Opinião
A loja de porcelana
Winston Churchill disse, um dia, que o antigo secretário de Estado americano durante a Guerra Fria, John Foster Dulles, era um touro que levava atrás a sua própria loja de porcelana. Manuel Pinho, quanto muito, é uma versão portuguesa do Panda Kung-Fu, que não contente com a sua loja de porcelana faz em cacos as que estão à volta.
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O ministro é conhecido pela sua criatividade verbal, num estilo que lembra muito madame Castafiore, a diva do célebre Tintin que tanto emociona José Sócrates quando fala do Magalhães. Isto mostra como Portugal é um país de desenhos animados. Onde há a mais genuína liberdade democrática para cometer erros sem que existam consequências. É, no entanto, altura de o país político deixar de se comportar como um clone de Peter Pan. É preciso crescer e deixar de viver numa Disneylândia. O que se passou entre Manuel Pinho e Manuel Sebastião é uma questão, desde já, ética, mas que permite todo o tipo de interpretações, até algumas dos maledicentes profissionais. Os dois podem ser amigos, algo que é importante e raro nos dias de hoje. Mas a amizade não pode ser a desculpa fácil para as suas relações empresariais quando têm lugares potencialmente conflituantes. Há acções que, na política, podem e devem ser transparentes e explicadas. Porque chocam com valores que gostaríamos que fossem observados pela classe política. Manuel Sebastião pode ter andado na Universidade onde esteve também Barack Obama. Mas isso, nesta questão de amizade, não é um crédito. É um débito moral.
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