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17 de Maio de 2012 às 10:04

Antes bem acompanhado do que só

Nas empresas, como na vida pessoal, a busca de um bom parceiro pode ser extremamente difícil, mas também pode permitir a uma PME rapidamente multiplicar a sua dimensão.

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Estamos a viver uma crise profunda, não só a nível económico, mas também uma crise de atitude. Se a crise económica não é novidade, a crise de atitude também não. Somos um país que há muito tempo perdeu o comboio da competitividade. Nas últimas décadas fizemos alguns sprints para tentar apanhar o pelotão dos países mais desenvolvidos da europa, mas a realidade é que o nosso crescimento foi sempre impulsionado pelo crescimento das principais economias europeias (via exportações). Quando eles crescem, nós também crescemos, quando eles caem, nós também caímos (e de que maneira). A nossa economia interna é pequena e a nossa competitividade externa, francamente limitada. Diria que somos quase utilizadores passivos da economia europeia e que o nosso crescimento económico pouco depende de nós. Isto é, se apenas atacarmos a crise económica e nada fizermos quanto à crise de atitude.

Sempre me fascinaram os ditados populares pela transparência e verdade com que traduzem a essência de uma sociedade. Basta olharmos para os nossos dizeres mais comuns, para identificarmos alguns dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento. Enquanto sociedade e economia, parece que estamos sempre a jogar à defesa e que vivemos a tentar limitar os danos. Falta-nos atitude de vencedores, de acreditar que conseguimos subir mais alto e, sobretudo, de nos incentivarmos e apoiarmos uns aos outros a atingir objectivos que à partida podem parecer impossíveis.

Conhecendo a realidade de muitas PME, reconheço que há um ditado em particular que traduz uma atitude comum a muitos empresários deste nosso país: "antes só que mal acompanhado". Nós somos, por definição, animais sociais, e para a nossa vida (pessoal e profissional), precisamos de companhia. É na companhia que florescemos, que crescemos e que nos superamos. É com companhia que conseguimos estabelecer objectivos mais ambiciosos que sozinhos não conseguiremos alcançar. Na vida das empresas este é um factor crítico de sucesso. São necessárias excelentes equipas para levar empresas ao sucesso e, muitas vezes, é necessária a união de empresas para conseguir vingar internacionalmente.

Ainda assim, parece que muitos empresários não realizam este facto. Gerem as suas empresas de forma solitária e local até que um dia realizam que realidade puramente doméstica em que acreditavam estar inseridos (empresas portuguesas, a funcionar em Portugal, para o mercado português e a competir com outras empresas portuguesas) não pode estar mais longe da realidade. A maioria das empresas Portuguesas (sejam grande ou pequenas), está a competir com empresas globais que, pela sua maior dimensão e capacidade para gerar economias de escala significativas, conseguem produzir produtos de qualidade comparável, a preços muitíssimo mais competitivos. O "ser português" não basta para combater esta ameaça e as empresas têm de ganhar argumentos fortes para que o consumidor prefira os seus produtos. O crescimento torna-se imperativo para que as empresas possam ganhar escala e competitividade.

No entanto, o crescimento relevante é algo que uma PME de forma solitária dificilmente consegue. É na capacidade de encontrar parceiros adequados, com os quais consiga gerar sinergias, que as empresas devem apostar para crescer. Nas empresas, como na vida pessoal, a busca dum bom parceiro pode ser extremamente difícil, mas também pode permitir a uma PME rapidamente multiplicar a sua dimensão, e ganhar argumentos para competir de forma sustentada no mercado doméstico e no mercado internacional.

É nesta busca incessante, e na criação de capacidade para crescer que deve estar focada a energia do gestor duma PME, mesmo que tal implique ceder uma parte da sua empresa ou perder a exclusividade do poder na gestão. É melhor deter uma parte considerável de uma empresa sustentável e com dimensão do que a totalidade de algo pequeno e débil.


francisco@leap.pt
Managing Director da Leap
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