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Fernando Braga de Matos 04 de Abril de 2008 às 13:59

All the way USA

Afirmava-me um amigo filósofo, da escola “Politicamente Incorrecta” (não sei se é sorte ou mérito, mas só tenho assim), que “Lá nos américas, é igual ao litro o preto, o velhinho ou a gaja: o que conta é a aliança euroatlântica.”

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O dito amigo sabe o que está a dizer: ou aliança atlântica ou aleatório – Chávez e os outros primos Marx – “islam on the rocks” – Putin e reformados do KGB – mais etc., em que o “cetera” é gente que provoca urticária.

Dizia-me, também, há uns anos, o meu filho mais velho, ainda pré-universitário: “ Lá na escola, há um tipo grande e desajeitado que está sempre do nosso lado. Nem é muito da nossa cor, mas ninguém nos toca.” E acrescentava, com a minha orgulhosa complacência estratégica: “É como os americanos!”

Tantos anos de diferença, tanta água sob os moinhos, tanta sabedoria comum!...

Porém, hoje em dia, o que predomina (não o que vence – espero) é o êxito comercial-propagandístico. E, então, eu sei bem que o antiamericanismo está na moda, como o vodka sueco (!), um lixo que ganhou mérito graças ao panurgismo – toda a gente bebe do mesmo e gosta, porque sim, ou melhor, porque há campanhas publicitárias, destinadas a fazer gostar muito e pensar pouco.

Mas os “amerloques”, como lhes chamava o inesquecível “comissaire” St. Antonio, da comédia negra, são a gente que deixou os franceses a falar francês e não alemão; a URSS para além da planície centro-europeia, com a esquerda a gritar “better red than dead”; os que , mais tarde, fizeram os sovietes largar mão dos estados europeus sufocados; ou os que protegeram a Coreia do Sul , Taiwan e o Japão, na liberdade e prosperidade. Não com palavriado oco, mas com sangue.

A América é grande, aliada e amiga, mesmo para além do próprio Elvis Presley, como se já não fosse MUITO.

Com tudo isto como fundo, é claro que eu sou pelo velhinho, isto é, McCain – ainda mais sucedendo a uma funesta liderança e com a substituição, na margem de cá, dos videirinhos Schroeder e Chirac.

Gente de raça, coragem e coerência, com demasiados problemas estratégicos em aberto, nos quais o Ocidente ou ganha ou perde fortemente, não permite deixar a opinião pública abandonada a momentos eleitorais propícios ou a oratória transcendental um tanto IURD.

O Iraque, boa ou má guerra, é o que é: um sítio onde não se pode deixar os piratas a ganhar, e Petraeus está no bom caminho. Os EU não estiveram 50 anos na Europa e na Coreia, só para dizer “aqui ninguém toca”? Quem pode fazer o mesmo? O Solana e a Comissão Europeia?

No Médio Oriente, não é necessário o Estado palestiniano, apoio sem rédea solta a Israel, a derrota do Hamas e a vitória dos estados moderados? Quem vai conseguir isto? O Zapatero ou a Sarita Montiel?

No Pacífico, quem deixa a China em contenção, mas próspera e cooperante, também para Taiwan, Vietnam ou todo o Sudoeste asiático? Os grandes mestres do Shaolin?

Talvez mais do que tudo: no Afganistão não é imperioso que a civilização ganhe à Idade Média e a ofensiva taliban/Al-Qaeda não entre ainda mais no Paquistão, um estado nuclear (refiro-me também à bomba), maduro para os radicais do obscurantismo?

A propósito, uma estoriazinha para acabar: quem morre em Kandaar são os americanos, ingleses e canadianos (australianos e neozelandeses, não, porque não são NATO). Isto é, os do costume (1). A propósito, dizia, há uns tempos, um rugoso general americano, depois de o saudoso Chirac mandar retirar as tropas gaulesas: “Não tem problema; fazer a guerra com os franceses é como ir caçar rinocerontes com uma harpa.” (2)
Suspiro :(

(1) Por coincidência ou não, são os mesmos que desembarcaram na Normandia.
(2) Já depois de escrita esta crónica, Sarkozy decidiu enviar mais 1.000 soldados para o Afganistão. Não podia haver melhor notícia, na perspectiva do que aqui se defende, a grande aliança atlântica numa missão estratégica.

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