidamente assinalado como publicidade, que é
apresentado junto com os resultados da pesquisa. Este tipo de publicidade é
disponibilizado pelo motor de busca Google
«banner»
– Área rectangular do écran que publicita uma marca, procurando cativar o
utilizador a fazer click sobre ele e entrar no website correspondente
Botão
–
Formato publicitário semelhante ao “banner», mas de pequenas dimensões
CTR
(click through rate)
– Taxa de respostas de um anúncio «online». Em geral é uma percentagem
resultante do rácio entre o nº de clickthroughs e o nº de impressões. Ex.:
(20 clicks/1000 impressões) x 100 = 2% CTR
Double Click – uma das principais empresas fornecedores de sistemas de
adserving a nível mundial
Frequency cap (fc)- O frequency cap é o número de vezes que um anúncio
é entregue ao mesmo browser durante a mesma sessão ou durante um período de
tempo pré-estabelecido. Tipicamente o fc utilizado é entre 2 e 5, uma vez que
para valores superiores se perde o impacto no internauta. Para gerir esta frequência
os sites utilizam em geral cookies
Product
Placement –
Modalidade publicitária que consiste na colocação dos anúncios de modo que
parece fazerem parte do próprio conteúdo. Por exemplo no cinema, a utilização
pelo James Bond de uma viatura BMW, de um relógio Omega e de um telemóvel
Nokia
Publisher
– Empresa que publica conteúdos. Tratando-se de um webpublisher pode ser um
portal, como o Yahoo (www.yahoo.com), ou um vortal como o Viva Saudável (www.vivasaudavel.pt)
Skyscraper
– Formato publicitário web de grandes dimensões, na vertical,
assemelhando-se a um ‘arranha-céus’. Segundo o IAB (www.iab.net), os
formatos standard são 120*600 e 160*600 pixels, podendo utilizar como
tecnologias html, flash ou Java.
Targeting
– funcionalidade de um adserver que permite pré-definir a audiência de um anúncio
com base nas características desta. A DoubleClick disponibiliza targeting com
base nas características da audiência, como sejam dados socio-demográficos e
Top Level Domain (TLD), no seu comportamento «online», como páginas e áreas
que visitam e nas próprias tecnologias que utilizam, como o tipo de browser, de
sistema operativo (PC ou Mac) e mesmo do ISP através do qual estão a navegar
Top
Level Domain (TLD)
– Parte do endereço Internet que neste caso corresponde a uma sigla do tipo
"com"; "net"; "org", "mil", "int"; "edu", no caso de ser global ou então, por
exemplo .pt, no caso de ser referente a Portugal
Joaquim Hortinha
Professor Universitário
Artigo publicado no Jornal de Negócios – suplemento Negócios & Estratégia