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15 de Julho de 2008 às 12:21

Coopetir uma necessidade incontornável e uma arma contra a crise

A forma tradicional de ver os negócios tem intrínseca a ideia de concorrência entre competidores que se assumiam como rivais. Ora, a verdade é que, um novo paradigma concorrencial tem, cada vez mais, vindo a impor-se nos mercados trata-se do conceito de Coopetição (ou Coopetition, para quem está mais familiarizado com o termo anglo-saxónico), i.e., a cooperação entre competidores.

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Pela importância que – quer queiramos ou não – o conceito vem adquirindo no panorama empresarial português, a Coopetição é, aliás, uma das 60 tendências de Marketing que estão, actualmente, a ser analisadas pelo Marketing FutureCast Lab, um Laboratório sobre Tendências de Marketing recentemente criado pelo GIEM/ISCTE, em conjunto com um consórcio de 18 grandes empresas.

Tradicionalmente, as empresas estão habituadas a desenvolver algumas acções de colaboração, agrupando-se em associações, sobretudo para representação institucional do sector junto de entidades legislativas nacionais e europeias, por forma a influenciar o poder político, para além de outras formas de cooperação informal.

Mas o tempo de crise torna urgente desenvolver formas mais avançadas de colaboração empresarial entre empresas, à partida concorrentes, no domínio da cadeia de valor do negócio, o que exige, naturalmente, uma abertura de postura.

Aliás, o próprio modelo de construção do Laboratório acaba por ser um exemplo de "coopetition", já que dentro das empresas do consórcio podemos encontrar, por exemplo, vários grandes bancos e multinacionais de grande consumo, que desenvolvem parte dos negócios nos mesmos mercados.

As novas formas de "coopetition" surgem habitualmente como resultado da necessidade de juntar esforços para obter vantagens competitivas nas políticas de desenvolvimento de novos produtos, na supply chain ou na demand chain.

Nas políticas de inovação e desenvolvimento é comum, por exemplo, na indústria farmacêutica, a realização de alianças para o desenvolvimento de novos produtos, que reduzem o risco inerente aos elevados custos de desenvolvimento de um novo fármaco. Nos serviços, também encontramos alguns bons exemplos, como é o caso do sistema do Multibanco, que está presente na vida quotidiana de milhões de portugueses e que apenas foi possível pela coopetição entre bancos.

Na supply chain, a procura de redução de custos tem levado as empresas a fazerem associações, nomeadamente centrais de compras nos mais diversos sectores desde produtos industriais aos de consumo ou até de media, conseguindo, com isto, importantes vantagens competitivas.

Na área da demand side os avanços são menos notórios, mas existe um enorme potencial por explorar. Na área dos estudos, haveria muito a ganhar em as empresas conhecerem melhor os seus mercados. Através das suas associações sectoriais, alguns sectores tem dados esses passos – é o caso dos grossistas e importadores de material eléctrico que, através da sua associação – a AGEFE – desenvolveram através do GIEM/ISCTE um estudo sobre a quantificação e tendências do sector, por forma a permitir uma melhor gestão aos associados que colaboraram com a realização do estudo.

Voltando ao exemplo do mercado farmacêutico, é comum a existência de políticas de co-marketing entre laboratórios internacionais e nacionais que permitem uma melhor cobertura do mercado num curto espaço de tempo e assim desenvolvem o demand side, mas também podemos imaginar políticas de "coopetition" para desenvolver o demand side em áreas como a hotelaria, de forma a prestar um melhor serviço ao cliente, ou o futebol de alta competição, de forma a atrair mais espectadores aos estádios (vidé a final da taça Carlsberg, organizada pela Liga de Futebol).

Numa época de maiores dificuldades do mercado internacional é importante que as empresas, nomeadamente aquelas que se encontram em sectores de grande exposição a concorrentes externos e sobretudo aquelas que pretendem desenvolver as suas actividades em mercados externos, desenvolvam políticas de coopetição.

A ‘fórmula’ passa por olhar para a cadeia de valor sem preconceitos e identificar as áreas onde se identificam vantagens em coopetir com concorrentes, para melhorar a competitividade num ambiente de negócios cada vez mais global e com concorrência alargada, com origem muitas vezes em produtos e serviços alternativos e substitutos.

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