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Opinião
23 de Outubro de 2007 às 13:59

Inovação e Diferenciação

Temos acompanhado, com natural interesse, os excelentes exemplos de proactividade empresarial e académica que visam melhorar o rumo das coisas no que diz respeito à temática da Inovação. E consideramos que estão de parabéns os impulsionadores das acções d

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Mas hoje gostaríamos de abordar o tema da Diferenciação – uma diferenciação que naturalmente vai ancorar, em primeiro lugar, na Formação, aproveitando o desenvolvimento da Inovação. Na realidade, se olharmos para o tecido empresarial português, vai sendo visível o esforço corajoso desenvolvido por muitos que, estrangulados embora pelo peso exagerado da carga fiscal e por uma legislação laboral desfocada da realidade global, continuam a apostar no empreendedorismo e a modernizar as suas empresas, investindo em equipamentos, sistemas ou soluções inovadoras, permitindo deste modo diferenciarem-se e conquistar novos mercados.

Muito do sucesso das exportações portuguesas está exactamente na integração de sistemas com mais-valias que se traduzem em produtos, soluções ou serviços diferenciadores.

É sabido que a base da pirâmide empresarial Portuguesa, como aliás acontece no resto da Europa, é constituída por microempresas ou PME, cuja dimensão ou estrutura de recursos humanos não lhes permite investir em força na real Inovação. Tal não as impede, porém, de aproveitar as “inovações” desenvolvidas por quem pode ou para isso está mais vocacionado, conseguindo valorizá-las com a sua integração nos respectivos processos produtivos.

Nem de propósito, tivemos ainda recentemente a feliz oportunidade de assistir à última aula, fazendo votos para que seja a primeira de uma nova etapa de vida, do promotor dos cursos de artes gráficas, hoje Design Gráfico, do IPT – Instituto Politécnico de Tomar. De repente, realizámos que vai já para 20 anos que esta Escola de Tomar é um claro “laboratório” de Inovação. E não faltam exemplos de grandes criativos ali formados, cujo contributo é importante para a diferenciação de inúmeros produtos que alimentam o crescimento das nossas exportações. Falamos do grafismo de livros, de rótulos apelativos para vinhos, de mensagens publicitárias variadas, isto para já não referir a beleza das porcelanas, tão aclamadas em todo o mundo, ou a revitalização dos nossos têxteis.

Pois bem: o que tem feito o nosso Estado nestes últimos 20 anos para motivar e promover a tão necessária Inovação? Num ambiente de despesismo sem rei nem roque que nos asfixia, quais as verbas canalizadas para os projectos dirigidos à busca de processos e soluções inovadoras? Infelizmente, não é difícil adivinhar a resposta...

Pergunta-se: será que as dotações oficiais cobrem as necessidades básicas das instituições universitárias que se dedicam à investigação e ao desenvolvimento tecnológico, nomeadamente na área das tecnologias emergentes, como são as nanotecnologias?

Nem será preciso ir tão longe. Bastará recordar, por exemplo, a situação de vergonhosa degradação a que o nosso Estado deixou chegar o Salão Nobre do Conservatório Nacional de Música, em Lisboa, considerado de alta qualidade acústica, e onde os nossos alunos deixaram de ter as mínimas condições para se valorizarem e poderem ser inovadores nas suas artes.

Esta é a triste realidade de um Estado que não assume a sua quota de responsabilidade na modernização, no investimento em conhecimento que nos permita competir a nível global em termos de inovação. Um Estado que, por falta de visão estratégica, desbarata recursos sem nexo, mas deixa ao abandono estruturas e organizações com anos de muito de estudo e saber, ávidas de aproveitarem o domínio completo da cadeia do conhecimento para acompanharem os ventos da inovação e do progresso.

Uma coisa é certa: assim não há Inovação ou Diferenciação que resistam!

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