Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
13 de Agosto de 2007 às 13:33

Cultura e Turismo (2)

Como já salientei em crónica aqui publicada na semana passada, a ideia de aliar lazer e cultura à promoção turística parece ser cada vez mais importante para o desenvolvimento dos países.

  • ...

Como já salientei em crónica aqui publicada na semana passada, a ideia de aliar lazer e cultura à promoção turística parece ser cada vez mais importante para o desenvolvimento dos países.

É sabido como, um pouco por todo o mundo, a existência de museus ou de espectáculos culturais - sobretudo de teatro e música - é um grande atractivo para muitos turistas.

Cientes da crescente importância do factor cultural para o turismo, os dirigentes políticos de diversos países - desde os "mais desenvolvidos" aos "emergentes" - preocupam-se agora em oferecer uma oferta cultural que também estimule a oferta turística.

Ora em Portugal, país tradicionalmente pouco voltado para o valor da cultura, também esta tendência parece começar a afirmar-

-se, como se constata, este Verão, pelo aumento da oferta museológica.

Em Lisboa, desde que abriu a 25 de Junho último, o Museu Colecção Berardo já contabilizou mais de 500 mil visitas aos sete núcleos que compõem a exposição permanente, que ocupa o antigo centro de exposições do Centro Cultural de Belém.

Riquíssima, a exposição permanente do museu - organizada pelo director artístico Jean-François Chougnet - é composta por sete núcleos e inclui, entre outros, obras de Picasso, Marcel Duchamp, René Magritte, Joan Miró, Francis Bacon, Andy Warhol, Paula Rego, Vieira da Silva, Jorge Molder, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes e Helena Almeida.

Com entrada gratuita até final do ano, a exposição permanente deste Museu vai estar ainda acompanhada - a partir de Novembro próximo e até Fevereiro de 2008 - de uma exposição temporária (de entrada paga) intitulada "Teatro sem Teatro". Trata-se de uma co-produção com o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona que propõe um diálogo entre a arte contemporânea e as práticas teatrais.

Fora de Lisboa, concretamente em Elvas, a abertura em Julho último do Museu de Arte Contemporânea de Elvas constitui um outro novo actrativo no panorama cultural. Reunindo a colecção de António Cachola, trata-se de um "museu de fronteira" que pretende constituir-se como pólo cultural capaz de dinamizar a cidade e a região.

Para algumas cidades portuguesas como Elvas - com pouco mais de 10 mil habitantes -, iniciativas deste tipo podem representar um importante factor de dinamização da economia local.

O interior de Portugal, desertificado e envelhecido, e que "sente na pele" os efeitos de uma nefasta periferia carece - a bem de um desenvolvimento equilibrado - de iniciativas que, a diversos níveis, o polarizem e tornem competitivo.

Convidando não só os turistas nacionais a visitar a cidade como também tornando mais interessantes as visitas de espanhóis a Elvas, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas - para além de conter em si uma vertente de ineditismo na medida em que reúne uma colecção de arte com cerca de 350 obras exclusivamente de arte contemporânea portuguesa - representa não só uma louvável iniciativa de descentralização, como também - porque muito próximo de Badajoz, cidade com mais de 300 mil habitantes - um importante pólo fronteiriço de afirmação cultural.

Termino sem deixar de realçar que o propósito de relançar a oferta museológica do país exige naturalmente - além de racionalidade e critério - a flexibilidade necessária a um adequado funcionamento destas instituições.

E, facultando a actual lei laboral formas flexíveis que permitem contratar sazonalmente e/ou organizar horários de trabalho em função de diversos períodos de funcionamento, em particular dos de abertura ao público, não se compreende a (ainda) actual rigidez dos horários da generalidade dos museus portugueses.

A definição dos horários dos museus deve ser compatível com a sua oferta de actividades e de serviços. Sobretudo na época estival, o encerramento de um dia (ou mais) durante a semana, ou o encerramento à hora do almoço e no final do dia às 18 ou às 19 horas pode, consoante os casos, reduzir consideravelmente a possibilidade de satisfazer a procura do público.

Daí que - e procurando precisamente acautelar esta situação -, por exemplo, os responsáveis do Museu Thyssen-Bornemisza, em Espanha, tenham decidido este ano ampliar o seu horário de Verão, abrindo as portas ao público de 1 Julho a 1 de Setembro até às onze horas da noite (o que significa um alargamento do horário habitual em 4 horas), assim como - e também só durante esta época do ano - abrir uma esplanada e um restaurante a funcionar no edifício durante o mesmo período. Sem dúvida, mais um exemplo a ter em conta?

Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio