Opinião
Intoleravelmente absolutamente insuportável (ou pior)
Enquanto o Governo se congratula com as décimas a mais ou a menos em qualquer coisa que possa dar aspecto de eficiência (1), sem nunca responder a nada substantivamente, e a Oposição “oposiciona” sem se ver bem aonde, o ruído entrecruzado continua ensurde
Claro que assim o ambiente Feira Popular prossegue com a prestimosa amplificação dos muitos decibéis mediáticos que põem os tímpanos mais sensíveis – como os meus, infelizmente – a pedir pé-sanga.
Obviamente, esta conversa também já não se pode ouvir, mas aqui é obrigatório não esmorecer. Até a SEDES apresentou comunicado opinativo, quando se julgava que estavam todos mortos, de idade ou de inanição.
É que quando a reacção ao insuportável, por quem foi mandatado para disso tratar, pura e simplesmente se não vislumbra, de forma mais que simplesmente amorfa, o mínimo que se pode fazer é protestar, protestar, protestar. (2)
Claro que, agora, me não refiro à reclamação e oposição arruaceira, ela também amorfa em substâncias, apenas mobilizada quando algum interesse imediatista é posto em causa, de preferência de carácter corporativo, mesquinho na alma, mas grandiloquente nas palavras.
Até agora, como se dizia na Guiné, “não disse nada, só falei”, e, por isso, tenho de esclarecer que, no específico, me refiro à questão da direcção das escolas.
Toda a gente sabe que o ensino nacional é um lixo, um sistema destinado a perpetuar ignorância, promover a irresponsabilidade e dissuadir o esforço (claro que aqui e acolá aparecem tentativas meritórias e corajosas de pessoas que remam contra a maré e que possivelmente têm de gastar um balúrdio em Prozac para resistir à frustração).
De certa forma, até se podia sustentar em teoria que qualquer coisa diferente e se possível oposta àquilo que existe seria, essa, a grande reforma estrutural a implantar, coisa para pôr o autor na História pátria e a merecer um lugarzinho no Panteão.
Porém, já não era mau pôr alguma coisa na ordem, principalmente onde o que for modificado tiver efeito alavancado, como na direcção desses locais onde se colocam os jovens que não podem fugir para o ensino privado.
Alguém desconhece que qualquer organização começa por ser melhor ou pior conforme o seu sistema de governação e a capacidade de quem dirige com assunção de responsabilidades?
Já vimos que o que existe funciona mal e foi uma emanação do “eduquês”, essa coisa de iluminárias com insónias, com mercado assegurado e dócil, que, assim sem mais, ocorre ver a competir com o dr. Strangelove.
Agora parece que a ministra quer instalar um sistema em que estruturalmente há um director a dirigir, facto obviamente tenebroso, pois é de um tempo em que os alunos chegavam a saber coisas de filme de ficção cientifica, como a própria raiz quadrada.
Que diz a argumentação sindical/professoral? (3)
Que o sistema não é democrático, escapando às santas almas que a democracia tem “sus sítios” e a questão é exclusivamente de eficiência – conceito altamente totalitário, como é bem sabido por qualquer analfabeto.
Yeah!
(1) Há que deixar de lado o êxito na questão do défice orçamental, obviamente – não esquecendo, porém, o mérito do ex-director Geral dos Impostos e de quem o lá pôs, contra ventos e marés, Manuela Ferreira Leite, por razões de eficiência, imagine-se!
(2) Até me ocorre que bastaria 20% da energia desviada contra os árbitros, neste saudável desporto do protesto, para pôr uns parques eólicos em frenesi giratório e algumas reformas a mexer.
(3) Não hão-de ser todos nem provavelmente a maior parte.