Opinião
Carlos Bastardo: «Adivinham-se melhorias para o euro»
As últimas semanas têm sido negativas para os mercados financeiros em virtude da subida das taxas de juro nos Estados Unidos e na Europa. Os meses de Abril e Maio foram negativos na vertente accionista, dado o comportamento do NASDAQ.
Na vertente de dívida, assistiu-se a dois períodos marcadamente diferenciados: um primeiro período em que as «yields» subiram (Bund a 10 anos passou de 5,25% para 5,45%) e um segundo período em que as «yields» desceram ( o Bund voltou para 5,20%).
A evolução positiva da dívida europeia nas últimas semanas de Maio prende-se com vários factores, sendo um dos mais importantes, algumas declarações de responsáveis alemães que começaram a evidenciar preocupações sobre o euro. Um dos aspectos que tem sido referido para a evolução da moeda europeia este ano, além do diferente ciclo económico entre os EUA e a Europa, prende-se com uma certa falta de confiança e de força de direcção dos actuais responsáveis monetários.
A partir do momento em que anteriores responsáveis do Bundesbank iniciem uma cruzada a favor do euro, os mercados europeus poderão começar a ganhar novo alento. A prova está na subida do euro na semana de 22 a 26 de Maio. À medida que os indicadores americanos revelem um afrouxamento na dinâmica económica, os reflexos necessariamente far-se-ão sentir na moeda.
Em síntese, os mercados financeiros europeus podem vir a experimentar um segundo semestre mais positivo, apesar de a volatilidade continuar a ser a característica mais marcante. O euro poderá evoluir positivamente, havendo já previsões para o final do ano que apontam para valores próximos ou acima da paridade.
Caso isto aconteça, poderemos assistir à semelhança de 1999 a um último trimestre interessante e com acréscimo de liquidez nos mercados.
Carlos Bastardo é Director da Gestão de Activos no Barclays Bank