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28 de Fevereiro de 2000 às 11:29

Álvaro Mendonça: «O preço certo do petróleo»

A 27 de março, os países exportadores de petróleo vão voltar a reunir-se para fixarem as quotas de produção e exportação de cada um deles. Ontem mesmo, o Conselho de Cooperação do Golfo esteve...

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A 27 de março, os países exportadores de petróleo vão voltar a reunir-se para fixarem as quotas de produção e exportação de cada um deles. Ontem mesmo, o Conselho de Cooperação do Golfo esteve reunido, com o petróleo a ocupar a parte de leão na agenda de trabalhos. E a 2 de Março, a Arábia Saudita, a Venezuela e o México, três dos maiores produtores de petróleo do mundo vão articular estratégias de produção, que mantenham as cotações internacionais do crude dentro de limites razoáveis.

Desde a última reunião do cartel da OPEP, a que se juntaram então alguns países produtores não integrados na organização, os preços do crude dispararam dos valores mais baixos desde o primeiro choque petrolífero de 1973, para os valores mais altos desde a Guerra do Golfo. Ou seja, o cartel voltou a funcionar segundo as regras da economia, impondo aos países compradores um preço fixado na produção.

Da próxima reunião da OPEP conhecem-se apenas as intenções. A recusa firme dos EUA de não reduzirem as suas reservas estratégicas de crude. O desejo de países produtores e consumidores normalizarem o mercado, aceitando cotações nem anormalmente baixas, nem perigosamente altas. E a vontade dos maiores produtores mundiais em alargarem as suas quotas diárias de exportação.

Somadas, estas intenções indicam que o petróleo irá descer. A imprensa fala de pressões do EUA que teriam precipitado essa descida. Mas o problema é mais complexo. Ao mesmo tempo que os EUA e o Japão precisam de comprar crude mais barato, para que as suas economias tenham um crescimento sustentado, os países do Golfo também precisam de aligeirar os seus stocks e de usufruir de uma economia global estável e em progresso.

Os efeitos da crise asiática provaram como uma recessão numa parte do globo pode prejudicar os países produtores de petróleo. Bastou a baixa nos abastecimentos ao sudeste asiático em geral, e ao Japão em particular, para que os países da OPEP acusassem uma descida nas taxas de crescimentos dos seus PIB.

É pelas vantagens mútuas de grandes produtores e consumidores, que as cotações do petróleo tenderão a fixar-se em níveis que permitam o crescimento económico da economia global e manter a estabilidade dos preços e dos juros. O único preço a pagar será político e na forma de concessões graduais das monarquias do Golfo aos princípios dos sistemas democráticos.


* Director da Economia Pura
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