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19 de Dezembro de 2008 às 13:00

Empresas, pessoas e capital social

Por ocasião da realização de dois grandes eventos em Lisboa ligados às questões da Aposta nos Recursos Humanos (Futurália) e dinamização de experiências de Inovação Social, importa fazer algumas reflexões...

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Por ocasião da realização de dois grandes eventos em Lisboa ligados às questões da Aposta nos Recursos Humanos (Futurália) e dinamização de experiências de Inovação Social, importa fazer algumas reflexões sobre a necessidade de construir um novo capital social centrado nas pessoas e na valorização do papel das empresas. A dimensão estratégica dum novo paradigma centrado no conhecimento, inovação e tecnologia ganhou estatuto de consenso entre os diferentes actores públicos e privados envolvidos no desafio do desenvolvimento do País. Pretende-se com a aposta num verdadeiro novo capital mobilizar a sociedade civil portuguesa para um desígnio que é incontornável para a garantia da qualidade de vida e futuro duma nova geração. Trata-se, no fundo, de começar de novo. Nunca como agora a adequada utilização dos talentos e da criatividade foi decisiva. Por isso, a aposta tem que ser ganha.

O primeiro grande vector desta afirmação do conhecimento passa pela activação positiva do capital social. Dinamizar uma cultura de participação efectiva, consolidar mecanismos de valorização da ética comportamental por parte dos diferentes actores, estabelecer uma matriz doutrinária pedagogicamente disseminada de qualificação dos princípios do rigor, respeito pela inclusão em sociedade mas aceitação dos resultados do jogo da competitividade. Não se trata de impor "social rules" pré-formatadas a um país com padrões comportamentais historicamente consolidados, mas de fazer do desafio da qualificação do capital social global um exercício exigente de responsabilidade colectiva de mudança da capacidade de ir a jogo.

Tudo tem que começar por aqui. Trata-se claramente do vértice mais decisivo do "capital estratégico" que importa construir neste novo tempo. O exercício de maior selectividade dos potenciais promotores de projectos e de maior atenção operativa a uma monitorização dos resultados conseguidos terá que ser acompanhado desta acção global de qualificação sustentada da rede de actores que compõem o quadro de animação social e económica do território. Não se realizando por decreto, não restam dúvidas que esta acção de "competence building" de entidades da administração pública central e local, centros de ensino e saber, empresas, associações e demais protagonistas da sociedade só tem sentido de eficácia se resultar dum exercício de "cumplicidade estratégica" entre os diferentes protagonistas.

Cabe às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção duma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com universidades, centros I&D e outros actores relevantes. São por isso as empresas essenciais na tarefa de "endogeneização" de activos de conhecimento com efeito social estruturante e a "leitura" da sua prática operativa deverá constituir um exercício de profunda exigência em termos de análise. Tendo sido as empresas um dos actores fortemente envolvidos nas dinâmicas de financiamento comunitário ao longo destes últimos vinte anos ressaltam indícios de défice de "capital empresarial" em muitos dos protagonistas envolvidos. Torna-se por isso imperativo apostar numa agenda de consolidação duma verdadeira sustentabilidade endógena do tecido empresarial português que o habilite a um exercício de excelência neste novo ciclo.

O conhecimento só tem sentido enquanto factor de qualificação social se assente numa plataforma activa de relação entre actores e dinamização de redes em permanente interacção. A lógica de aposta no novo ciclo de projectos passa pela preferência dada à escala permitida pelas "redes colaborativas" e capacidade de articulação entre actores de diferentes competências num quadro de participação com dimensão internacional de crescente carácter global. Daí a necessidade da aposta no "capital relacional", na promoção duma cultura de articulação proactiva entre actores tendo vista a capacidade de poder estar na escala da dimensão global. Apesar da histórica capacidade do País de protagonizar grandes exercícios de presença internacional o certo é que é mínima à escala global a prática efectiva de inserção em redes colaborativas por parte dos nossos actores. Por isso, a oportunidade de aproveitar a experiência de mais estes eventos em Lisboa.
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