Num mundo em constante mudança, as empresas que colocam a inovação como pilar fundamental da sua estratégia são as que conseguem criar uma base sólida de crescimento sustentável. No contexto empresarial português, a inovação desempenha um importante papel na promoção do crescimento sustentável e na consolidação da competitividade global. As empresas portuguesas têm abraçado cada vez mais a inovação como uma alavanca para impulsionar o desenvolvimento económico e social do país. Mas para que a inovação de processos e produtos tenha impacto e crie valor efetivo, três ingredientes devem estar presentes.

O primeiro ingrediente é a liderança. As empresas necessitam de líderes visionários que promovam uma cultura de inovação dentro das organizações. Um exemplo notável em Portugal é o setor da tecnologia, onde startups lideradas por empreendedores ousados têm alcançado destaque internacional. Empresas como OutSystems, Talkdesk e Feedzai são exemplos de como a liderança visionária pode impulsionar a inovação e colocar Portugal no mapa global da tecnologia. Ao fomentar uma cultura de inovação, os líderes promovem a procura constante de soluções inovadoras para os desafios enfrentados pela empresa, incentivando a experimentação. Stefan Thomke, no seu livro “Experimentation Matters”, refere mesmo que a capacidade das empresas para inovarem depende de um processo de experimentação, onde novos produtos e serviços são criados e os existentes melhorados, e que as novas tecnologias têm um papel crítico na redução dos custos associados a este processo.

O segundo ingrediente é a estratégia. A inovação está intrinsecamente ligada à estratégia empresarial. As empresas inovadoras não só respondem rapidamente às mudanças do mercado, como também antecipam e moldam essas mudanças de forma ágil e adaptativa. Uma abordagem estratégica para a inovação envolve identificar oportunidades, utilizar recursos de forma eficiente e desenvolver produtos e serviços que atendam às necessidades dos clientes de maneira única e impactante. Ao integrar a inovação na sua estratégia, as empresas podem criar e manter vantagens competitivas duradouras e garantirem sua existência a longo prazo. A integração da inovação na estratégia empresarial tem sido uma prioridade para muitas empresas em Portugal. Contudo, é necessário fazer mais. O European Innovation Scoreboard de 2022 coloca Portugal no grupo dos países classificados como inovadores moderados, com um desempenho de 85,8% da média da União Europeia (UE). Apesar de este valor ter aumentado 6,4 pontos percentuais (p.p.) face a 2015, aumentou menos do que a média da UE (9,9 p.p.), o que tornou a distância de Portugal para a média da UE maior.

O terceiro ingrediente é a sustentabilidade. A procura pela inovação não pode ter apenas como objetivo a criação de valor financeiro. Deverá ter, também, objetivos de responsabilidade social e ambiental. As empresas inovadoras devem reconhecer a importância de operar de forma sustentável, dentro de limites sociais e ambientais, minimizando o seu impacto no meio ambiente e contribuindo para o bem-estar das comunidades em que operam. Ao adotar práticas empresariais sustentáveis e promover a inovação com foco na sustentabilidade, as empresas podem criar valor a longo prazo para todos os seus “stakeholders”, enquanto protegem o planeta para as gerações futuras. Aliás, a inovação torna-se um fator fundamental na criação de tecnologias disruptivas que promovam soluções empresariais com um âmbito circular, sustentável e regenerativo.

Apesar dos progressos alcançados, Portugal ainda enfrenta desafios significativos no campo da inovação. Questões como acesso a financiamento, falta de capacitação técnica e burocracia administrativa continuam a ser obstáculos para muitas empresas, especialmente as PME. Uma estratégia colaborativa mais forte e eficaz que envolva setor público, setor privado e universidades, nomeadamente os seus centros de Investigação & Desenvolvimento, poderá colocar Portugal mais bem posicionado para superar esses desafios.

Em suma, a inovação desempenha um papel vital no crescimento sustentável das empresas, impulsionando a sua competitividade. Mas para que a inovação aconteça no seio das empresas é necessário que os líderes promovam uma cultura de inovação, que esta faça parte integrante da sua estratégia, criando vantagens competitivas a longo prazo, e que contribua para soluções de negócio sustentáveis e regenerativas.