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02 de Janeiro de 2007 às 13:59

Desafios para 2007 (I)

O ano que agora inicia apresenta-se repleto de desafios, quer no plano nacional quer no plano internacional. Uns previsíveis; outros, naturalmente, imprevisíveis.

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Deixando os desafios que se suscitam no plano nacional para uma próxima oportunidade, abordarei nesta crónica os desafios previsíveis no plano internacional.

Muito graças aos crescimentos dos países asiáticos – em particular da China e da Índia – a economia mundial seguirá, pelo quinto ano consecutivo, uma forte tendência de crescimento, na ordem dos 5%. E – não obstante algumas nuvens negras que pairam sobre a principal economia mundial (a norte-americana) e um eventual "esvaziamento" da actual bolha especulativa imobiliária, com inevitáveis efeitos noutros sectores da economia americana e, por arrastamento, em toda a economia mundial – existe um amplo consenso sobre o aumento do PIB mundial em 2007.

Ao nível das trocas comerciais o ambiente é de grande optimismo, pois estas prosseguem a bom ritmo sob o impulso dos mercados emergentes e do princípio da liberalização do comércio mundial. No seu relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais, a OCDE estima a consolidação de um "reequilíbrio de crescimento em diferentes zonas geográficas", garantido por um robusto ciclo de expansão na economia mundial. Para esse think tank internacional os principais beneficiários deste ciclo serão as regiões mais dinâmicas e detentoras de uma moeda "mais competitiva".

Contudo, este "reequilíbrio" não impede que o mundo prossegue polarizado. E se, por um lado, a Ásia – sobretudo através dos países emergentes – permanece a região mais dinâmica do mundo (incluindo aqui também o Japão, por enquanto a segunda maior economia mundial, que termina 2006 com um crescimento muito moderado), o continente africano continua – não obstante, em muitos casos, a paradoxal imensa riqueza natural – a registar as piores performances económicas.

No âmbito da União Europeia (UE), são vários os "desafios" que se perfilam para 2007, nomeadamente o alargamento da União e a comemoração dos 50 anos do Tratado de Roma, o texto fundador da Comunidade Europeia.

No que se refere à adesão da Roménia e da Bulgária, importa referir que esta se processa ainda no período de "digestão" dos efeitos do alargamento de há dois anos. A verdade é que a UE parece confrontar-se – e cada vez mais - com dificuldades na integração no plano político, financeiro e institucional, dos novos Estados. E se – embora prevista para 2006 - tarda a reforma institucional europeia, a União vai perdendo a capacidade para tomar decisões e para responder, com eficácia e atempadamente, aos "seus" problemas mais prementes. Ora, para muitos, a entrada destes dois novos membros pode ser a oportunidade para se desencadear a tão desejada "reforma institucional da União".

Por seu turno, a comemoração dos 50 anos do Tratado de Roma será pretexto para a Alemanha – que assume a presidência rotativa da UE neste primeiro semestre – concretizar a "missão" de procurar uma solução que permita, com sucesso, sair do impasse nascido das rejeições francesa e holandesa ao projecto de Constituição Europeia. A organização de uma série de encontros bilaterais a fim de recensear as prioridades e as linhas de acção cada país membro, e a adopção de uma Declaração solene – a proferir pelos chefes de Estado e de governo em Março próximo – sobre "o Futuro e os Valores da Europa", procurarão reanimar a unidade europeia. Mas tal como sublinhou Angela Merkel num discurso proferido no Bundestag, em 14 de Dezembro último, "a Europa só se pode afirmar se estiver unida". E, naturalmente, essa "união" implica a rejeição de políticas e/ou visões associadas a interesses estritamente nacionais.

A nível económico – e no que se refere à zona euro –, importa ainda dizer que subsistem os desafios inerentes à adopção da moeda única e à condução de uma política monetária comum. Diversas instituições internacionais prognosticam a continuação da "retoma na zona euro". Por exemplo, para 2007, o FMI prevê um crescimento económico "moderado mas duradouro" na zona euro assente, sobretudo, no consumo e no investimento, uma vez que prevê que as exportações possam sofrer um ligeiro abrandamento. Também nesta linha a OCDE e a Comissão Europeia prevêem – apesar de um abrandamento vivido no terceiro trimestre de 2006 – um crescimento "equilibrado e duradouro" na zona euro.

Não obstante, e curiosamente, as previsões do Banco Mundial – divulgadas em Dezembro último – parecem menos animadoras para as economias da zona euro. Segundo esta entidade a zona euro será – comparativamente com o crescimento dos EUA, na ordem dos 2,1% em 2007 e dos 3% em 2008 e mesmo com crescimento do Japão, à volta de 2,4% no próximo ano e de 2,5% em 2008 – a região que menos crescerá até 2008, com um crescimento de apenas 1,9% em 2007 e em 2008.

E, pese embora a previsão desta organização para "uma retoma na zona euro", a verdade é que, como se calcula, esta dependerá em muito da política monetária a seguir nos próximos tempos, da evolução comparativa do euro face o dólar e ao iene, e do impacto da valorização do euro nas exportações.

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