Rosário Carneiro e Teresa Venda, deputadas do PS, querem deslocar os feriados para junto dos fins-de-semana para evitar as malfadadas 'pontes': se um feriado cai numa 4a ou 5a feira, a tentação de o encarar como uma extensão do fim-de-semana, sacrificando um dia de trabalho, é grande.

Como a ideia não é nova, é estranho que ainda colha tanta atenção. Não por uma questão de 'Matemática', como dizia Ernâni Lopes, mas pelo 'espírito' do feriado (qual a piada, para um católico, celebrar o 8 de Dezembro a 10?), e por ser a manifestação de um dos nossos piores defeitos: o recurso a quick fixes.

Acredito que as deputadas em causa têm as melhores intenções: o aumento da produtividade. Esquecem-se contudo que ela não é apenas função do tempo que se trabalha... mas de 'como' se trabalha. Qualquer bicho careta sabe de cor e salteado as razões da nossa (im)produtividade: não cumprimos horários, planeamos mal, não temos processos, executamos pior...

Mexer nos feriados é uma medida one-off, cujo efeito se esbaterá em pouco tempo: em termos estruturais não resolve nada. Se queremos ser mais produtivos temos de actuar sobre a 'etica do trabalho'. E isso não se faz com novas leis, mas com Educação. Actuando nas escolas, na formação nas empresas, nas metodologias (a tolerância de ponto, por exemplo, virou uma instituição e não uma excepção)...

Tudo isto leva tempo? Leva. Mas compensa. São esses princípios que transformam os pouco produtivos portugueses, em Portugal, nos super produtivos portugueses, no exterior. As pontes são um problema mas não são o pior deles.